Adriana Dorazi – especial para o Tribuna
A Associação dos Amigos do Autista (AMA) de Ribeirão Preto está de mudança, ainda sem destino certo. A reforma mal planejada no telhado da sede da entidade, iniciada pelo proprietário do local em março, deu início a um pesadelo para os funcionários, alunos e famílias. Sem a cobertura em época de chuvas intensas, houve infiltração em todo o prédio, com muitos prejuízos materiais e suspensão dos atendimentos.
Quem conta detalhes da situação crítica é Gabriel Victor da Silva Steffens, coordenador geral da AMA, que fez pedido de socorro ao Tribuna Ribeirão. Ele enviou relatos e fotos da situação da sede da entidade, explicou que precisou dividir os alunos em turmas e transferi-los para endereços provisórios sob pena de perder os poucos repasses recebidos e não há sinalização de ajuda concreta do poder público.
“Os nossos alunos de três a 14 anos passaram a ser atendidos de forma improvisada em imóvel na rua Olavo Bilac e os de 15 a 43 anos ficaram algum tempo sem atendimento, estamos buscando alternativas já que poderemos ter ainda mais problemas sem poder atender”, explica o coordenador. Ele relata que muitas mães dos 109 alunos não têm alternativas de tratamento, o que agrava a urgência da questão.
Trabalho terapêutico e social regional
Neste mês de abril a AMA/RP completa 34 anos de existência, com atendimento transdisciplinar de educação, psicopedagogia, assistência social, psiquiatria, psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, educação física, assistência jurídica, dentre outros, de relevância social não só para Ribeirão Preto, mas também: Sertãozinho, Pontal, Serra Azul, Cravinhos, Monte Alto, Sales Oliveira, Orlândia dentre outros municípios pertencentes à área da Direção Regional de Saúde – DRS XIII.
Está localizada na rua Nélio Guimarães nº 184, bairro Alto da Boa Vista, há cerca de 25 anos, a um custo mensal de R$ 10 mil, sem estrutura de acessibilidade e muitas dificuldades financeiras para manter cerca de 70 funcionários. Com a retirada total do madeiramento e cerca de 20 caçambas de telhas, a água das chuvas queimou alarme, câmeras, luminárias, aparelhos de ar condicionado e outras estruturas. Paredes, móveis e até o teto criaram mofo, impedindo a manutenção do atendimento no local.
Gabriel destaca que a AMA possui desde 1995 um terreno cedido pela prefeitura de Ribeirão Preto, de cerca de 2 mil metros quadrados, na avenida Primeiro de Maio, no qual caberia com folga a estrutura de atendimento atual. Mas, como a entidade nunca conseguiu recursos para construir, entende que seria mais viável permutar com prédio público desocupado que tenha condições para ser utilizado de imediato.
A reportagem do Tribuna Ribeirão questionou a prefeitura de Ribeirão Preto sobre a situação da AMA. Em nota a administração municipal informou que “recentemente a concessão de direito real de uso (do terreno) foi renovada pela Lei Complementar nº 2.865, de 16 de maio de 2018, com prazo de cinco anos para construção do edifício onde serão exercidas as atividades da associação. Diante das dificuldades para construção, estão em estudo novas possibilidades de auxiliar esta relevante associação na consecução de suas finalidades”.
“O único anseio nosso institucional é dar continuidade aos trabalhos sem desamparar os familiares e usuários que tanto necessitam do nosso atendimento. A construção de uma sede envolveria algo em torno de R$ 1,5 milhão, por isso a permuta talvez seja melhor alternativa. Convidamos quem possa nos ajudar a fazer uma visita para conhecer o trabalho e ver a importância da AMA para tantas crianças e adultos com autismo e suas famílias”, conclui o coordenador.
Abril Azul: mês de conscientização sobre o autismo
Abril é o mês da conscientização mundial sobre o autismo. O mês foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, para lembrar a data e chamar a atenção da sociedade para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Embora o nome “autismo” seja popular, muitas pessoas não conhecem a doença. Trata-se de um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 e 3 anos de idade. A criança com autismo apresenta dificuldades de comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação, o que influencia em suas relações sociais ou afetivas.
Graus de autismo
O autismo já foi classificado por categorias, mas, hoje em dia, ele é dividido em graus de funcionalidade, sendo que, a forma de como lidar com cada grau varia.
Baixa funcionalidade: a criança tem dificuldade de interagir, faz movimentos repetitivos e apresenta atraso mental;
Média funcionalidade: a criança tem dificuldade de comunicação e repete comportamentos;
Alta funcionalidade: os sintomas são mais leves e o portador tem condições de estudar, trabalhar e ter uma vida com menos empecilhos.
Causas e sintomas
A ciência ainda não conseguiu desvendar o que realmente causa o autismo, mas há evidências de que a doença esteja relacionada a fatores genéticos, infecções durante a gravidez e fatores ambientais, como poluição, por exemplo.
A criança com autismo pode apresentar diferentes sintomas. Entre os principais estão: falta de contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação, pouca vontade de falar, ansiedade, inquietação exagerada, repetição de palavras que ouve, choro ininterrupto, agressividade e dificuldade para aceitar novas rotinas.
Prevenção
Embora não haja uma causa específica que provoque o autismo, há formas de prevenir o problema psiquiátrico. As orientações são voltadas para mulheres grávidas. O ideal é que elas evitem ambientes com muita poluição, exposição a produtos tóxicos, ingestão de bebida alcoólica e se vacinar contra rubéola para evitar que a infecção afete a gestação.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do autismo não se dá através de exames laboratoriais ou de imagem. Ele é feito pelo médico através do histórico do paciente, análise de seu comportamento e relatos dos pais. Em geral, os médicos utilizam o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde.
O autismo é uma doença sem cura, por isso, o tratamento é feito através de diferentes profissionais da saúde, como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e fisioterapeutas, para que o portador consiga desempenhar tarefas do dia a dia sem muitas dificuldades. Além disso, caso haja presença de agressividade e doenças paralelas, como a depressão, o tratamento pode incluir medicamentos.