Tribuna Ribeirão
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Educação básica pública de qualidade e evolução humana

José Eugenio Kaça *
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A  evolução do ser humano sempre sofreu a pressão coercitiva da religião, na Idade Média a Igreja Católica combateu de forma virulenta os avanços científicos e qualquer prática tecnológica que se contrapusesse a fé que dominava os atos da vida cotidiana.No século III, um matemático chamado Heron de Alexandria, inventou o primeiro motor a vapor da história, no entanto sua grande invenção foi demonizada pela Igreja Católica, e colocada na prateleira dos demônios de alta periculosidade, que tinham que ser eliminados, e com isso essa invenção que colocaria a humanidade em outro patamar, só se materializando 15 séculos depois. Imanigem em que patamar tecnológico a humanidade estaria se essa tecnologia não tivesse sido colocada no limbo.

O cerciamento que a Igreja Católica impingiu as ciências e a autonomia do ser humano durante a Idade Média, criou mentes humanas limitadas dentro dos dogmas da Igreja, e com isso emparedou os sonhos e pensamentos da maioria da população. O Humanismo base do Renascimento e o Iluminismo foram movimentos que colocaram a racionalidade cientifica e os seres humanos no centro das decisôes, mas o direito ao conhecimento ficou limitado a um pequeno grupo, e com isso a religião continuou a produzir seus efeitos na maioria da população. E com isso as maiores atrocidades foram cometidas em nome de um “Deus”, que serve aos donos do poder convalidando as sanhas sem limites dos ungidos e protegidos.

A sociedade patriarcal e escravocrata, aos poucos foi sendo desmontada devido as lutas de homens e mulheres por melhores condições de vida e trabalho. Durante séculos as lutas dos trabalhadores (as) por melhores condições de trabalho, pelo direito de sindicalização e direito de greve custou a vida de milhares de trabalhadores, mas não arrefeceram,e aos poucos as vitórias foram conquistadas, e neste diapasão as mulheres também começaram a abrir seus caminhos na sociedade, o surgimento dos movimentos feministas colocou as mulheres em evidência, e com isso deixaram de figurar em segundo e terceiro plano,e lutaram pelo direito a igualdade em relação aos homens, direito ao sulfrágio universal,e pela liberdade sexual, e ainda continuam lutando.

Mas com a chegada do terceiro milênio, que deveria ser o milênio da luz e do entendimento humano,trouxe em seu bojo o saudosismo dos chamados “bons tempos”, tempos que não foram vividos, mas que se sente saudades.Eu na minha infância ouvia os mais velhos contarem histórias de tempos passados, onde havia ambundância em todos os setores, não havia fome nem miseraveis, e a ambundância era tanta, que se amarrava cochorro com linguiça, e essa metáfora alimentava as esparanças dos pobres por dias melhores. O vírus do saudosismo começou a contaminar parcela significativa da população, mas não por saudades de tempos felizes, a saudade agora é dos tempos sombrios da ditadura militar no Brasil, do Nazismo da Alemanha e das atrocidades cometidas pela Igreja Católica na Idade Média, onde pensar fora dos dogmas podia render uma condenação a morte.

E esse saudosismo está minando aquela pretensa evolução que o ser humano pretendia alcançar.Fala-se muito da qualidade superior da educação básica privada em relação a educação básica pública, no entanto essa educação de alta qualidade não produz a cidadania, como disse Paulo Freire: “Estudar é buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar , de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto”. O que aconteceu no Brasil nos últimos anos, principalmente após as eleições de 2022, mostrou que a classe média, que estudou nestas escolas de alta qualidade ficaram acampados por dois meses na frente dos quarteis pedindo uma intervenção militar – que é crime previsto no Código Penal. Sem uma educação básica pública de qualidade, onde a autonomia seja plena – não havará cidadania, e, portanto, a evolução humana ficará comprometida.

* Pedagogo, líder comunitário e ex- conselheiro da Educação

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