André Luiz da Silva *
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No dia 24 de agosto, celebramos o Dia do Artista, uma data que reverencia aqueles que, com sensibilidade e talento, nos convidam a experimentar o belo, o emotivo e o questionador através da arte. Esses profissionais dedicam suas vidas a nos proporcionar novas perspectivas, sonhos e reflexões sobre o mundo ao nosso redor. No entanto, por trás do brilho que muitas vezes envolve a arte, a jornada do artista é marcada tanto por conquistas quanto por desafios.
Ser artista é, acima de tudo, uma vocação. É a habilidade de transformar sentimentos, histórias e ideias em algo tangível, que provoca emoções e reflexões profundas. Seja através da música, da dança, do teatro, das artes visuais ou circenses, o artista possui o dom de tocar as pessoas de maneiras únicas. Contudo, essa capacidade de inspirar muitas vezes não se traduz em reconhecimento adequado. Para muitos artistas brasileiros, a realidade é de luta constante para que seu trabalho seja valorizado e sua voz ouvida.
O Brasil é uma nação rica em diversidade cultural. Nossa herança artística é vasta e vibrante, com manifestações como o samba, o forró, o frevo e o carnaval, que projetam o país no cenário cultural mundial. No entanto, apesar desse patrimônio imenso, muitos artistas ainda enfrentam barreiras para obter o devido reconhecimento e sustentação financeira de suas obras.
Nos últimos anos, o setor cultural brasileiro sofreu grandes reveses. Um exemplo disso foi a postura do governo federal anterior, que desmantelou o Ministério da Cultura e tratou a cultura como inimiga, resultando em cortes drásticos e boicotes que causaram prejuízos imensuráveis. Como bem pontuou a atriz Fernanda Torres: “Um país que odeia a sua cultura é um país que se odeia”.
Contudo, há sinais de esperança. Em abril deste ano, após uma espera de dez anos, o presidente Lula sancionou o marco regulatório do Sistema Nacional de Cultura (SNC), também conhecido como o “SUS da Cultura”. Esse sistema visa organizar e descentralizar a política cultural brasileira, garantindo que recursos cheguem a estados e municípios, e promovendo a participação popular na gestão cultural. O SNC é composto por conselhos de política cultural, conferências, comissões, planos de cultura e sistemas de financiamento, além de incluir programas de formação e indicadores culturais. É um passo importante na valorização da cultura e dos artistas, permitindo que o setor se estruture e avance com mais transparência e inclusão.
A arte e a cultura são reflexos diretos da identidade de um povo. Em diferentes culturas, a arte é mais do que entretenimento; é uma forma vital de expressão e conexão com o mundo, seja em rituais religiosos, celebrações populares ou galerias de arte moderna. No Brasil, apesar dos desafios, a arte permanece como um dos nossos maiores tesouros, espelhando a alma e as múltiplas realidades de nossa sociedade.
Portanto, o Dia do Artista é uma oportunidade não apenas para celebrar esses profissionais, mas para refletir sobre a importância de suas criações em nossas vidas. Sem os artistas, o mundo certamente seria mais cinza, desprovido de cores, formas e imaginação.
Neste período eleitoral, é essencial que os candidatos a Prefeituras e Câmaras Municipais dialoguem com a população e, especialmente, com o setor cultural. É hora de exigir propostas concretas para políticas públicas que promovam a cultura, garantam a sustentabilidade dos artistas e assegurem que a arte continue sendo um pilar central de nossa identidade como nação. É hora de agir para que o futuro seja mais brilhante, colorido e criativo para todos nós.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista