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Emoção (13): Disposições

Para além das categorias emocionais que descrevemos alhures, os estados emocionais denominados pelos estudiosos de disposições, muitas vezes difusos e transitórios, fornecem uma dimensão afetiva a todas as nossas experiências momentâneas. Tratam-se das diferentes tonalida­des, algumas mais saturadas que outras, em que se apresentam nossas experiências, tais como os tons maiores ou menores de uma peça musical. Interessante destacar que, de modo similar às muitas das emoções previamente descritas, a disposição tende a invadir tudo e, muitas vezes, é sentida não como ligada apenas ao eu, mas, também, ao ambiente. Um exemplo? Para uma pessoa melancólica, ou deprimida, o mundo lhe parece taciturno, enquanto que, ao contrário, para uma pessoa feliz, tudo parece estar correto e ambientado no mundo.

Sentimos disposições de me­lancolia, satisfação serena ou de animação sem sermos capazes de identificar precisamente qual a sua origem na situação imediata. Muitas vezes tentamos inferir o que devemos fazer para afastar a má disposição ou prolongar a boa. Inú­meras vezes somos invadidos por disposições difíceis de serem explicadas e muitas delas podem se manter apesar das mudanças que ocorrem con­tínua e rapidamente em nosso ambiente ou situações imediatas. Muitas delas também podem desaparecer tão rapidamente como emergiram. Acerca disso, existem dois fatores principais e cardinais na maioria das disposições. São eles: grau de tensão e grau de prazer ou desprazer. Os tipos de disposições parecem existir em pares contrastantes. Por exemplo, em uma disposição de alegria como contrária à de depressão; uma disposição de felicidade, contrária à de tristeza; uma disposição de calma, contrária à de tensão.

Assim considerando, podemos construir um mapeamento dos estados de disposição considerando duas dimensões da mesma: serem, estas, agradáveis ou desagradáveis, e como se apresenta seu grau de tensão. Assim considerado, teríamos animado versus deprimido; alegre versus sombrio; feliz versus triste; satisfeito versus insatisfeito e calmo versus tenso, entre outros. As primeiras nos diferentes pares seriam disposições agradáveis e as segundas seriam as disposições desagradáveis. Ademais, as disposições agradáveis estão ordenadas numa escala de tensão decres­cente, e seus contrários, as desagradáveis, estão, precisamente, na ordem inversa de tensão crescente.

Importante destacar que há inúmeras nuanças e gradações sutis entre as disposições. Vejamos: uma disposição sombria pode ser azeda, taciturna, deprimida, amarga; uma disposição de tristeza pode ter uma tonalidade nostálgica; uma disposição de tensão pode ter o colorido da angústia; uma disposição de alegria pode ter animação, frivolidade e jovialidade.

Como podemos constatar, a partir das sutilezas e das diferentes matizes e tonalidades e, até mesmo, tensão das disposições, bem como, a fluidez de suas mudanças, elas dependem de, e são determinadas por, variados determinantes situacionais e biológicos, incluindo, talvez, os fatores genéticos. Cada contexto e suas interações podem, repentinamen­te, produzir uma organização diferente, bem como, uma pequena mudança, em algum aspecto da situação imediata do indivíduo, algum evento de vida mais ou menos estressante, mais ou menos complexo, mais ou menos duradouro, podendo provocar uma brusca e, para a pessoa, inexplicável mudança na disposição. As disposições, para mim, às vezes parecem como as nuvens, cada vez que olhamos para elas, as mesmas estão num diferente formato.

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