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DJ Carola vira a primeira mulher a lançar pela gravadora de Martin Garrix

Por Marcio Dolzan

Vila Jardim é um bairro pobre de Porto Alegre e a música eletrônica está longe de ser a preferência por lá. Se crescer naquela região sonhando em ganhar dinheiro com a música já é uma realidade difícil, pensar em fazer sucesso como DJ é ainda mais raro. E isso ajuda a tornar a história de Carola cada vez mais única: um dos grandes talentos da nova geração da música eletrônica brasileira, ela se tornou a primeira mulher do mundo a lançar uma música pela gravadora de Martin Garrix; recentemente teve outra pela Armada, de Armin van Buuren; e já recebeu suporte de David Guetta, três dos maiores nomes do ramo no planeta.

Aos 29 anos, Carola se mudou no início do ano passado para São Paulo – e é da capital paulista que ela viaja o País inteiro para se apresentar. A DJ esteve no Rio na última semana de 2021, foi a atração em uma festa no litoral gaúcho no réveillon, e tem uma série de apresentações em diferentes lugares já agendada neste início de 2022.

A agenda cheia e o reconhecimento de ícones internacionais consolidam uma carreira que chega agora na sua primeira década. “Minha história na música eletrônica começou em 2007, quando um primo me levou para a primeira rave. Ali, eu me apaixonei pelo ambiente e pelas músicas e, em 2012, decidi que era hora de começar a discotecar”, relembra ela.

Desconfiança

Além das dificuldades que quase todo mundo enfrenta no começo de uma carreira, Carola teve de superar muita desconfiança, inclusive de quem convivia com ela. “Nasci e me criei na Vila Jardim. Não tive apoio de ninguém, porque quem vem de onde eu vim cresce sendo ensinado a não sonhar. Para minha família, o que eu buscava era muito distante da minha realidade”, relembra

“Hoje, eu entendo que eles tinham muito medo de que desse tudo errado e eu me frustrasse, mas a maior dificuldade que tive foi a falta de apoio das pessoas que eu amava. Eu sabia que seria difícil enfrentar as coisas sozinha, mas, quando absolutamente ninguém acredita em você, tudo se torna mais impossível do que parece ser.”

Apesar disso, Carola foi galgando seu espaço – e com um estilo bem pessoal. Entre as suas referências, ela cita artistas como Diplo, Flume e Mura Massa, mas prefere não se enquadrar em nenhum estilo. “Não sigo nenhum nicho especifico, porque acredito que quem faz isso se limita artisticamente. Eu quero me desafiar sempre, cada vez mais.”

Mesmo que a pandemia tenha sido especialmente complicada para a classe artística – a necessidade de distanciamento social limitou as festas e manteve casas de shows fechadas até recentemente -, Carola disse que o período lhe trouxe oportunidades.

Brechas

“Enxerguei diversas brechas no mercado, e com isso trabalhei muito mais do que nesses dez anos. Estou feliz com esses resultados que conquistamos: fui a primeira mulher do mundo a lançar uma música na gravadora do Martin Garrix, e tenho alguns dos maiores DJs do mundo, como David Guetta, Tiesto e Armin Van Buuren, tocando minhas músicas”, aponta. “Essas conquistas, eu devo muito ao time que trabalha comigo para que minha música seja ouvida pelo maior número de pessoas e artistas relevantes. E claro que fico muito feliz quando recebo suporte de alguns desses caras, porque eu cresci ouvindo cada um deles e tenho até hoje algumas de suas músicas como minhas favoritas.”

Agora, Carola espera que seu exemplo ajude a inspirar outras pessoas. “Meu maior desejo é conseguir seguir entregando um trabalho que impacte positivamente a vida das pessoas. Quero seguir representando aqueles que nunca puderam se enxergar em posições de destaque nesse cenário no passado, e que cada vez mais a gente consiga criar uma cena inclusiva, na qual seja possível sonhar, criar e realizar independente de gênero, cor ou orientação sexual”, afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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