Ricardo Jimenez *
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Em Ribeirão Preto, duas propostas educacionais estão atualmente em debate, cada uma representando visões opostas sobre o que deve ser a educação pública na cidade. De um lado, temos o Instituto Federal, uma conquista que resulta de uma longa luta por uma educação de qualidade, que traz para nossa região o melhor modelo de educação pública do país. Do outro, há a proposta das escolas militarizadas, um retrocesso de caráter autoritário.
Felizmente, o Instituto Federal já está em implantação. Esta é uma conquista que merece ser celebrada, pois representa uma abordagem moderna e inclusiva da educação. O Instituto prioriza o bem-estar e a valorização dos professores, garantindo salários justos e condições adequadas de trabalho. Esta valorização é fundamental, pois um professor bem remunerado é um professor motivado, capaz de oferecer uma educação de alta qualidade aos alunos.
Além disso, o modelo de ensino do Instituto Federal é em período integral, assegurando que os alunos tenham acesso a alimentação adequada durante o dia escolar. Essa é uma medida essencial para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes, pois a alimentação é um fator crucial para o aprendizado. O ambiente escolar, também, é cuidadosamente planejado, com laboratórios bem equipados, bibliotecas completas e espaços climatizados que garantem conforto e aproveitamento máximo do tempo dedicado aos estudos.
Os resultados obtidos por instituições como o Instituto Federal são semelhantes aos melhores modelos internacionais de educação, refletindo um compromisso com a excelência acadêmica e com a formação integral dos estudantes. Além disso, o apoio pedagógico e sócio-pedagógico oferecido tanto a alunos quanto a professores potencializa o ensino e o aprendizado, criando um ambiente educacional positivo e enriquecedor.
O Instituto Federal também se destaca por seu caráter plural e democrático, promovendo uma escola onde todos os estudantes se sentem acolhidos e desejam aprender. Este é o modelo que precisamos em Ribeirão Preto: uma educação que valoriza a diversidade e que se preocupa com as necessidades de todos os seus alunos.
Por outro lado, temos as propostas de escolas militarizadas, que representam uma grave enganação. É importante destacar que escola militarizada não é a mesma coisa que escola militar. As escolas militares, geralmente, são modelos elitistas, destinados a filhos de militares e, infelizmente, muitas vezes, distantes da realidade da maioria dos jovens. No entanto, a proposta das escolas militarizadas se enraíza em um aprofundamento do caráter autoritário de um modelo educacional já existente, que já demonstrou ser falido.
O modelo de educação paulista, que já conhecemos e ao qual muitos jovens estão expostos, é o que caracteriza a proposta das escolas militarizadas. Neste modelo, os professores são mal pagos e não recebem o devido respeito profissional. As escolas carecem de infraestrutura adequada: laboratórios, bibliotecas e condições básicas para um ambiente de aprendizado eficaz são escassos. Ao invés de fomentar o aprendizado, essas instituições parecem mais um espaço para a repressão e a limitação do potencial dos alunos.
Os defensores das escolas militarizadas afirmam que, ao inserir militares nessas instituições, haveria um componente de “disciplina” que beneficiaria os alunos. Mas é preciso nos questionar: de que disciplina estamos falando? O mesmo tipo de disciplina que já conhecemos, caracterizada por uma abordagem punitiva e autoritária, que não tem lugar em uma escola que deve ser um espaço de aprendizado, de troca e de crescimento pessoal e coletivo.
Além disso, há um risco óbvio de se criar um “cabidão” de empregos para militares da ativa ou aposentados, um modelo que já foi considerado inconstitucional. O que se observa, na verdade, é uma tentativa de pegar um modelo educacional falido e inseri-lo em um novo rótulo, sem resolver os problemas reais que a educação paulista enfrenta.
Fiquemos atentos, portanto. Não podemos aceitar esse retrocesso disfarçado de inovação. Precisamos nos unir para reafirmar nosso compromisso com uma educação pública de qualidade, que valorize os professores e respeite o potencial de aprendizado dos alunos. A presença da polícia deve ser vista como um complemento, um suporte externo, que atua para proteger o ambiente escolar, e não como um instrumento de disciplina dentro da escola.
Convidamos todos a se juntar a nós nesta luta pela defesa do modelo do Instituto Federal. Vamos celebrar a educação pública que realmente vale a pena, que prioriza o bem-estar e a formação integral dos alunos. A mudança começa agora, com a escolha consciente do modelo educacional que queremos para Ribeirão Preto. Juntos, podemos construir um futuro promissor e digno para os nossos jovens, pois a educação é a chave que abre as portas do amanhã.
* Professor do IFSP, Coordenador da Frente de Luta por um IF em Ribeirão, Jornalista e Editor do Blog O Calçadão