Sabemos que a educação é uma via de mão dupla – é uma troca. A educação de nossas crianças se dá mais pela observação do que pela orientação. A maioria não percebe, mas eles estão o tempo todo observando e ouvindo os mesmos velhos ensinamentos que não produziram seus efeitos no tempo em que foram criados, mas como tradições são repetidas.
Ouvindo as crianças e os jovens que estão no ensino fundamental anos finais, principalmente no oitavo e nono ano, e no ensino médio vemos que a desilusão com a escola atinge a maioria. Mas eles não são ouvidos, pois seus pensamentos e opiniões não fazem parte dos debates que falam da qualidade da educação, e também não compõem o conjunto de regras que entram na nota do ideb: são invisíveis.
Mesmo o Brasil tendo revelado para o mundo os maiores teóricos da educação básica, não conseguimos sair do ostracismo que nos prende ao século 19. As teorias dos nossos educadores são reconhecidas e aplicadas nos países que se orgulham da sua educação básica, mas isso não interessa para as nossas autoridades. Mesmo assim temos alguns projetos que são premiados no exterior, mas que não conseguem proliferar dentro das nossas fronteiras.
Exemplo disso é o Projeto Ancora localizado na cidade de Cotia, na grande São Paulo, que foi escolhido como um dos melhores projetos educacionais do mundo em 2016, mas por ser um projeto que prima pela autonomia do aluno e a sua formação cidadã, não cabe na pedagogia de um País formado por uma elite entreguista.
As condições sociais aviltantes que vivem uma parcela significativa de brasileiros são responsáveis pelo ambiente inóspito que acontece na maioria das escolas públicas das periferias pobres, diferentemente das escolas públicas frequentada pela classe média que criam uma estrutura privada para dar melhores condições aos seus filhos. Acontece que uma educação básica de qualidade e pública para todos seria o primeiro passo para termos um País mais igualitário e evoluído, mas preferem afrontar a Constituição, e todas as legislações que falam que todos têm o direito a uma educação pública de qualidade.
Como as crianças e os jovens aprendem por observação, e prestam atenção nos acontecimentos dos seus cotidianos perderam o interesse na escola. Veem todos os dias seus pais lutarem com dificuldade para sobreviver – morando em lugares esquecidos pelas administrações, autoridades, que só aparecem de quatro em quatro anos para pedir um voto de confiança, que fica por conta de fiador, que some junto com o candidato, e quando é cobrado após as eleições diz: “se eu prometi foi no calor da campanha” fica igual o jargão popular: “põe na conta do Abreu, se ele não pagar – nem eu”. E é neste ambiente produzido pela politicanalha é que vão sendo formado o caráter de nossos jovens.
A maioria dos jovens que vive nas periferias pobres já desistiu da escola como uma tábua de salvação – dizem que aprendem mais nas ruas do que na escola. Observando na ótica dos jovens vemos que há certa verdade no que eles dizem. As escolas públicas, principalmente nas regiões onde eles vivem ficou parada no tempo, não há nenhum estimulo para que o jovem possa desabrochar os seus talentos, com materias que preparem para a vida, e coloque de volta a esperança na vida destes jovens. Enquanto isso não acontece a vida no mundo do crime fica mais interessante – exemplos nos autos escalões políticos não faltam.
É preciso mudar a rota do País. Eles estão observando tudo!