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Em 2017 Brasil bate recorde de mortes violentas

ROVENA ROSA/AG.BR.

O Brasil bateu recorde de mortes violentas em 2017, com 63.880 casos. No mesmo ano, as mortes cometidas por policiais em serviço e de folga cresceram 20% na comparação com 2016. A compilação destes dados faz parte da 29ª edição do Relatório Mundial de Direitos Humanos, divulgado nesta quinta-feira (17) por José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Améri­cas do Human Rights Watch (HRW), e Maria Laura Canineu, diretora da organização não go­vernamental, que analisa a situa­ção de mais de 90 países.

No capítulo sobre o Brasil, o relatório chama atenção para o aumento da letalidade policial após a intervenção federal no Rio de Janeiro, entre fevereiro e dezembro de 2018. Segundo a entidade, de março a outubro de 2018, conforme dados do Ins­tituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, a letalidade vio­lenta aumentou 2% no estado, enquanto as mortes cometidas pela polícia cresceram 44%.

Entre essas mortes está a da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorrida em 14 de março. O caso ainda não foi esclarecido pelos órgãos de investigação. Para a HRW, a demora em solu­cionar os casos de assassinatos contribuem para o ciclo de vio­lência. “Um amplo estudo con­duzido por criminologistas e jornalistas estima que o Minis­tério Público tenha apresentado denúncia em apenas dois em cada dez casos de homicídio no Brasil”, aponta o relatório.

A ONG internacional criti­ca a lei aprovada em 2017 pelo Congresso Nacional que per­mite que militares das Forças Armadas, acusados de come­terem execuções extrajudiciais contra civis, sejam julgados pela Justiça Militar. De acor­do com a entidade, a mesma lei transferiu o julgamento de policiais militares acusados de tortura e outros crimes para o âmbito da Justiça Militar.

“Menos de um mês após a promulgação da lei, oito pessoas foram mortas durante uma ope­ração conjunta da Polícia Civil e do Exército na área metropo­litana do Rio de Janeiro. Até o momento de elaboração deste relatório, nem os investigadores da Forças Armadas nem os pro­curadores da Justiça Militar ha­viam entrevistado testemunhas civis”, diz a entidade.

Condições carcerárias
A partir de dados do Mi­nistério da Justiça de junho de 2016, a entidade informa que mais de 726 mil adultos estavam em estabelecimentos prisionais com capacidade máxima para metade deste total. No final de 2018, a estimativa do governo federal era que o Brasil tinha 842 mil presos. “A superlotação e a falta de pessoal tornam im­possível que as autoridades pri­sionais mantenham o controle de muitas prisões, deixando os presos vulneráveis à violência e ao recrutamento por facções”, analisa o documento.

Crianças e adolescentes
Nos centros socioeducativos, onde 24.345 crianças e adoles­centes cumpriam medida de pri­vação de liberdade em janeiro de 2018, foram relatados casos de tortura e morte de crianças sob custódia do Estado. O Relatório Mundial de Direitos Humanos aborda também os mais de 1,2 milhão de casos de violência do­méstica pendentes nos tribunais.

Alerta ainda para a possibili­dade de retorno das terapias de conversão para mudar a orien­tação sexual ou a identidade de gênero de um indivíduo; os mais de 1.246 casos de trabalho aná­logo à escravidão registrados en­tre janeiro e outubro de 2018; o aumento do uso de agrotóxicos no campo; e o enfrentamento dos abusos cometidos durante a ditadura militar no Brasil.

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