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DJ Alok fala sobre acidente de avião e prêmio da MTV

Por Charlise Morais

Nesta quarta-feira, 22, ocorre a gravação do MTV Millennial Awards, também conhecido como MTV Miaw – uma premiação criada pela MTV Latinoamerica que recompensa o melhor da geração Y nas áreas da música, dos filmes e do mundo digital. O prêmio estreia no Brasil com 28 categorias e será exibido pela MTV na quinta-feira, dia 23, a partir das 22h.

E+ foi até o Credicard Hall, em São Paulo, onde vai ocorrer a premiação, para acompanhar os ensaios e bateu um papo com o DJ e produtor musical Alok. Indicado em duas categorias, clipe do ano e artista musical, Alok disse estar muito feliz com as indicações. “Na verdade, nunca esperei que um DJ fosse disputar um prêmio desse”, revelou. “Independente de eu ganhar ou não, só o fato de eu estar tendo essa representatividade e esse reconhecimento, para mim, já basta”.

O produtor musical também falou sobre a responsabilidade de ser uma influência, uma referência para as gerações mais jovens. “Eu me sinto como com um piano nas costas, sabe? Mas, isso também é o meu combustível, pra sempre manter meu pé no chão e em órbita aqui, sempre me manter no eixo”, disse.A

É com os pés no chão que o DJ fala sobre um dos acontecimentos mais recentes que deve marcar para sempre a sua vida. Em um intervalo de uma semana, Alok perdeu o filho que estava com quase dois meses de gestação e sofreu um acidente de avião no último domingo, 20. “Quando eu vi aquele milagre acontecendo neste final de semana agora, eu entendi tanta coisa por trás, que eu estou no caminho certo, que estou fazendo as coisas certas, que eu não preciso poupar esforços para fazer o que estou fazendo. Claro que a minha realidade nunca mais vai ser a mesma, ela vai ser sempre muito mais interessante, e eu sou muito grato por ter mais uma chance”.

E para os fãs de Alok, um conselho: é melhor aproveitar até o fim deste ano para ver o artista tocando nas pistas brasileiras. De acordo com o produtor musical, no ano que vem, ele deve passar a maior parte do tempo no exterior. “No segundo semestre para frente vai sair muita música focada no mercado internacional, muita! E também parcerias com artistas que estão em muita ascensão lá fora. Então, eu acho que o ano que vem, mais do que nunca, vai ser o que eu chamo de internacionalização do Alok”.

Confira a entrevista completa:

O que o público pode esperar da sua apresentação na noite no prêmio? Você preparou algo especial?

Estou trazendo um crossover, uma mistura do orgânico com o eletrônico. Então, a primeira parte é mais orgânica, trazendo orquestra, piano também – eu entro tocando ali [no piano]. O segundo momento já é um momento mais energético, eu acelero. Inclusive, a Ocean, ela vai para uma versão bem mais acelerada, mas, mais alegre também. Então eu faço essa mistura, começa mais orgânica, mais original, depois vem com uma parte mais energética.

Você foi indicado ao MTV Miaw em duas categorias: clipe do ano e artista musical e disputa com outras feras em ambas categorias. Eu gostaria que você falasse um pouco sobre a importância desse prêmio e desse reconhecimento.

Eu fico feliz em ser um dos indicados para representar [uma categoria]. Eu fico feliz que o que eu faço diariamente acabou saindo do meu estúdio e virando uma realidade para muitos. E, na verdade, eu nunca esperava que um DJ fosse disputar um prêmio desse. Mas, eu me vejo mais que um DJ, eu me vejo como um produtor musical, então condiz com a premiação. E eu acho que toda forma de reconhecimento de trabalho é sempre uma forma de resposta do que a gente está fazendo, como se fosse: ‘Pô!, estou no caminho certo, estou sendo reconhecido por aquilo que eu faço, aquilo que eu amo’. Então, eu acho que independente de eu ganhar ou não, só o fato de eu estar tendo essa representatividade e esse reconhecimento, para mim, já basta.

Se você não estivesse concorrendo, em quem você votaria para cada uma das categorias?

Para clipe do ano concorrem: Vai Malandra (Anitta, Mc Zaac, Maejor ft. Tropkillaz & DJ Yuri Martins); Big Jet Plane (Alok & Mathieu Koss); Flutua (Johnny Hooker com participação de Liniker); Milk & Honey (Tropkillaz com participação de Aloe Blacc); AMADMOL (Projota).

Anitta, por exclusão, já que não vi ainda os clipes que estão concorrendo. Até já ouvi as músicas, mas sou mais ligado no Spotify, não vi os clips.

Para artista musical concorrem: Anavitoria, Anitta, Iza, Mc Kevinho, Ludmilla, Nego doBorel e Pabllo Vittar, além de Alok 

Sabe o que rola, cada um aqui tem o seu mérito, cada um aqui deveria ganhar por reconhecimento. Anavitoria, que traz um tipo de som bem singular, eu escuto viajando, a todo momento, faz parte da minha trilha sonora realmente. A Anitta nem se fala, Kevinho também, é um cara que vem quebrando diversas barreiras . . Tá difícil, hein! Não sei quem eu escolheria aqui não, me desculpe. [Pausa para pensar] Ixi!, não pode pular essa resposta, não? Difícil.

Eu acho que todos merecem, por cada um expressar uma arte diferente e por mais que eu não acompanhe as músicas de alguns aqui, eles estão muito em evidência, levando uma legião de seguidores, de pessoas que se sentem representadas por aquilo. Então é complicado… Muitas pessoas se sentem muito representadas por Pabllo Vittar, por exemplo, e de uma forma que é muito mais do que a música, pela representatividade dele, pelo que ele é. Outras pessoas se sentem muito tocadas pela Anitta, pelo que ela exerce, pela influência que tem, por tudo que ela levanta de bandeira. Então, por isso, acho que o artista é muito mais do que a música.

Se eu tivesse que escolher pela música, talvez eu ficasse com Anavitoria, por ser o que eu ouço mais diariamente. Mas a Anitta também está em todos os lugares. Talvez eu ouça tanto Anitta porque ela já está em todos os lugares. Ela já chega até mim antes de eu acessá-la. O Kevinho também é outro fenômeno. Então, eu não voto no artista só pela música, mas voto pelo conjunto, pela personalidade. Já cheguei a amar artista e descobri que a personalidade dele não era aquilo que eu esperava, e daí já não conseguia gostar mais… Artista tem um poder muito grande de influência. Por isso não consigo escolher um, votaria em todos!

Em 2017 foi eleito pela Forbes Brasil como uma das 91 pessoas mais influentes do País com menos de 30 anos. Como você encara essa responsabilidade? Algo mudou na forma como você se impõe ou se posiciona – pensado que suas ações podem e vão influenciar outros jovens?

Direto eu sou posto a essas situações, não só com a análise da Forbes, mas como representante nacional entre os 20 do mundo… São momentos assim que eu me sinto como com um piano nas costas, sabe? Mas, isso também é meu combustível, pra sempre manter meu pé no chão e em órbita aqui, sempre me manter no eixo. Eu não posso sair da curva agora, eu tenho que manter sempre o controle da situação. Então, eu acho que essa é uma forma de me manter no eixo. Sempre eu preciso ter em mente que se eu cair, tem muita coisa aberta, tem muita gente que cai atrás de mim, é uma responsabilidade maior que sempre me ajuda a me manter focado.

Com apenas 26 anos, você percorreu e espalhou o seu “Brazilian Bass” por todos os continentes e colocou, definitivamente, o País no cenário da música eletrônica. O que os seus fãs podem esperar de novidade por esse ano?

Ano passado a gente teve uma sessão muito grande fora [do País], Por causa das músicas que acabaram sendo tocadas em todos os lugares, A Her Me Now, por exemplo, abriu muitas portas, inclusive para outras músicas também. E aí, aconteceu que no Brasil também houve essa explosão toda e eu fiquei bastante focado aqui do final do ano até agora e fui pouco para fora. Agora, do segundo semestre para frente vai sair muita música focada no mercado internacional, muita! E parcerias com artistas que estão em muita ascensão lá fora [não revelou nenhum]. Então, eu acho que o ano que vem, mais do que nunca, vai ser o que eu chamo de internacionalização do Alok.

Ano passado eu fiquei sete meses fora. Este ano eu quis ficar mais no Brasil, e ano que vem vai ser, com certeza, mais fora. Não tenho dúvida, vai ser um ano com pouca data no Brasil, já estou prevendo, por tudo que está rolando.

Recentemente, você passou por situações muito delicadas na sua vida pessoal (perda do filho e acidente de avião). Esse tipo de situação, quando acontece, costuma mudar muito da nossa forma de pensar e ver o mundo. Essas, digamos, cicatrizes que a vida nos deixa, poderão ser refletidas nos seus trabalhos futuros, assim como vimos o clipe de Hear Me Now, que mostra a relação entre um garoto e seu pai com mal de Alzheimer, e que você já disse ter se inspirado em sua avó, morta em 2016, e também em Ocean, cuja letra foi inspirada na trajetória de uma fã, chamada Ana Paula?

É engraçado porque as pessoas costumam falar assim: ‘quando eu passei por um momento de vida ou morte, eu mudei a concepção da minha vida’. Mas eu não mudei nada. Isso [o acidente] só reforçou aquilo que eu já acreditava. E deixou só mais claro, só mais nítido, tudo aquilo que eu faço diariamente. Inclusive, quando rolou ali o que eu chamo de milagre – e de verdade, eu sou super cético e não acreditava nisso -, mas quando eu vi aquele milagre acontecendo neste final de semana agora, eu entendi tanta coisa por trás, que eu estou no caminho certo, que estou fazendo as coisas certas, que eu não preciso poupar esforços para fazer o que estou fazendo, que eu posso continuar fazendo as coisas filantrópicas que eu estou fazendo, porque eu estou no caminho certo.

Claro que a minha realidade nunca mais vai ser a mesma, ela vai ser sempre muito mais interessante, e eu sou muito grato por ter mais uma chance e isso só me deu mais combustível para seguir com o meu propósito, só que de uma forma mais intensa, entende? – Eu falo de intensidade, não no sentido de que eu quero ter mais dias na minha vida, o que eu quero mesmo é ter mais vida nos meus dias.

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