Especialista em direito público municipal pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, o advogado AngeloPessini Júnior decidiu se dedicar exclusivamente à advocacia com ênfase para o Direito Eleitoral. Ex-titular de duas importantes secretarias na gestão de Duarte Nogueira (PSDB) – a da Administração e a dos Negócios Jurídicos –, o advogado deixou o governo em janeiro deste ano.
Pessini que também já foi o coordenador jurídico das campanhas de Nogueira para a prefeitura de Ribeirão Preto em 2012 e 2016, afirma que se sente preparado para assumir novamente a função, caso Nogueira seja candidato a reeleição. Em entrevista ao Tribuna falou sobre reforma política e os cuidados jurídicos que os candidatos precisam ter no próximo pleito, marcado para 4 de outubro.
Tribuna Ribeirão – O senhor foi secretário da Administração e dos Negócios Jurídicos do Governo Duarte Nogueira. Por que deixou o cargo?
Angelo Pessini – Sou advogado e atuo na área de Direito Municipal e Administrativo há 23 anos, posso afirmar que estar à frente das Secretarias de Administração e Negócios Jurídicos da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto na gestão do Duarte Nogueira complementou minha formação profissional e foi uma experiência relevante. Deixei o cargo para me dedicar exclusivamente ao exercício da advocacia.
Tribuna Ribeirão – O senhor integrou a equipe do prefeito como coordenador jurídico nas campanhas para a prefeitura de Ribeirão Preto, em 2012 e 2016. Se confirmada a candidatura dele para a reeleição, o senhor cuidará novamente deste setor na campanha?
Angelo Pessini – Se o Duarte Nogueira tomar estar decisão sinto-me preparado para este trabalho.
Tribuna Ribeirão – Na eleição deste ano para os cargos proporcionais – vereadores – foram proibidas as coligações partidárias. Como o senhor avalia esta mudança?
Angelo Pessini – Creio que com o fim das coligações proporcionais, as eleições serão mais dinâmicas e competitivas. É um avanço para o sistema eleitoral, sobretudo por minimizar o efeito de “puxadores” de voto e proporcionar uma sintonia de ordem ideológica e de outros anseios democráticos entre o eleitor e a agremiação partidária que representa o candidato.
Tribuna Ribeirão – Quais são os principais cuidados sob o ponto de vista legal que os candidatos a vereador e prefeito precisam ter nas eleições deste ano?
Angelo Pessini – O principal ponto de atenção é o conhecimento e a informação sobre a legislação eleitoral, porser um tema dinâmico e que historicamente se altera a cada pleito. Como exemplo, a divulgação das “Fake News”, que passou a ser crime tipificado no Código Eleitoral com pena de reclusão de 2 a 8 anos.
Tribuna Ribeirão – Um dos temas recorrentes no meio político é a necessidade de uma reforma política. O senhor acredita que ela é importante e quais as principais mudanças ela deveria implementar?
Angelo Pessini – Sim, inclusive o País já deu um passo importante, com a legislação em vigor para as eleições desse ano, que prevê o fim das coligações proporcionais, a cláusula de “desempenho” em que o candidato a vereador deve obter o mínimo de 10% do quociente eleitoral para ser eleito e também o fim autofinaciamento integral de campanhas. O debate político e a amplitude das redes sociais maximizaram a participação popular, inclusive nas discussões das propostas de alteração da Constituição que tramitam sobre a reforma política.
Tribuna Ribeirão – O senhor é favorável ao voto distrital?
Angelo Pessini – mO atual sistema de escolha para deputados e vereadores que é o proporcional reclama mudanças pela população, por ser complexo e envolver uma “matemática” que muitas vezes não fica bem clara ao eleitor. Já Avançamos com o fim das coligações proporcionais e agora precisamos avançar mais e aprimorar um sistema que no meu entender não seja “distrital puro” e nem mesmo o “distritão”, porque pode reduzir o universo da disputa, talvez o sistema misto represente um ponto de equilíbrio.
Tribuna Ribeirão – Como especialista em direito público quais são em sua avaliação os principais problemas que geram a chamada morosidade administrativa no serviço público?
Angelo Pessini – A diversidade da legislação e a burocracia por ela criada. Outro ponto a ser considerado é a enorme “judicialização” de demandas em face do Poder Público, com exceção daquelas que envolvem direito a saúde.
Tribuna Ribeirão – Regra geral a maioria dos municípios e estados brasileiros estão quebrados e sem dinheiro para investimentos básicos. Um novo pacto federativo pode resolver este problema?
Angelo Pessini – A população não mora nos Estados e na União, mas nos Municípios. O pacto federativo concebido na Constituição Federal precisa mudar porque na última década ocorreu uma enorme ampliação das demandas para garantia dos direitos sociais, que em geral ficam a cargo dos Municípios. Um novo pacto federativo deveria corrigir esse problema institucional da “verticalização” das receitas para a União e Estados e “ampliação” das despesas para os municípios.
Tribuna Ribeirão – Uma das principais críticas à Lei de Licitações é em relação ao quesito menor preço. O que faria com que empresas participantes de processos licitatórios ofereçam valores muito baixos e depois não consigam realizar as obras. O senhor concorda com estas críticas?
Angelo Pessini – Sobre esse assunto entendo que a Lei de Licitações ao mesmo tempo em que estabelece como um dos critérios de julgamento o de menor preço, igualmente dispõe de elementos de controle e punitivos para evitar descumprimento das obrigações assumidas pelas empresas nos contratos administrativos. Acredito que a nova Lei de Licitações que “vem por aí”, traga avanços nesse tema.