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É hora de trabalhar

O advento da pandemia do Coronavírus virou de ca­beça para baixo os planos de governo de todos os países. Priorizou-se, como era esperado e desejado, o combate ao novo inimigo, mobilizando-se as forças políticas para criar condições de se preparar e tentar vencer a guerra. Bilhões de dólares foram injetados nas economias com a finalidade de formar um colchão que protegesse principalmente os mais pobres. O Brasil não fugiu desta proposta. Deixamos para trás a discussão e aprovação de reformas fundamentais ao nosso país, para concentrar esforços no perigo que se apre­sentou e se apresenta.

Agora, com a chegada da vacina, embora ainda tenha­mos um longo caminho até a imunização dos brasileiros, é hora de olharmos de novo para o que necessitamos criar a fim de permitir ao país sua volta ao crescimento. A grande chaga de nossa nação é a péssima distribuição de renda, mantendo na miséria parte expressiva de nossa população. Anos de história e decisões erradas levaram nosso país a esta situação. Urge agora retornarmos a tentativa de corrigir nossos problemas crônicos. A educação é nosso maior desa­fio, pois um povo educado está no meio do caminho para a diminuição da desigualdade.

Parece, entretanto, que nosso governo assim não pensa e o Ministério da Educação, que deveria ser o motor desta transformação, nada mais é do que uma repartição burocrá­tica sem entusiasmo, com titulares inexpressivos, sem um plano eficaz para resolver a situação brasileira. Outro grande problema nacional é a baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros, que só será vencido se tivermos uma educação moderna, com professores constantemente reciclados e plano de ensino que absorva os avanços da moderna tecnologia. Logicamente, isto só será possível se houver apoio expressivo do governo, o que parece não existir.

A reforma tributária é outra necessidade vital para o nosso desenvolvimento. O Brasil tem uma legislação de tributos sur­realista. Muitas normas, muitas regras, espalhadas por centenas de portarias, leis. As empresas, para cumprir com este cipoal legislativo, precisam contar com equipes profissionais caras. A inúmera variedade de impostos, contribuições e taxas induz ao erro. Será preciso que uma legislação moderna, que proteja o cidadão e as empresas, bem como dê ao Fisco uma posição bem definida, seja aprovada o mais rápido possível.

Outro empecilho grande no caminho de nosso desenvol­vimento é o tamanho do Estado e as normas atrasadas de proteção aos funcionários públicos, que geram uma buro­cracia lenta, embora mereçam ser reconhecidas exceções a esta regra. Um Estado moderno, ágil, focado nos reais objetivos de sua existência é requisito fundamental para nosso progresso. Empresas deficitárias (informa-se que a companhia criada para o trem bala, por exemplo, ainda tem mais de 100 servidores para nada ), bem como outros exem­plos fáceis de se achar precisam ser eliminados. Cabides de emprego nunca mais.

Sei que é fácil falar e muito difícil realizar. Há interesses enormes em manter a máquina pública gigantesca, privilégios salariais que são uma afronta ao salário da população em ge­ral, benefícios que se acrescem ao valor do estipêndio mensal, Estados desgovernados, municípios que não se mantém com a arrecadação e que deveriam ser eliminados e não o são por força política. Só a pressão popular poderá fazer a diferença­entre a atual estagnação e um futuro melhor.

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