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Em 72 anos Ribeirão só elegeu oito vereadoras

ALFREDO RISK

Elas são maioria, cerca de 54% do eleitorado em Ribeirão Preto, segundo dados do Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, esta supremacia numérica não se traduziu nos últimos seten­ta e dois anos em representa­tividade no Poder Legislativo da cidade. Uma pesquisa feita pelo Tribuna junto ao Portal da Câmara de Vereadores e nas dezessete legislaturas que a Casa de Leis já teve, mostra que apenas oito mulheres con­seguiram se eleger desde 1948 até a mais recente eleição reali­zada em 2016.

O levantamento revela ain­da, que considerando as vezes que algumas se reelegeram, as mulheres ocuparam dezoito vezes uma cadeira no Legis­lativo entre 1948 e 2020. Já os vereadores homens ficaram muito a frente ocupando um total 342 cadeiras. Vale lem­brar que tanto no caso dos ho­mens como das mulheres, vá­rios foram eleitos mais de uma vez.

Três mandatos: período que a professora
Joana Leal Garcia foi vereadora - Foto: CâmaraDelvita Pereira Alves, foi vereadora em uma Legislatura
e depois foi eleita vice-prefeita de Ribeirão - Foto: NEWTON BARBOSApetista Fátima Rosa: um mandato
na Câmara - Foto: CâmaraDárcy Vera assumiu como suplente após cassação de Fernando
Chiarelli, posteriormente foi eleita mais três vezes - Foto: CâmaraSilvana Resende, do PSDB, foi eleita
vereadora em quatro pleitos - Foto: Alfredo RiskViviane Alexandre ocupou o cargo no Legislativo por um mandato - Foto: Alfredo RiskEvangelina de Carvalho Passig do então PartidoTrabalhista Nacional (PTN), eleita em 1952

Só para se ter uma ideia desta disparidade eleitoral, na eleição para vereador de 2016, duzentos e trinta e sete mil eleitores da cidade votaram em candidatos a vereador. Deste total, as 175 candidatas mulhe­res somaram apenas 34,5 mil votos, ou seja, 15% da votação. Já os homens, que tiveram 376 candidaturas, consegui­ram 202,9 mil votos, um per­centual de 85%.

Outro dado que ajuda a comprovar esta pequena re­presentatividade é o longo pe­ríodo em que a Câmara não teve nenhuma representante mulher. A primeira vereado­ra da cidade foi Evangelina de Carvalho Passig do então Partido Trabalhista Nacional (PTN), eleita em 1952 para o mandato entre os anos de 1953 e 1955. Em 2015 com a inaugu­ração do Terminal Urbano do Transporte Coletivo ao lado da Estação Rodoviária, no centro de Ribeirão Preto, Evangelina foi homenageada por seu fei­to e passou a dar nome aquele equipamento de transporte.

No final de 1955, com o fim do seu mandato, a cidade ficaria trinta e três anos sem uma representante mulher no Legislativo. Algo que só volta­ria a acontecer em 1992 com a eleição de Delvita Pereira Al­ves (PSDB), Joana Leal Garcia (PT) e Dárcy Vera (na época no PDS). Na ocasião, Dárcy era suplente e assumiu o man­dato no lugar de Fernando Chiarelli, (também no PDS) cassado pela Câmara.

Mais candidatas
De olhos no potencial de votos das mulheres e também para cumprir a legislação eleitoral que determina que 30% das candidaturas sejam destinadas para elas, os par­tidos em Ribeirão Preto têm investido neste público nas eleições previstas para 4 de ou­tubro. Dos 33 candidatos que cada agremiação poderá lan­çar para vereadores, dez tem que – por força de lei – ser ocupados por mulheres.

O Democratas (DEM), o Movimento Democrático Bra­sileiro (MDB), o Partido Libe­ral (PL) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por exemplo, garantem que es­tão com mais pré-candidatas filiadas do que o exigido por lei e que deverão lançar entre 12 e 13 candidatas, cada um. As legendas afirmam ainda que terão as melhores chapas de mulheres da próxima eleição.

Gláucia Berenice, única representante feminina na atual legislatura – Foto: Alfredo Risk

Existem pautas que precisam do olhar feminino
Única vereadora na atual legislatura, Gláucia Berenice afirma que existem pautas específicas de interesses das mulheres que precisam do olhar feminino. Entre elas, o combate à violência doméstica, maior inserção no mercado de traba­lho e criação de políticas de saúde específicas para este público.

“São questões que dependem de força políti­ca. Lutei durante dois anos, em colaboração com outras entidades, para trazer o Anexo de Violência Doméstica para Ribeirão Preto e que funciona até hoje no Fórum. Fiz várias inserções para agilizar o atendimento da mulher na área da Saúde e Segurança Pública. Então, há várias frentes de trabalho que precisam de mulheres na política”, garante a vereadora.

Segundo a parlamentar, com tantos problemas a serem enfrentados, é preciso que as mulheres engajem na política para ocupar mais espaços. “Infelizmente, numericamente hoje somos pou­co representadas”, conclui.

As mulheres na Câmara de Ribeirão
1953 a 1955
Evangelina de Carvalho Passig – PTN
1993 a 1996
Delvita Pereira Alves – PSDB Joana Leal Garcia – PT Dárcy Vera- PDS – assumiu no lugar de Fernando Chiarelli – cassado
1997 a 2000
Dárcy Vera – PFL Joana Leal Garcia – PT Silvana Resende – PSDB
2001 a 2004
Dárcy Vera- PFL Joana Leal Garcia – PT Silvana Resende – PSDB
2005 a 2008
Dárcy Vera- PFL Fátima Rosa – PT Silvana Resende – PSDB
2009 a 2012
Gláucia Berenice – PSDB Silvana Resende – PSDB
2013 a 2016
Gláucia Berenice – PSDB Viviane Alexandre – PPS
Mandato de 2017 a 2020
Gláucia Berenice, única representante feminina na atual legislatura
Gláucia Berenice – PSDB

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