Na noite desta terça-feira, 16 de julho, quando o mundo celebra 50 anos desde que a missão Apollo 11 decolou da Terra rumo à Lua, o Brasil teve o privilégio de observar um eclipse lunar parcial. O fenômeno ocorre quando Sol, Terra e Lua se alinham, e nosso planeta faz sombra sobre o satélite.
Em Ribeirão Preto, o fotógrafo Alfredo Risk flagrou o eclipse no final da tarde de ontem. O fenômeno começou por volta das 17 horas e durou cinco horas, no total, parecido com o que ocorreu em janeiro deste ano. O eclipse lunar, em geral, dura bastante tempo, e o de ontem foi em um horário bom, próximo do pôr do sol, com a Lua em uma posição relativamente alta no céu.
A duração da fase de umbra (quando a sombra da Terra começa a ser observada na Lua) foi de aproximadamente duas horas e 51 minutos. Já considerando todo o período do eclipse, incluindo a fase de penumbra (quando a sombra da Terra sobre a Lua ainda é vista de forma borrada), a duração total do fenômeno chega a cinco horas e 33 minutos.
Diferentemente de um eclipse solar – quando o que fica “escondido” é o Sol –, para observar o fenômeno lunar não foi preciso óculos de proteção. A visão da Lua é a olho nu, mas é mais fácil assistir ao fenômeno em áreas menos iluminadas e com o horizonte livre.
Segundo Thiago Signorini Gonçalves, astrônomo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Sociedade Astronômica Brasileira, este eclipse, por ser parcial, não provocou o fenômeno da “Lua de sangue”. Para isso acontecer, seria necessário que os astros se alinhassem perfeitamente, como aconteceu em 21 de janeiro.
O alinhamento imperfeito impede a visualização da “Lua de sangue”, quando o satélite adquire tons avermelhados. Isso acontece porque a Terra se sobrepõe ao Sol e os raios solares atravessam a atmosfera terrestre ganhando esta coloração. Essa mudança de cor é provocada pelos mesmos fatores que fazem o céu ser azul e pode ser observada em todos os eclipses totais da Lua.
Há menos de 15 dias, a Lua passou entre o Sol e a Terra, “tampando” sua luz. Em 2 de julho, um eclipse solar total levou milhares de turistas ao Chile, de onde foi possível acompanhar o momento em que o dia virou noite. Diversas regiões do Brasil também puderam observar parcialemnte o fenômeno, inclusive em Ribeirão Preto.
Os dois acontecimentos não estão desvinculados, como comenta o astrônomo da UFRJ: “Não é coincidência. É algo decorrente deste alinhamento. Eclipses solares podem vir junto com um eclipse lunar. Isso é comum”. Este é o último eclipse lunar do ano. O mundo verá o próximo eclipse total da lua apenas em 2021 – com possibilidade de observação parcial no Brasil. Outros fenômenos parciais acontecem antes, mas no país um eclipse total plenamente visível ocorrerá apenas em 16 de maio de 2022.
Missão Apolo
Dia 16 de julho de 1969 foi a data de partida da missão Apolo 11 com destino à Lua. A bordo de uma nave propelida por um motor Saturno V, de três estágios, 110 metros de altura e 2,7 milhões de quilos, até hoje um dos maiores já produzidos pelo homem, três astronautas partiam para o que seria um marco na exploração do espaço e na aeronáutica.
O projeto Apollo teve custo de US$ 26 bilhões na época, ou incríveis US$ 153 bilhões hoje, e envolveu praticamente todas as áreas do conhecimento. Os mais de dois mil exemplares de rochas permitiram a descoberta de 75 novos minerais. Até hoje, são mais de 1.500 produtos ou tecnologias que derivam dessa missão. No dia 20 comemora-se os 50 anos do pouso na Lua, “um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”, disse o astronauta Neil Armstrong.