O duo composto pelas acordeonistas Gilda Montans e Meire Genaro vai promover uma live show neste sábado, 13 de março. A transmissão ao vivo acontece às 17 horas pelo Facebook, Youtube e Instagram da instrumentista Gilda Montans.
O show online é uma homenagem ao público feminino nesta semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março) e celebra os 35 anos da primeira apresentação das duas instrumentistas juntas, originando a formação do duo musical.
A história do duo de acordeon feminino começou no dia 8 de março de 1986, em uma apresentação no Ribeirão Shopping em homenagem ao Dia da Mulher. Neste show, a dupla, tocou com outros dois instrumentistas, mas por conta de agenda dos músicos, o quarteto virou duo.
“Na época, preparamos um repertório semierudito e foi um sucesso. Depois deste dia, nos separamos e daí pra frente sempre tocamos muito. Foram centenas de espetáculos pelo Brasil e até em turnês internacionais”, conta Gilda Montans.
O Theatro Pedro II foi um dos palcos célebres da história de Gilda Montans e Meire Genaro. Um dos destaques desta trajetória foi um concerto simbólico para comemorar a instalação da cobertura do teatro, sempre lembrado pelas musicistas.
O primeiro CD desta interpretação a quatro mãos que se tornaram parceiras inseparáveis nos palcos, foi lançado em 1996, momento que coincidiu com um convite para as duas musicistas representarem o Brasil no concurso mais importante de filarmônica do mundo: o Prêmio Internacional de Acordeão de Castelfidardo, na Itália.
O laço entre as duas artistas aconteceu muito antes de 1986, quando Meire era apenas uma aluna de Gilda no conservatório na cidade de Ribeirão Preto, em 1957. “Na vida recebemos muito pelo que aceitamos. Eu aceitei ser musicista e tive o privilégio de ser aluna da Gilda”, comenta Meire.
Para ela, o trabalho feito com a sua antiga professora, hoje sua amiga, tem imenso valor. “Nosso duo é sendo dedicado às mulheres. Como forma de mostrar que duas mulheres fazem um trabalho musical lindo no acordeon, tão apreciado e tocado por muitos homens”, destaca. Para a live em comemoração aos 35 anos da dupla, o repertório traz músicas conhecidas do público.
Desde o chorinho, a valsas brasileiras e grandes nomes da música popular brasileira, como Chico Buarque, Pixinguinha e Tom Jobim. “Pensando no momento de pandemia e na celebração da semana da mulher, escolhemos melodias que fossem apreciadas por todas as pessoas”. A valsa foi uma das escolhas de Gilda Montans para este momento. “Considero este gênero musical muito feminino”, destaca.
A mulher na música
Gilda e Meire podem ser consideradas duas das primeiras e principais precursoras da adesão feminina na música brasileira. Afinal, são mais de 50 anos de amizade, muita produção e espetáculos. Neste tempo juntas, acompanharam diversos acontecimentos do meio artístico.
Entre eles, o crescimento de mulheres no mercado musical. “A mulher enfrentou uma sociedade extremamente conservadora por muitos anos, mas o comportamento feminino mudou. Por conta disso, o espaço que ocupamos no mundo artístico e musical é muito maior atualmente”, destaca Meire.
“Eu vejo uma evolução, uma participação mais generalizada de todos os tipos e raças de mulheres, inclusive na mídia. Quando comecei a estudar música, há 70 anos, as moças não podiam ficar em São Paulo, porque lá era considerado uma perdição”, revela Gilda.
Ela ainda conta que seu pai pagava passagem aéreas de Ribeirão Preto para a capital paulista para ela ir ao conservatório e voltar para a cidade no interior, no mesmo dia. “Nós mulheres temos um caminho contínuo a trilharmos, porque vamos ter sempre que lutar contra as desigualdades”, reforça a acordeonista.