O total de brasileiros com pedidos de asilo pendentes na justiça americana mais do que dobrou no último ano, segundo um relatório da Universidade de Syracuse, no estado americano de Nova York. Enquanto em 2021 foram 12.092 casos de asilo brasileiros aguardando decisão de um juiz, esse número subiu para 26.128 no ano passado, um aumento de 116%.
Esta foi a terceira maior elevação registrada no período. Só China e Cuba tiveram crescimentos percentuais maiores. Com isso, o Brasil se tornou o nono país em números absolutos com mais pedidos de asilo na justiça imigratória dos EUA.
O ranking é liderado por Guatemala, El Salvador e Honduras – países que sofrem fundamentalmente com a violência dos cartéis e com extrema desigualdade socioeconômica. Os dois últimos, inclusive, fazem parte do TPS (Status de Proteção Temporária), programa que impede que estrangeiros de certas nacionalidades sejam deportados. Ao todo, a justiça americana já acumula 1,6 milhão de casos pendentes de asilo.
Segundo especialistas em imigração, no caso do Brasil, os brasileiros estão pedindo asilo pelas dificuldades econômicas do país e por discordâncias políticas. Porém eles argumentam que é difícil, somente nessas bases, ter o asilo concedido. Em razão disso, são poucos os pedidos de asilo concedidos a brasileiros.
Os casos aprovados costumam ser de violência doméstica, vítimas de homofobia e alvos do crime organizado. De acordo com dados oficiais do Departamento de Segurança Interna dos EUA, em 2021 foram concedidos 93 pedidos de asilo a brasileiros, queda de 46,55% sobre as 174 concessões do ano anterior.
Pedido de visto: é preciso precaução, alerta especialista
Para a advogada americana Kris Lee, é importante ter cautela e preencher os requisitos antes de pedir um visto para os Estados Unidos. A frequência de negativas em solicitações de vistos, seja para estudantes, turistas ou trabalhadores, tem aumentado consideravelmente nos últimos meses, dificultando a vida de brasileiros que têm a intenção de realizar uma viagem ao país norte americano.
Kris Lee é sócia e advogada americana da Lee Toledo PLLC, com mais de 30 anos de prática jurídica, explica que uma negativa de visto para os Estados Unidos não impossibilita que o solicitante receba a autorização de entrada em outros países.
“Muitas pessoas realmente querem sair do Brasil devido à instabilidade econômica que o país enfrenta. E os EUA, na maioria dos casos, é a principal escolha de destino dos brasileiros em busca de trabalho. No entanto, no caso de uma negativa, existem outros países que precisam de mão de obra e esses trabalhadores podem ser extremamente bem-vindos. É válido olhar esse panorama de maneira positiva”, afirma.
Em alguns casos, mesmo com todos os requisitos preenchidos a possibilidade de negativa na solicitação ainda é uma realidade. “É uma deliberação exclusiva do agente da imigração e, em algumas situações, eles interpretam que o solicitante não tem vínculos que os façam retornar ao Brasil, levantando a suspeita de que esse imigrante possa tentar permanecer nos Estados Unidos mesmo após o período de expiração do visto. Essa é uma das principais preocupações dos agentes consulares e algo que eles sempre levam em consideração durante a entrevista”, revela a advogada.
O primeiro passo para quem quer viver nos EUA
De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, o primeiro passo é procurar um advogado de imigração e ter uma conversa franca e detalhada. “Faça perguntas sobre todos os procedimentos. Questione as etapas, veja se ele sabe como é feita a timeline. Essa relação precisa ser composta por afinidade e segurança”, sugere.
Toledo explica que o profissional tem que mostrar conhecimento técnico e experiência para fazer uma correta representação. Ele cita que em muitos casos, algumas consultorias induzem o cliente ao erro e cita que a forma com que cada profissional vai conduzir o caso deve variar conforme a situação do cliente. “Se a pessoa é casada, a estratégia será uma; se é solteira, outra; ou, ainda, se tem filhos também muda bastante”, conta.
O especialista reforça que, ao escolher um advogado de imigração, também é preciso ter certeza de que esse profissional entende as limitações e possibilidades de quem quer imigrar e consegue descrevê-las bem no processo.