O Campeonato Paulista parou. Mas vai voltar. Na última quinta-feira (16) os clubes completaram um mês desde que o Estadual foi paralisado pela pandemia do novo coronavírus, porém agora têm a certeza de que a competição será retomada futuramente. Nesse período de inatividade, os 16 participantes lidaram com negociações salariais, férias coletivas, recursos extras e até desmanches dos elencos.
A informação de que o campeonato será decidido no campo foi divulgada na quarta, após reunião entre os representantes dos clubes e a federação. Através de nota oficial, a FPF afirmou que a retomada dos jogos será em respeito ao torcedor e os patrocinadores.
“Em respeito aos milhões de torcedores, parceiros comerciais e Grupo Globo, detentor dos direitos de transmissão, o Campeonato Paulista será concluído em campo, conforme estabelece o regulamento da competição”, afirmou.
Apesar de cravar o retorno, ainda não há data e nem previsão para quando a bola volta a rolar. O comunicado também reitera que a federação está preocupada com as questões se saúde e que tomará todas as precauções dentro das partidas.
“A ordem de retorno do futebol priorizará a preservação da saúde de todos os envolvidos e, portanto, o bom senso indica que as competições com menor deslocamento de todos os envolvidos (estaduais) aconteçam primeiro, avançando em seguida para aquelas que exigem viagens mais longas (nacionais e continentais). Os jogos poderão ser realizados inicialmente com portões fechados, evitando qualquer risco de aglomerações”, disse.
Decisão polêmica
Mesmo ressaltando que a volta das atividades será feita a partir de todas as regulamentações do Ministério da Saúde e que a Comissão Médica da federação fará uma cartilha de medidas a ser seguida pelos clubes, a decisão causou polêmica.
Nas redes sociais as opiniões divergiram e alguns chegaram a criticar o posicionamento da FPF. Mas, dentro dos clubes, o pensamento é de que a necessidade de retorno é imediata.
Na reunião, os clubes, inclusive, decidiram que o retorno aos treinamentos será feito de forma conjunta, ou seja, todos voltarão na mesma data. Os médicos dos 16 clubes integrantes da primeira divisão também vão se reunir com a FPF para definirem a cartilha.
Outro problema grave é a questão contratual dos jogadores. Água Santa, Inter de Limeira e Santo André, líder da competição antes da pausa, vão perder praticamente todo o seu plantel durante o mês de maio.
Mesmo com uma provável possibilidade de extensão contratual, estes times ainda não sabem qual decisão tomar para a sequência da temporada. Sem renda, segundo alguns dirigentes, fica inviável manter o elenco.
Medida necessária
A decisão da FPF, mais do que respeitar os direitos do torcedor, foi tomada pensando no respaldo financeiro. Mesmo sem a possibilidade de contar com a presença do torcedor, com o retorno dos jogos, as cotas de televisão voltarão a ser pagas. A medida visa auxiliar os clubes na retomada financeira.
Como retomar as atividades com 30 mil pessoas presentes no estádio é algo inimaginável num curto espaço de tempo, as partidas com portões fechados se tornam algo inevitável.
A medida é paliativa, mas pode ajudar. Com a paralisação total do futebol, os clubes deixaram de receber praticamente todas as fontes de receita. A Adidas, por exemplo, suspendeu os repasses das cotas de patrocínio ao Flamengo. Outros grandes clubes do Brasil também estão sofrendo com a mesma situação.
A decisão, ao que tudo indica, parece ser a ‘solução’ mais prática no momento. Com a volta dos jogos, mesmo que sem torcida e sem as rendas de bilheteria, as cotas de transmissão retornam e os patrocinadores também, já que sua marca voltará a ser exposta. A definição sobre a data de retorno deve ser divulgada nas próximas semanas.