A partir do inicio do ano letivo, no mês de fevereiro, as escolas brasileiras, públicas ou particulares, terão que disponibilizar em sua grade curricular a disciplina Educação Financeira. A decisão do Ministério da Educação é uma tentativa de solucionar um problema crescente no país que é o endividamento e a inadimplência, o que comprovaria que a população brasileira precisa de educação financeira.
Ela será uma disciplina transversal no ensino infantil e fundamental e, segundo especialistas, fundamental, pois é neste período que as crianças e adolescentes têm a melhor absorção dos conteúdos. Neste caso, de que é preciso lidar com o dinheiro de forma inteligente.
Para a implementação da Educação Financeira, todas as escolas deverão seguir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Isso porque é ela que mantém as diretrizes. Na Rede Municipal de Educação de Ribeirão Preto, as 109 escolas municipais irão oferecer a disciplina para cerca de 48 mil alunos.
Entre os temas que serão enfocados em sala de aula estão, trabalho e o consumo, planejamento, desequilíbrio nas finanças e desemprego. As matérias de Matemática e Ciências da Natureza agregarão todos esses conhecimentos que ainda poderão aparecer na disciplina de História. Os pais dos estudantes também deverão participar do processo e auxiliar neste aprendizado. Dessa forma, o governo espera que a Educação Financeira atinja pessoas de todas as idades, até mesmo aquelas que não frequentam mais a escola.
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgados recentemente mostram que o percentual de brasileiros endividados está em torno de 64,7%.
Resultados importantes
Estudos e pesquisas realizadas em escolas que já incluíram o tema em sua grade curricular mostram que o ambiente escolar é o mais propício para o ensino dessa disciplina.
Essa é uma das conclusões da 1ª Pesquisa de Educação Financeira nas Escolas realizada em 2017, uma parceria entre o Instituto de Economia da Unicamp, por seu Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT), o Instituto Axxus e a Associação Brasileira de Educadores financeiros (Abefin).
A pesquisa apontou que a grande maioria (71%) dos alunos que já têm aulas sobre o tema nas escolas ajuda os pais a fazer compras conscientes. A pesquisa foi realizada com 750 pais/responsáveis em Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Vitória.
Para o economista Gabriel Couto, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), com maior planejamento financeiro o consumidor terá mais facilidade para saber se uma compra cabe ou não em seu orçamento.
“Muitas pessoas se endividam simplesmente por não terem o conhecimento do total de suas rendas e gastos. Gastando mais do que se recebe, o endividamento é inevitável”, afirma. Daí a importância da educação financeira desde a infância.
Segundo o economista, em regra geral, brasileiro médio não recebe qualquer tipo de instrução a respeito da gestão de suas finanças pessoais. “A partir de algum momento da vida, todas as pessoas precisam lidar com questões relacionadas a dinheiro e controle de gastos, e a falta de informação e orientação neste tema é a grande causa do endividamento fora de controle, enfrentado por uma parcela da população”, conclui.
Pesquisa mostra que o brasileiro gosta de pechinchar
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada no dia 14 de janeiro, revela que oito em cada dez brasileiros têm o hábito de pechinchar antes de realizar a compra de um bem de alto valor.
Segundo a pesquisa, 81% dos entrevistados afirmaram que têm o hábito de barganhar antes de realizar a compra, contra 78% da pesquisa realizada em 2013. O estudo também mostrou que 71% dos brasileiros esperam por promoções e saldões para comprar bens de alto valor. Em 2013 este percentual era de 64%. Entre os fatores mais importantes na hora de escolher bens de maior valor, os entrevistados apontaram preço baixo (49%), qualidade (47%) e marca (34%).
Segundo a Confederação Nacional da Indústria a perda de poder de compra durante a crise recente pode ter influenciado os brasileiros a esperar para adquirir bens de maior valor a preços menores durante promoções e saldões, dado que se verifica que esse comportamento é mais comum entre brasileiros com renda familiar menor. A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 22 de setembro de 2019 e entrevistou 2 mil pessoas.