A vereadora Duda Hidalgo (PT) distribuiu nota à imprensa em que reafirma ser alvo de perseguição por causa de sua atuação política na Câmara de Ribeirão Preto. Diz ainda que “não será intimidada por acusações falsas” investigadas pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Legislativo. O comunicado foi distribuído na noite de quinta-feira, 7 de abril, após o colegiado anunciar que, na segunda-feira (11), às dez horas, fará a leitura do relatório final das investigações.
Já na terça-feira, às 15 horas, haverá sessão extraordinária para votação do relatório. Nesta data, os 22 vereadores vão decidir o futuro de Duda Hidalgo na Câmara. O colegiado pode optar pelo arquivamento do caso, aplicação de penalidade como advertência ou suspensão da parlamentar por um período ainda não definido ou até pela cassação da petista.
Na nota, a vereadora diz estranhar a urgência do Conselho de Ética em julgá-la. “Apesar dessa estranha pressa, comparecerei à reunião do Conselho de Ética e também da sessão extraordinária que foram antecipadamente convocadas, pois, diferentemente do que tem sido propagado em diversos momentos, jamais fugi deste processo”, ressalta.
“Tenho plena tranquilidade da legalidade de todas as minhas ações enquanto vereadora e não irei abaixar a cabeça para pessoas que, acostumadas a praticar violência política de gênero, que não aceitam o resultado das urnas”, escreveu. Duda Hidalgo lembra que foi eleita com 3.481 votos de pessoas que “sabem da importância que têm as minorias ocuparem espaços de poder antes negados a nós.”
“Estou sendo atacada por aqueles que nos desprezam. Não serei intimidada e seguirei firme em defesa de meu mandato e das pautas que fui eleita para lutar”, finaliza o texto. No dia 1º, a juíza Luisa Helena Carvalho Pitta, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, denegou – não acolheu – o mandado de segurança impetrado pela vereadora contra o presidente da Câmara, Alessandro Maraca (MDB), o Conselho de Ética e seu presidente, Maurício Vila Abranches (PSDB).
Duda Hidalgo é acusada de cometer crime de improbidade administrativa pelo munícipe Nilton Antonio Custódio. É suspeita de ter usado o veículo oficial a que tem direito – um Renault Fluence placas EHE 3406 – para participar de eventos particulares e partidários em outras cidades paulistas. O caso estava parado no Conselho de Ética havia 49 dias devido a manobras jurídicas feitas pela defesa da parlamentar.
As investigações estavam suspensas desde 15 de fevereiro, quando a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), Ana Liarte, suspendeu liminarmente, a continuidade do processo de investigação realizado pelo Conselho de Ética. A magistrada atendeu a agravo de instrumento impetrado pela parlamentar, que tentava reverter decisão da juíza da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto.
Em 8 de fevereiro, a desembargadora negou o pedido de liminar feito pela vereadora em mandado de segurança. A vereadora também solicitava a suspensão do processo. Na decisão, a desembargadora suspendeu a continuidade do processo até que o mérito do mandado de segurança fosse julgado na 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, o que ocorreu na sexta-feira.
A vereadora diz que teve seus direitos de defesa cerceados pela Câmara e pelo Conselho de Ética, especialmente pelo presidente Maurício Vila Abranches e pelo relator do caso, Renato Zucoloto (PP). Defende ainda que a investigação deveria ser feita seguindo o rito estabelecido pelo decreto-lei federal nº 201/1967.
O decreto estabelece como as investigações contra prefeitos e vereadores devem ser conduzidas, e são diferentes das normas que regem o Conselho de Ética da Câmara de Ribeirão Preto. De acordo com a denúncia, o carro da parlamentar teria sido visto entre os dias 14 e 21 no mês de setembro nas cidades de Jundiaí, Sorocaba, Mauá, Diadema e São Bernardo do Campo.
Nos documentos protocolados, o denunciante teria anexado cópia da planilha de deslocamento do veículo da parlamentar, nos referidos dias, assinada por ela e que comprovariam a viagem para estes locais. O Conselho de Ética conta ainda com a participação de Ramon Faustino (Psol, do Coletivo Todas as Vozes), André Rodini (Novo) e Judeti Zilli (PT, do Coletivo Popular).