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É preciso colocar uma pá de cal no machismo

As mulheres no sistema patriarcal viviam para obedecer e satisfazer as von­tades e os desejos dos homens, que tinham o direito absoluto sobre seus corpos e suas vontades. O tempo passou, e aos poucos as mulheres através de muitas lutas e perseverança estão conseguindo derrubar algumas barreiras, no entanto no Brasil a luta das mulheres por direitos iguais, encontra um ambiente arraigado nos costu­mes sociais ancorados em dogmas religiosos, que não permitem que as mulheres possam deliberar sobre os problemas que só dizem respeito à feminilidade.

A luta das mulheres é travada em um ambiente machista e preconceituoso, que usa a educação formal e informal como ferramenta segregadora, mostrando a falsa ideia da inferioridade e subserviência que querem impingir às mulheres. Mesmo após a Constituição cidadã estabelecer a igualdade entre homens e mu­lheres, na prática isto não aconteceu. A violência contra as mulheres continuou explícita no cotidiano brasileiro.

A Constituição sozinha não conseguiu libertar as mulheres da opressão machista e da violência domestica, e foi preciso a intervenção da OEA (Orga­nização dos Estados Americanos), que atendeu a denúncia de Maria da Penha Maia Fernandes, que havia recorrido sem sucesso à justiça brasileira para coibir as agressões sofridas pelo seu marido, e após a pressão da OEA, a Lei Nº 11340/ 2006, que ficou conhecida como Lei Maria da Penha foi promulgada.

O velho argumento disseminado pelo machismo, que culpa as vestimentas das mulheres, como sendo a causa das agressões sexuais e dos estupros ainda é uma prá­tica corriqueira. Acontece que a velha educação segregadora coloca mulheres contra mulheres, que mesmo sendo 52% da população brasileira, deposita nas mãos dos ho­mens o destino de suas vidas. Parte da sociedade brasileira, principalmente os menos favorecidos, não acredita nas suas capacidades, e nem na capacidade dos seus iguais, e isso gera um problema comportamental, onde pobre não vota em pobre, preto não vota em preto e mulher não vota em mulher, e a representatividade fica capenga, pois quem decide sobre os problemas sociais – não vive estes problemas.

A Lei Maria da Penha, que veio para proteger as mulheres da violência do­méstica vive sendo aviltada a todo o momento, principalmente por alguns inte­grantes do judiciário. Um juiz de Minas Gerais de nome Edilson Rumbelsperger Rodrigues, em uma sentença chamou a Lei de “mostrengo tinhoso”, e completou; “Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões”. E conclui: “Ora, a desgraça humana começou no Éden; por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (…). o mundo é masculino! A ideia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!”. Essa sen­tença absurda ocorreu em 2011, portanto, em pleno século 21, e essa arbitrarie­dade criminosa gerou apenas uma suspensão temporária de suas funções.

Acontece que a tenacidade das mulheres do século 21, está batendo de frente com a truculência e violência do velho machismo, e isso está incomodando. As dificuldades criadas para evitar que mulheres afinadas com ideologias que lutam por uma sociedade igualitária cheguem aos parlamentos são escancaradas. No entanto, mulheres abnegadas e destemidas estão ocupando seus espaços, e por isso estão sen­do perseguidas pelo machismo retrógado. Já aconteceram diversos fatos mostrando o desrespeito com a figura da mulher parlamentar, e nada acontece com seus algozes.

Ultimamente dois casos escancararam o machismo e a falta de caráter de alguns políticos. Na Assembleia de São Paulo, um deputado acariciou o seio de uma deputada em Plenário, e foi tudo gravado, no entanto o corporativismo de seus pares, não permitiu a sua cassação – disseram que o deputado era um homem de “bem”, e o presidente do conselho de ética ainda ironizou e tripudiou o fato afirmando que a deputada tinha que agradecer pelo momento de fama. É um escárnio! Em Ribeirão Preto, o comportamento dos vereadores vai pelo mesmo caminho. O caso de um vereador que foi flagrado em uma gravação, praticando a famosa rachadinha em seu gabinete e foi absolvido pelos seus pares, no entanto uma vereadora, que tem uma história de lutas nas comunidades – foi ilegalmente acusada de usar indevida­mente o carro oficial, e foi condenada pelo conselho de ética, e só não sofreu uma punição, porque conseguiu escancarar a farsa junto ao Tribunal de Justiça.

Uma nova sociedade, fraterna e igualitária só será possível quando houver o restrito respeito à Sagrada Carta Magna!

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