Com índice de abstenção beirando os 24%, Ribeirão Preto não conseguiu ampliar sua representatividade na Câmara dos Deputados e ainda perdeu uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A cidade ajudou a reeleger os deputados federais Baleia Rossi (MDB) e Arnaldo Jardim (PPS) e os estaduais Léo Oliveira (MDB) e Rafael Silva (PSB) e foi só. Com a aposentadoria de Welson Gasparini (PSDB), a metrópole viu sua inserção no cenário político estagnar.
Em 2014, Ribeirão Preto havia levado três representantes da cidade para Brasília: além de Rossi e Jardim, o atual prefeito, Duarte Nogueira Júnior (PSDB), também foi reeleito deputado federal naquele ano. Na esfera estadual, elegeu Oliveira, Silva e Gasparini. No pleito deste ano, apenas 22% das 337.572 pessoas que foram às urnas votaram em candidatos ribeirão-pretanos que disputavam uma das 94 cadeiras na Alesp e 23% nos postulantes a uma das 70 vagas do estado na Câmara Federal.
A abstenção chegou a 23,84% – 105.650 dos 443.222 eleitores aptos a votar no último domingo, 7 de outubro, nem saíram de casa (leia nesta página). A média de votos brancos e nulos ficou em 35% – há diferença entre os cargos (presidente, governador, senadores, deputados) porque a pessoa pode escolher um nome para a Presidência da República e votar em branco para deputado, por exemplo.
Desta vez, Ribeirão Preto reelegeu para o Congresso Nacional Baleia Rossi (MDB), com 214.042 votos e Arnaldo Jardim (PPS), com 132.363 votos. O eleitorado do emedebista aumentou 2,7% em relação a 2014, quando conquistou 208.352 votos. Já o ex-secretário de Estado da Agricultura perdeu votos: a redução foi de 14,7% em comparação com quatro anos atrás, quando obteve 155.278.
Para a Assembleia Legislativa paulista foram reeleitos Léo Oliveira (MDB), com 76.703 votos e Rafael Silva (PSB) com 71.992. O emedebista aumentou seu eleitorado em 6% em relação a 2014 quando teve 72.154 votos. Já Silva perdeu 40% de seus eleitores em comparação com 2014. Naquela eleição ele obteve 121.271 votos. Gasparini não disputou a reeleição e lançou seu filho, o vereador Mauricio Gasparini (PSDB), para disputar uma vaga na Alesp. Apesar de bem votado ele não conseguiu sucesso no pleito.
Os candidatos a estadual mais bem votados em Ribeirão Preto foram Janaina Paschoal (PSL, 35.302, ou 13,25% dos válidos), Léo Oliveira (MDB, 18.632, ou 6,99%), Rafael Silva (PSDB) e Maurício Gasparini (PDSB) – ambos com 16.934 voto cada, ou 6,36% – e Juiz Gandini (PHS, com 13.192, ou 4,95%). Para federal, quem teve mais votos foi Ricardo Silva (PSB, 21.428, ou 7,82%), seguido por Eduardo Bolsonaro (PSL, 20.473, ou 7,28%), Fernando Chiarelli (Patriota, 19.969, ou 7,28%), Marcos Papa (Rede, 18.273, ou 6,67%), Joice Hasselmann (PSL, 16.559, ou 6,04%), Baleia Rossi (MDB, 14.777, ou 5,39%), Samanta Duarte Nogueira (PSDB, 7.586, ou 2,77%) e Arnaldo Jardim (PPS, 2.171, ou 0,79%). Ribeirão Preto entrou neste pleito com 43 candidatos. Dezoito disputavam as 70 cadeiras do estado na Câmara Federal e outros 25 tentavam uma das 94 vagas na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Câmara dos Deputados
Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) indicou que a taxa de renovação na Câmara Federal superou as expectativas e alcançou 52% nas eleições de domingo (7). Com isso, 267 novos deputados federais vão assumir o mandato no próximo ano. É o maior índice de renovação dos últimos 20 anos, informa a pesquisa. São 513 cadeiras no total.
Desde 1990, este percentual só foi ultrapassado na eleição de 1990, quando o índice foi de 62%, e em 1994, quando a renovação foi de 54%. De acordo com o Diap, os deputados eleitos efetivamente novos – o que exclui os que vieram de outros cargos ou que estavam sem mandato, mas já foram deputados federais – são lideranças evangélicas, policiais “linha dura”, celebridades e parentes de políticos tradicionais.
O instituto constatou que, dos 513 deputados federais atualmente em exercício, 79% disputaram a reeleição, sendo que 60% destes conseguiram novo mandato neste domingo. Portanto, dos 407 deputados que concorreram à reeleição, 246 foram reconduzidos ao cargo. Em agosto, projeção da entidade previa que 75% deles deveriam se reeleger.
Renovação
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) terá 52 novos deputados estaduais a partir da próxima legislatura. O resultado das eleições 2018 mostrou que mais da metade dos 94 parlamentares eleitos não tem mandato na Casa de Leis hoje, o que representa uma renovação de 55%. Apenas 42 deputados conseguiram se reeleger, número bem inferior aos 62 políticos que mantiveram seus mandatos na eleição de 2014.
A maior renovação da Alesp nos últimos 24 anos foi puxada pelo desempenho de partidos nanicos, em especial o PSL do presidenciável Jair Bolsonaro, que elegeu 15 deputados estaduais – não tinha nenhum –, e terá a maior bancada do Legislativo paulista. O crescimento da sigla foi provocado, principalmente, pela votação expressiva da advogada Janaína Paschoal. Ícone do processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), a jurista obteve mais de dois milhões de votos, a maior votação de um deputado estadual na história do País.
Eleitos lamentam votos em candidatos de fora
Os deputados reeleitos por Ribeirão Preto comemoraram a votação que obtiveram, mas lamentaram que a cidade não tenha conseguido aumentar sua representatividade no cenário estadual e federal e tenta optado por votar em pessoas de outras regiões do Estado de São Paulo.
Baleia Rossi – “Eu só tenho que agradecer de coração o apoio depositado em mim pelo povo de São Paulo e pelos 214.042 votos. Vou continuar trabalhando muito pela saúde, contribuindo para melhorar os atendimentos das Santas Casas e hospitais de câncer. Essa é a forma que tenho de ajudar as pessoas mais simples, representando a nossa região e todo o Estado na Câmara Federal. Em uma eleição com poucas reeleições, estou muito feliz em ter a confiança dos paulistas para continuar meu trabalho e graças a Deus aumentar minha votação”.
Rafael Silva – “Estou muito feliz com a vitória e com a convicção de que teremos muito trabalho pela frente. Infelizmente, candidatos de ‘fora’ tiveram votos expressivos por aqui, o que achatou a chance de Ribeirão ter mais representantes na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Nossa luta para trazer investimentos para cá, para nossa região, continua”.
Léo Oliveira – “Agradeço muito a todos que confiaram em meu nome. Foi uma eleição onde houve alto índice de renovação, e eu consegui ser reeleito. Isso mostra reconhecimento dos resultados que obtive através do trabalho para toda nossa região. Fiquei honrado. Uma pena, apenas, os poucos deputados da nossa região que foram eleitos. Isso tira nossa representatividade. Meu objetivo na Assembleia Legislativa é continuar representando com seriedade e eficiência Ribeirão e toda nossa região.
Vamos dar continuidade ao trabalho para implantar o Hospital Veterinário Público Metropolitano, para atender as 34 cidades de toda a nossa região. Também continuar atendendo, com emendas parlamentares, os hospitais públicos, entidades sociais e demandas de infraestrutura urbana necessárias para nossa cidade. Meu maior compromisso é seguir minha atuação com fiscalização intensa ao Poder Público, eficiência e, fundamentalmente honestidade, que são as obrigações de nós agentes públicos”.