O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), confirmou nesta segunda-feira, 18 de janeiro, que as eleições para o comando da Casa serão realizadas de forma totalmente presencial em 1º de fevereiro. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Casa, com voto contrário de Maia.
A Casa de Leis estudava a possibilidade de voto virtual ao menos para os deputados do grupo de risco na pandemia de covid-19, mas o bloco do candidato Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, era contra. O PP já havia questionado oficialmente a Câmara, inclusive, levantando suspeitas sobre ataques hackers.
Para resolver o imbróglio, a Mesa Diretora da Câmara foi convocada para reunião hoje para deliberar e definir o formato da eleição. “Se decidiu por maioria, contra meu voto, não haver flexibilidade na votação presencial”, disse Maia. Ele era a favor da flexibilização para os idosos e para parlamentares com comorbidades.
De acordo com Maia, em razão dessa decisão, 513 deputados e um total de ao menos três mil pessoas terão que comparecer à Câmara no dia da votação. Ele lembrou a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Fux, em que vários convidados, incluindo Maia, se contaminaram com covid-19.
“Vamos trazer parlamentares de 27 Estados em um momento de crescimento da pandemia”, disse, destacando que a nova variante do vírus é mais contagiosa e letal. A Mesa Diretora adiou a terceira decisão que deveria ter tomado sobre a validade das assinaturas de deputados suspensos do PSL, o que pode tirar o partido do bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) e colocar a sigla no de Lira.
A legenda é a segunda maior bancada da Casa. Ainda sobre a eleição, Maia disse ter divergido da Mesa, mas que precisa respeitar o resultado. “Eu achei que uma parte lá (Mesa), ia pedir voto impresso, contaminada pelo governo”, disse Maia em tom de brincadeira.
“Parece que vêm manifestantes defender candidato do governo e voto impresso já. Você vê que risco nós estamos correndo para 2022”, disse. Maia afirmou ter certeza que o ministro do STF, responsável pelas eleições de 2022, Alexandre de Moraes (…) terá bastante comando sobre o processo eleitoral.
Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizam caravanas em direção a Brasília para pressionar pela eleição de Lira na presidência da Câmara. Na visão deles, o líder do Centrão é o único nome na disputa que pode levar adiante a adoção do voto impresso para as eleições presidenciais de 2022. O novo modelo de votação é bandeira de Bolsonaro, que tem colocado em xeque a lisura do sistema eleitoral brasileiro, mas sem apresentar provas.
Solidariedade
O Solidariedade decidiu, em reunião da Executiva Nacional, apoiar a candidatura de Baleia Rossi à presidência da Câmara. O placar foi de 22 votos a favor do emedebista, cinco para adiar a reunião e um voto para apoiar Lira. Participaram do anúncio o presidente do partido, Paulinho da Força (SP), e o próprio candidato emedebista.
O Solidariedade tem 14 deputados e se juntará ao bloco composto por onze partidos – PT, PSL, MDB, PSDB, PSB, DEM, PDT, Cidadania, PCdoB, PV e Rede –, elevando o total de 295 deputados eleitos. Do outro lado, Lira pode ficar com o apoio de nove legendas – PP, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Patriota, Avante, Pros, PTB e PSC – ou 179 parlamentares.