Tribuna Ribeirão
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Dois museus na minha história 

Edwaldo Arantes * 
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Exerci diversos cargos como servidor público de confiança da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, há muitos anos, minha primeira nomeação foi como Diretor do Museu Histórico e de Ordem Geral “Plínio Travassos dos Santos” e do Museu do Café “Francisco Schmidt”, localizados no Campus da Universidade de São Paulo, USP/RP. 
 
Aos domingos, tínhamos uma atividade musical muito marcante e lírica, o “Café com Chorinho”, onde apresentava-se o grupo Rouxinóis, na realidade, o nome originou-se de um “trocadilho”, foi criado pelo talentoso e saudoso músico, Clóvis Roxo, denominado , “Roxo e Nóis”. 
 
Com o tempo e o domínio popular foi se transformando até tornar-se, “Rouxinóis”, também, uma alusão a um pássaro de canto inigualável, descrito como um dos sons mais bonitos da natureza, serviu de inspiração em contos de fadas, canções, óperas, livros e personagem de muitas poesias. Suas cores sóbrias, com um comportamento tímido e discreto, de um canto melodioso, suave e vibrante. 
 
Bem, voltemos às atividades e ações, desenvolvidas durante nossa gestão, com destaque para a apresentação da pianista e musicista premiadíssima, atuando com proeminência em concertos e salas de muitos países, Eudóxia de Barros, com o piano sob as árvores, promovendo uma verdadeira catarse aos milhares de presentes. 
 
A Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, corais, exposições, saraus e danças com a Academia de Ballet Garima Augusta e a Escola de dança Adriana Mazza.  
 
O “Café com Chorinho” era apenas um café servido com bolachas aos frequentadores e casais que assiduamente dançavam, embalados pelas músicas, entre oito e onze horas em manhãs dominicais. 
 
Assim que começamos a entender a rotina, pensamos na possibilidade de um lanche robusto aos merecidos habitués. 
 
O poder público não possuía a mínima condição de recursos e nem legalidade para o ato. Eu era egresso da iniciativa privada e montamos um plano de parcerias e apoios culturais das empresas. 
 < br class="SCXW94259438 BCX8" />Meu primeiro caminho foi procurar o Café Utam, onde fui recebido por uma adorável e elegante jovem, Ana Carolina Soares de Carvalho, umas das filhas da família de Piumhi, perto da minha terra natal, São Sebastião do Paraíso, nas Minas Gerais. 
 
Apresentei a ela o propósito do nosso pedido de patrocínio, a empresa com seus produtos intimamente ligados ao evento, o que a entusiasmou muito, principalmente pela união de sua marca ao “Café Com Chorinho 
 
Alguns dias depois recebi uma ligação dela informando que a proposta fora aceita pela Diretoria.  
 
No dia seguinte uma camionete trouxe uma imensa cafeteira de metal brilhante e diversos quilos do “ouro verde”, tornando-se símbolo imponente do local com a empresa nos abastecendo com seus produtos. 
 
Fiquei divagando que era impossível dissociar o café sem o leite, a costumeira “média” dos bares e padarias, ao alvorecer. 
 
Imediatamente voltei à minha Via Sacra procurando a Indústria de Alimentos Nilza, tradicional fabricante do famoso, “Leite Nilza”, que passou a nos prover com caixas e caixas do divino líquido branco. 
 
Nós não podíamos aceitar que um lanche matinal não viesse acompanhado de frutas e doces, munido da minha pasta e a sola do sapato, fui ao encontro do CEAGESP e da Indústria de Alimentos Santa Helena que se uniram ao projeto. 
 
Um excelente servidor público lotado nos Museus, senhor Luiz, chegava ao CEAGESP na madrugada e lotava sua Belina com laranjas, melancias, abacaxis e até mexericas, para o deleite da platéia. 
 
A sobremesa era lotada de doces diversos da Santa Helena. 
 
Por fim, não existe um autêntico café da manhã desprovido de pães com manteigas, queijos e presuntos. 
 
Os pães eram gentilmente cedidos pela “Padaria São José”, na Vila Seixas, do saudoso senhor José e sua esposa, uma pessoa amiga e solidária que nos brindava com seus “alimentos” quentinhos. 
 
A parceria mais demorada e difícil foi para contarmos com manteigas e frios, depois de muito esforço e convencimento conseguimos a adesão de um Supermercado da cidade de Franca, onde um de seus proprietários era “pé de valsa”, o primeiro a chegar e o último a sair. 
 
Em uma manhã ensolarada de domingo, o então Prefeito Municipal, à época, fez uma visita surpresa, acompanhado de alguns Secretários e Assessores.  
 
Ao ver a imensa mesa e o “coffee break“, pegou-me pelo braço e cochichou: Edwaldo! Você montou um Hotel Cinco Estrelas? 
 
Aproveito para uma justíssima homenagem aos brilhantes músicos que participaram do grupo Rouxinóis: Horvildes Simões, Caburé, Passarinho, Zé da Conceição, Mozart Figueiredo, Pinho e o fundador, Clóvis Roxo, Clovinho. 
 
Na minha gestão o grupo era composto por Roberto Marani, clarineta, José Augusto, acordeon, Beto Muniz, violão, Hamilton, pandeiro e Luizinho, percussão. 
 
* Agente cultural 

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