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Educação e pandemia

Dois anos de pandemia! As perdas foram muitas nos dife­rentes segmentos da sociedade destacando-se os mais afetados: saúde, economia e educação.

O ano de 2022 iniciou-se com a volta às aulas presenciais e com grandes desafios para a educação brasileira. Foram quase dois anos letivos com escolas fechadas, com aprendizagem re­mota, com conectividade reduzida, falta de equipamento e, não raro, de livros, principalmente nas casas de alunos em situação de vulnerabilidade. Qual o impacto dessa realidade na educação?

O estudo realizado em conjunto pela UNICEF e ONU (2021) gerou um relatório que demonstra o “Estado da crise global da educação”, em que fica evidenciado o prejuízo gigantesco e quase irreversível nessa área. O fechamento das escolas e o ensino remoto trouxeram perdas que têm consequências de longo prazo e há riscos de se perder trilhões de reais de rendimentos futuros.

A Unicef destacou, ainda, que “as perdas de aprendizado com o fechamento das escolas deixaram até 70% das crianças de 10 anos, de países de baixa e média renda, incapazes de ler e compreender textos simples, em comparação com 53% antes da pandemia”. As perdas também ocorreram em países ricos, como os EUA. Essas perdas são diferentes por região, por condição socioeconômica e racial, sendo os mais afetados os alunos po­bres, pretos, pardos e deficientes.

O impacto também ocorreu na alimentação escolar e na saúde mental dos alunos.

Esses dados reforçam que a recuperação dessas perdas neces­sita, urgentemente, de políticas públicas estruturantes e interse­toriais. Não basta apenas, reabrir as escolas.

No Brasil, os dados ainda são incipientes. Segundo a ONG Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional de Amos­tra de Domicílios do IBGE, o Brasil atingiu o maior patamar, desde 2012, de crianças de 6 e 7 anos, que não sabem ler e escre­ver. Isso corresponde, em 2021, a 40,8% da população nessa faixa etária que não foi alfabetizada.

Comparativamente aos dados de 2012, eram 28,2% de crian­ças nessa faixa etária, que não estavam alfabetizadas. Esses dados demonstram a grande dificuldade do Brasil, mesmo antes da pandemia, de alfabetizar as nossas crianças. A não alfabetização exclui as crianças da escola e de ter um futuro digno. A alfabe­tização é o alicerce na trajetória escolar de uma criança e, por extensão, para toda a sua vida.

Associados ao baixo nível de escolarização dos brasileiros, tais dados impõem ao Brasil avanços na formulação de políticas educacionais com base em evidências. Para isso, o País necessita fortalecer e enfrentar a crise dos dados. É preciso elaborar a ava­liação diagnóstica de cada aluno, de cada sala de aula e de cada escola, seja ela federal, municipal, estadual ou particular.

Elaborar um projeto para o País, para o Estado e para o Municí­pio visando a recuperar as perdas ocorridas na educação durante a pandemia, bem como enfrentar os desafios já diagnosticados antes da pandemia é, pois, urgente, assim como é primordial o fortaleci­mento de políticas intersetoriais envolvendo a educação, a saúde e a assistência social, entre outras áreas. A formação e a valorização dos professores são essenciais. É, também, fundamental criar ações para atrair jovens à nobre tarefa de ser professor.

Neste ano de 2022, é imperativo que o Brasil crie um plano de ação efetivo para enfrentar os desafios apresentados e os que serão identificados com a avaliação diagnóstica, que permita saber onde vamos estar daqui a uma ou duas décadas.

É urgente a recuperação das perdas e a priorização da educa­ção, ciência, tecnologia e inovação em busca de um país sobera­no e sustentável.

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