Em 2012, o Facebook concretizou uma das aquisições mais importantes de sua história, comprando o Instagram por US$ 1 bilhão, em um investimento que, em retrospectiva, se provou extremamente barato. No entanto, agora, oito anos no futuro, surgiram e-mails que indicam que Mark Zuckerberg, mais do que agregar valor à sua empresa, queria realmente eliminar um potencial competidor do mercado.
Os e-mails, publicados no site The Verge, mostram uma conversa importante com David Ebersman, diretor financeiro do Facebook na época, quando Zuckerberg se questionava sobre a aquisição de aplicativos potencialmente concorrentes, como Instagram e o Path e quanto a empresa poderia poderia pagar por um app emergente do tipo, com alguns milhões de usuários e rápido crescimento, mas poucos funcionários e sem nenhuma receita. Ele afirmava que “os negócios são nascentes”, mas “podem se tornar disruptivos para nós”.
Ebersman se mostrou receoso sobre o negócio, apontando que esses investimentos muitas vezes não se pagam, e ofereceu três potenciais motivos para realizar uma aquisição: neutralizar um competidor, o que seria desaconselhável porque outro apareceria no lugar; adquirir talento para sua empresa, o que parecia muito caro; ou integrar seus produtos, o que parecia, para ele, uma razão mais atraente se houvesse uma visão clara de como os serviços poderiam se complementar.
Zuckerberg respondeu com clareza à pergunta afirmando que o interesse se dava pelas razões 1 e 3, o que deixa claro um plano de neutralizar um potencial competidor. Ele afirma que, em produtos sociais, existe um “efeito de rede” e um “número limitado de mecânicas para inventar”, que fazem com que, uma vez que um serviço se estabelece com um grande volume de usuários, se torna difícil destroná-lo sem apresentar algo muito novo e diferente. Portanto, Zuckerberg defende que eles estavam, na verdade, comprando tempo, permitindo a integração do app ao Facebook antes de um novo competidor surgir em seu lugar. Posteriormente, Zuckerberg enviou outro e-mail para tentar clarificar que “não queria dar a entender que queria comprar o Instagram para impedi-los de competir” e amenizar o tom da conversa.
Os e-mails foram resgatados nesta quarta-feira, quando Zuckerberg precisou depor no congresso dos Estados Unidos junto de outros CEOs de tecnologia por acusações de práticas anticompetitivas. Jerry Nadler, representante de Nova York do partido democrata, questionou diretamente o executivo sobre a compra do Instagram, entendida justamente como uma ação monopolista reforçada pelas mensagens. A explicação do executivo não ajudou no caso, dando a entender que o próprio Zuckerberg percebeu que a aquisição poderia ser entendida como anticompetitiva.
Em depoimento, o fundador do Facebook se defendeu apontando que a aquisição foi uma aposta, porque havia outros apps similares na época que não se tornaram a potência que o Instagram se tornou. Na visão de Zuckerberg, a aquisição também foi importante para permitir o crescimento do aplicativo com questões de infraestrutura, segurança e divulgação.
Outros e-mails mostram como Zuckerberg sabia que a compra dessas startups promissoras e potencialmente disruptivas para o Facebook. Em uma outra troca de e-mails de 2012, um engenheiro apontou como a empresa não deveria se preocupar com o Google+, descrito como um “clone de m****”, enquanto Instagram e Pinterest criavam novos mercados. Depois da compra do Instagram, Zuckerberg respondeu a este funcionário reforçando sua opinião. “Eu lembro do seu post sobre como o Instagram era nossa ameaça e não o Google+. Você estava basicamente certo. Uma coisa sobre startups é que você frequentemente pode comprá-las”, disse Zuckerberg.
Em e-mail a outro funcionário que deu os parabéns ao executivo pela aquisição, Zuckerberg reforçou essa posição. “Uma razão subestimada pelas pessoas e importante de observar o Google é que nós provavelmente sempre podemos comprar qualquer startup competitiva, mas vai levar um tempo antes que possamos comprar o Google”, disse o criador do Facebook.
Via Olhardigital