A crise no Santos entre elenco e diretoria, provocada pela decisão do comando do clube de só pagar 30% do salário, na última terça, ganhou novos contornos nesta quinta-feira, quando alguns jogadores expuseram publicamente a insatisfação com a medida para contenção de despesas em função da crise do coronavírus.
O Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Município de São Paulo (SIAFMSP) divulgou um comunicado em que se solidarizou com os jogadores do Santos e criticou a gestão do clube. O texto foi compartilhado nas redes sociais por vários representantes do elenco, como Carlos Sánchez, Everson, Luís Felipe, Felipe Jonatan e Eduardo Sasha.
“A categoria não aceitará que péssimas gestões utilizem a covid-19 para justificar falhas de planejamento anteriores à pandemia”, afirma trecho do comunicado divulgado pelo sindicato e redistribuído por alguns atletas.
De acordo com o texto, o Santos teria ignorado as conversas com os atletas, que estariam dispostos a reduzir em 30% os vencimentos. “Embora tenham negociado um valor de desconto com a direção (de 30% de seus salários), justamente por compreender a triste e atípica situação que todos vivemos em função da pandemia, a diretoria, na figura de seu presidente, não apenas não honrou com o combinado, descontando absurdos 70% dos vencimentos, como apresenta argumentos inverídicos para a imprensa em relação à conversa com os atletas do clube”, diz.
Os atletas do Santos receberam o salário integral em abril, mas ainda não houve um acordo com a diretoria para uma redução dos valores durante o período de paralisação das competições. Ainda assim, o clube optou por realizar o corte envolvendo todos os funcionários que ganham mais de R$ 6 mil.
Em nota oficial, a diretoria do Santos se posicionou sobre a redução salarial e as negociações. “O Santos Futebol Clube vem a público esclarecer que ainda não houve desfecho nas negociações de redução salarial com os atletas, e que, independentemente deste fato, optou por tomar a decisão de efetuar o pagamento parcial de seus respectivos salários referentes ao mês de abril, sob a mesma política adotada para todos os demais funcionários do Clube. As negociações com os atletas seguirão em andamento, com o intuito de encontrar um denominador comum entre as partes”, afirma.
O clube também destaca que sofreu redução brutal nas suas receitas, mas manteve inalterados os salários da maior parte do seu quadro de funcionários. “Diante desta pandemia do novo coronavírus e todas as complicações por ela geradas, o Santos FC tem feito o possível para atender todo o quadro de funcionários, terceiros e fornecedores. Mesmo em estado de calamidade pública e com importantes receitas suspensas, aproximadamente 60% dos funcionários receberam seus salários integralmente”, disse.