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Em 1980 era 15 vezes maior…

Se a pandemia acentuou o sentimento da solidariedade, que se aproveite esse patamar de inflexão humanitária, para encon­trar-se com a realidade nua e crua de nossa desigualdade social.
Muitos como verdadeiros palermas se perguntam por que o Brasil muda para ficar igual?

Talvez uma pista pode ser encontrada até em jornais, para quem tem o habito dessa leitura diária.
É o caso da entrevista do economista da Fundação Getulio Vargas, Nelson Marconi, organizador do programa de Ciro Go­mes, em 2018, e que reafirma o pensamento dele, em entrevista que a Folha de São Paulo veicula no dia de hoje, 3 de janeiro de 2022, sob o titulo “É preciso coragem para mudar o modelo econômico fracassado do Brasil”.

Sua primeira frase faz a vergonha de civis e militares, e de toda a nossa chamada elite, que se revela submissa aos chavões ideológicos, que justificam privilégios ou submissão vergonhosa a interesses estratégicos estrangeiros.

Essa frase, que não é de registro recente, repete nesse início de Ano Novo, como se propusesse uma âncora luminosa de redenção, que:

“A economia brasileira está comendo poeira há muito tempo. Em 1980, nosso PIB per capita era 15 vezes maior que o do chinês e 1,5 vez superior ao sul coreano; em 2020 equivalia, respectivamente, a apenas 79% e 26% do observado nesses países”.

Enquanto o parque industrial brasileiro começava seu ema­grecimento, graças à dívida publica, cujo percentual de juros era fixada pela exclusiva competência do credor, passando de 5% para 15% e depois 20%, os chineses e os sul-coreanos viram claramente que a saída seria a industrialização, ampliando sua participação no mercado internacional, diz ele.

A ênfase da necessidade de reorganizar-se o modelo econô­mico, não significa em nenhum momento desprezo ao excepcio­nal avanço do Agronegócio brasileiro, mas não podemos repetir, de modo atualizado, o mentiroso slogan da velha república – “O Brasil é um pais eminentemente agrícola”. É certo que nenhuma publicidade, e seria pedagógica à cidadania o reconhecimento da ciência e da pesquisa brasileira, que se ventilasse o mérito da EMBRAPA nesse desenvolvimento.

Assim, no plano objetivo a reflexão para mudança pode ser iniciada através dessa vergonhosa redução industrial. Mas para um plano de mudança pressupõe-se a simultaneidade das dimensões do trabalho, da educação, da cultura, da saúde pública, da moradia, da aposentadoria digna, da segurança pú­blica. E desse leque de projeções destaca-se a cultura para clarear mais uma vez a herança maldita da escravidão. Só ela é o eixo determinante da mentalidade vigorante e prevalecente no país, que atua nesse ir e voltar na estrada do fica-presente.

É verdade, a cultura que se liga nas contradições do poder real, que é econômico e político, curva-se, desde que não haja risco e perigo, à contribuição gigantesca de africanos e descen­dentes, à culinária, à musica, às artes, ao esporte, à literatura, à vida nacional. E nem se curva à realidade da maioria da popula­ção brasileira, negra e parda, desenvolvendo a “cultura” do apri­sionamento, quando não da morte matada em nome do Estado.

Essa reflexão que lembra a população carcerária, como con­sequência da discriminação violenta, na oportunidade de empre­go, diferenças salariais, mobilidade social, serve para buscar um pensamento, um dever de mudança social, em nome da justiça.

Em 1980 nosso PIB per capta era 15 vezes maior do que o chinês.

Tenhamos vergonha, pra começar!!!

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