As doenças do coração são responsáveis por 31% de todas as mortes no mundo. E no Brasil não é diferente. Às vezes até um pouco mais. Em nosso país cerca de 300 mil pessoas morrem por ano, 820 pessoas morrem por dia, 30 mortes por hora ou uma a cada dois minutos devido ao infarto, ao AVC (Acidente Vascular Cerebral) à morte súbita ou a outras doenças relacionadas com o Aparelho Circulatório.
As doenças chamadas cerebrocardiovasculares por envolver o cérebro, o coração e as artérias e veias de todos os calibres são as responsáveis por esses números alarmantes. Muito já se descobriu sobre como e o porquê essas doenças causam a morte de tanta gente. E associou-se a isso o que se chamou de fatores de risco, quer dizer uma constante observada nessas pessoas doentes.
Esses fatores de risco estudados com afinco e dedicação nos últimos 50 anos podem ser divididos em modificáveis e não modificáveis. Entre esses últimos estão a idade ou o sexo. Já os modificáveis consistem em atitudes comportamentais, ambientais, vícios etc. em que a pessoa pode se submeter a tratamentos e alterar profundamente esses fatores de risco minimizando seus efeitos e ações sobre o corpo humano.
Entre os diversos fatores de risco que analisaremos aqui, nesse e em outros artigos futuros, a hipertensão arterial e o diabetes assumem a dianteira como fator complicador das doenças cerebrocardiovasculares que, se não devidamente assistidas, podem ceifar a vida de muitas pessoas.
Especificamente a hipertensão arterial por ser uma doença silenciosa, isto é, na maioria dos pacientes não traz nenhum sinal ou sintoma. A pessoa não sente nada e por isso não procura tratamento. E a ciência já descobriu que se a hipertensão arterial for bem tratada, como fator de risco fica reduzida ao mínimo.
Outro fator de risco de enorme importância é o diabetes que tem quatro vezes mais complicações de doenças cardíacas do que nas pessoas não-diabéticas. E é também uma doença silenciosa em que muitas vezes durante um bom tempo a pessoa é portadora do diabetes e não sabe. Isso é um fator complicador dessa doença.
Como médico e professor da Faculdade de Medicina fico muitas vezes entristecido quando ouço em bate-papo informal com amigos dizendo que quase nunca vão ao médico, por não gostar de tomar remédios ou (incrível) por ter medo de tomar injeção!
Essas pessoas podem ser portadoras de hipertensão arterial ou diabetes e não sabem e podem ter a sua passagem pelo planeta antecipada por um descuido dessa natureza. Uma consulta médica qualquer pessoa tem que fazer pelo menos uma vez ao ano, mesmo não sentindo nada, simplesmente como medida preventiva em que sua pressão é aferida e um teste para diabetes é realizado de maneira bem simplificada, mas não menos importante. Outros fatores de risco para as doenças cerebrocardiovasculares serão comentados nos próximos artigos aqui mesmo nesse espaço.