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Dívida de R$ 7,3 mi tramita na Justiça

ALFREDO RISK

A dívida da taxa de geren­ciamento do transporte cole­tivo que o Consórcio PróUr­bano tem com a prefeitura de Ribeirão Preto já totaliza R$ 7,3 milhões. O repasse consta no contrato de concessão assi­nado em maio de 2012 e pre­vê o repasse de 2% ao mês do valor arrecadado com as pas­sagens de ônibus, cerca de R$ 200 mil por mês.

Desde abril de 2016, por for­ça de decisão judicial em caráter liminar favorável ao consórcio, o pagamento está suspenso. Em 2017, a Corte Especial do Su­perior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) para suspender liminar do Tri­bunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) que afastou a exigência da taxa de gerenciamento e fis­calização do serviço executado pelo PróUrbano. A decisão do colegiado foi unânime.

A concessão da liminar pelo TJ/SP atendeu a pedido do gru­po concessionário. O consórcio alega que o município, por meio da Transerp, cobra irregular­mente 2% sobre o seu fatura­mento mensal a título de taxa de gerenciamento e fiscalização. Na época, segundo o supe­rintendente Antonio Carlos de Oliveira Junior, desde abril de 2016, quando conseguiu a decisão judicial favorável, o PróUrbano deixou de pagar a taxa prevista no contrato. Diz que estava sendo tributado em duplicidade por já recolher o Imposto Sobre Serviços (ISS).

Oliveira Júnior destacou que a taxa de gerenciamento consta de uma cláusula do contrato de concessão – a verba é para remu­nerar os serviços de fiscalização do cumprimento do contrato (fiscais e funcionários do Centro de Operações). O grupo diz que se obteve a liminar é porque está com a razão. A Secretaria Mu­nicipal de Negócios Jurídicos recorreu ao STJ sob o argumen­to de que o pagamento seria imprescindível por ser a única fonte de receita para o custeio operacional da Transerp. Além disso, segundo o município, a taxa paga pela concessionária já compõe o valor da passagem cobrada do usuário do trans­porte coletivo.

O Consórcio PróUrbano também argumenta que a admi­nistração da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) não estava pagando parte do subsídio da gratuidade do transporte coleti­vo para os estudantes. Ribeirão Preto tem 13.061 estudantes de escolas públicas cadastrados com direito à gratuidade e, se­gundo a prefeitura, atualmente este repasse está regularizado.

Depoimento – Na última terça-feira, 26 de fevereiro, em depoimento na Câmara de Ve­readores, Oliveira Júnior afir­mou que a empresa municipal aguarda a decisão final da jus­tiça sobre o assunto. O superin­tendente foi ouvido em sessão extraordinária realizada a partir de um requerimento de Marcos Papa (Rede), aprovado em ple­nário e transformado em pro­jeto de resolução pela Mesa Di­retora. Ele presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o tema (CPI do Transporte).

Na audiência, em resposta aos questionamentos de Papa, o superintendente também admitiu que a Transerp não tem corpo técnico qualificado para auditar a contabilidade das empresas que compõem o consórcio, e informou que a auditoria é realizada, a cada três meses, por técnicos da Se­cretaria Municipal da Fazenda.

Segundo Oliveira Júnior, a Transerp indicará à Secretaria Municipal de Administração a contratação de uma empresa para estudar o contrato do trans­porte público e apontar quais cláusulas contratuais devem ser alteradas. Também está estu­dando o custo dessa contratação. A expectativa é que a licitação seja aberta em março. Uma das cláusulas do contrato firmado entre a prefeitura, a Transerp e o PróUrbano permite repactua­ções a cada cinco anos.

Defensor de diversas altera­ções no contrato, Marcos Papa há meses cobra publicamente essa repactuação. Ele também enviou um ofício ao prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) afirmando que o sistema é ruim e incompatível com o valor co­brado pela passagem de ônibus, necessitando que várias cláusu­las sejam revistas, dentre elas a que estabelece que o PróUrbano administre o telefone 0800 para recebimento de críticas dos usu­ários do transporte público.

Dados do PróUrbano reve­lam que 150 mil passageiros uti­lizam diariamente o transporte coletivo. O grupo é formado pelas empresas Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%). Atualmente, opera 119 linhas com 356 veículos. A ta­rifa sofreu reajuste de 6,33% em setembro, saltando de R$ 3,95 para R$ 4,20, aporte de R$ 0,25. O grupo foi procurado pelo Tri­buna, mas a reportagem não ob­teve retorno.

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