No Brasil, 4 de abril é o Dia do Parkinsoniano, data escolhida para alertar sobre a doença descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson. Ela é neurológica, progressiva e não tem cura, atinge o sistema nervoso central e afeta a movimentação muscular. Geralmente se manifesta após os 60 anos de idade e uma das vítimas mais famosas foi o boxeador Muhammad Ali, falecido em 2016, aos 74 anos e que em entrevista disse: “(Deus) me deu a doença de Parkinson para mostrar que eu era um homem como os demais, que tinha fragilidades como todo mundo. É tudo o que sou: um homem”.
O discurso de que somos um país de jovens, gerou uma imperdoável negligencia e muitos não perceberam o aumento da expectativa de vida que, diante da falta de planejamento, gerou problemas como a insuficiência de leitos hospitalares, vagas em asilos e estrutura previdenciária. Idosos sofrem com doenças cardiovasculares: infarto, angina, insuficiência cardíaca. Também derrames, câncer, enfisema, bronquite crônica, diabetes, osteoporose, infecção urinária e pneumonia. Inúmeros anciãos vivem em situação econômica precária, privados do convívio familiar e são acometidos de transtornos psiquiátricos e depressivos.
Atualmente o mundo passou a ter maior atenção com os anosos, primeiras vítimas da pandemia. Em um obrigatório exercício de empatia, filhos e netos agora descobriram o que ficar confinado, muitas vezes sem qualquer contato o mundo exterior, vendo a vida através da televisão ou da janela do quarto.
Na internet circulam textos que falam sobre o momento atual, onde grande parte da humanidade é obrigada a ficar em casa, lendo, ouvindo, descansando, brincando e aprendendo novas maneiras de ser. O isolamento social de um quinto da população global, cerca de 1,7 bilhão de pessoas, é encarado como uma oportunidade de cura interior, exterior e coletiva que resultará em novas escolhas. Ficaremos melhores ou piores do que somos?
Enquanto uma rede de solidariedade se organiza mundialmente para socorrer os mais fragilizados, ainda existem pessoas estocando mantimentos, álcool e máscaras que faltam aos demais. Não aprenderam que dependemos uns dos outros. Também existe a turminha que dissemina notícias falsas e os tresloucados praticando batalhas e divisões políticas em momento totalmente inadequado.
Provavelmente venceremos a covid-19, mas novos vírus virão e a forma de vencê-los é com ciência, tecnologia e a consciência de que, como ensinou Ali, somos apenas homens, cada qual com suas fragilidades, dependemos uns dos outros e precisamos nos unir. Cuidemos dos parkinsonianos, autistas, deficientes e todos que necessitam. Chega de “cada um por si”, é tempo do velho “um por todos e todos por um”.