A transferência da aliá Bambi, de 58 anos, quatro toneladas e três metros de altura, do Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto para o Santuário de Elefantes do Brasil, localizado na Chapada dos Guimarães, no Estado do Mato Grosso, prevista para esta terça-feira, 22 de setembro, não aconteceu.
Bambi não se adaptou com a caixa de cinco toneladas em que será transportada e recusou a ficar no compartimento. A elefanta até entra na caçamba, mas quando a equipe responsável pela transferência tentava fechar a porta, a aliá indiana saía do local.
Segundo o biólogo do Santuário dos Elefantes, Daniel Moura, não há pressa para a transferência porque o importante é a aliá se sentir confortável na caixa. “Estamos esperando o tempo dela”, afirma. Nesta quarta-feira (23), novas tentativas serão feitas para que Bambi se adapte à caixa.
Na quinta-feira (17), a equipe do santuário, liderada pelo biólogo, chegou a Ribeirão Preto para iniciar o processo de adaptação. A equipe conta com biólogos, veterinários e técnicos. Dentro da caixa de transporte o elefante não pode girar e nem se deitar. Porém, os técnicos garantem que é “bem confortável” para o animal.
Atualmente, o Santuário dos Elefantes abriga quatro aliás asiáticas. A logística começou a ser preparada há quase um mês, logo após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) autorizar a transferência de Bambi. Sem os recursos necessários para bancar a viagem, o santuário promoveu, pela internet, a campanha denominada “Bambi vem para a manada”. Conseguiu arrecadar R$ 50 mil, quantia suficiente para o traslado da aliá.
Em 18 de agosto, o desembargador o TJ/SP Roberto Maia concedeu liminar que autorizou a transferência de Bambi para o Santuário dos Elefantes. A decisão atendeu a um agravo de instrumento interposto pelo Fórum Nacional de Proteção e de Defesa Animal em ação civil pública movida contra a prefeitura de Ribeirão Preto e Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sima).
Em primeira instância, o Judiciário negou a transferência. A aliá indiana Bambi chegou ao Bosque Fábio Barreto em 23 de julho de 2014. Veio do zoológico municipal da cidade de Leme (SP) por determinação da antiga Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
Na época, a pasta considerou o local e o espaço em que ela vivia inadequados. Antes, pertencia ao Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três metros de altura, tem 58 anos, é cega do olho esquerdo e tem dificuldade de mastigação.
Parecer contrário
No começo de julho, a Sima, por meio do Departamento de Fauna (Defau), emitiu parecer em que aconselhava o Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto a evitar a doação de Bambi para o Santuário dos Elefantes por causa da idade avançada e do suposto estresse causado pela longa viagem.
Em recente nota enviada ao Tribuna, o zoo de Ribeirão Preto disse que “a preocupação com a transferência da Bambi continua, já que a distância é longa pelo fato de a elefanta também apresentar problemas de saúde (deslocamento de retina bilateral, catarata bilateral e lesão óssea crônica inflamatória em membro posterior direito)”.