O presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio e Cultural (Conppac) de Ribeirão Preto, Lucas Gabriel Pereira, pretende tombar a Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira como patrimônio histórico e cultural da cidade. O projeto está em fase final de elaboração e deverá ser colocado para votação do colegiado nas próximas sessões.
Localizada na avenida Cavalheiro Paschoal Innecchi, no Jardim Independência, Zona Norte da cidade, conta com prédios construídos na década de 1940 e em um deles está o colégio denominado “Camilo de Mattos”. São atendidas crianças desde a educação infantil até os anos finais do ensino fundamental.
Possui também outros imóveis, como quadra poliesportiva e uma capela cercada por árvores de várias espécies. Segundo laudo da historiadora Juliana Emília Dominato Martins com fotos do fotógrafo Max Gallão Mesquita, o local, principalmente a capela, precisa de preservação.
“Um cenário triste para a nossa história, onde podemos ver o nosso passado indo embora e o nosso patrimônio se perdendo diante do capricho humano. A história do Educandário, bem como suas edificações que compõe o complexo, não podem ser deixadas de lado nesse momento tão importante para a história e educação patrimonial de nossa cidade, afinal são mais de 80 anos cumprindo uma missão social e cultural no município”, afirma no laudo.
O parecer foi elaborado por solicitação do presidente do Conppac. Ao longo dos mais de 80 anos, a Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira atendeu e continua atendendo a centenas de crianças no âmbito social e educacional, com um projeto que visa prepará-las para um futuro promissor.
Fundado em 13 de maio de 1938, poucos meses antes da morte do patrono Quito Junqueira, o Abrigo de Menores de Ribeirão Preto – Educandário Coronel Quito Junqueira – surgiu com o objetivo de acolher crianças e adolescentes de famílias de baixa renda com atendimento em saúde, educação, alimentação e moradia.
Em 8 de setembro de 1944, a entidade foi transformada em fundação e passou a denominar-se Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira. Até 1997, os educandos – crianças de famílias de baixa renda do sexo masculino – eram admitidos na faixa etária de seis a nove anos de idade e podiam permanecer na instituição em regime de internato até atingirem sua maioridade. Todos os educandos cursavam da 1ª a 4ª séries na própria instituição e, a partir daí, frequentavam as escolas públicas estaduais.
A partir de 1998, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8.069/90), a fundação passou por mudanças para se adequar a nova legislação. Além do fim do regime de internato, o Educandário passou a atender crianças de ambos os sexos em regime aberto.
Na época, o Colégio Camillo de Mattos, que era estadual, passou a ser mantido e administrado pela Fundação Educandário e não mais pelo governo de São Paulo, atendendo da pré-escola à 4ª série. Além do poder econômico que o casal exerceu na história do município, a filantropia e a caridade também se tornaram algo presente na vida dos Junqueira.
Grandes detentores da boa vontade, atuaram significativamente no âmbito social e cultural de Ribeirão Preto. Atualmente a Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira é um importante centro de educação social, não somente como local de estudo, mas também como mantenedora de uma importante biblioteca na região Central da cidade e de uma escola de educação infantil no Jardim Cristo Redentor, Zona Norte da cidade.