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Distrito Empresarial vira palco de rachas e manobras

Chega o final de semana e as ruas da terceira etapa do Distrito Empresarial Prefeito Luiz Roberto Jábali recebem um movimento bem diferente daquele registrado durante a semana. Saem de cena traba­lhadores e empresários que de­sempenham suas atividades nas empresas lá instaladas e entram grupos de motociclistas.

Nos finais de semana, alga­zarra e desrespeito às leis fun­damentais do Código Nacional de Trânsito (CBT) são comuns. Os chamados motoqueiros criaram lá uma espécie de ter­ritório sem lei. Eles exibem suas motos de todos os tipos e quan­tidades de cilindradas.

Motoqueiros passaram a usar as ruas da nova etapa do Distrito Empresarial, com bom asfalto e sinalização, para cometer infrações em troca de 15 minutos de fama
A infraestrutura do Distrito Empresarial acabou atraindo visitantes indesejádos

Realizam manobras arrisca­das, como empinar e percorrer as ruas da terceira etapa do Dis­trito Empresarial apenas sobre uma roda. E, em muitos casos, sem as mãos. Segundo o artigo 244, inciso III, do CBT, empinar moto ou, em outras palavras, conduzir a motocicleta equili­brando-se apenas em uma das rodas é considerada infração gravíssima, com penalidades bastante rígidas.

Outros se reúnem para disputar corridas em alta ve­locidade. Excesso de veloci­dade de até 20% acima do li­mite permitido é considerada infração média e, como tal, tem multa de R$ 130,16. Além disso, gera quatro pontos na carteira. Excesso de veloci­dade entre 20% e 50% acima do limite permitido é consi­derada uma infração grave, gerando multa de R$ 195,23 e quatro pontos no prontuário. Excesso de velocidade acima de 50% do limite da via ou da indicação do radar é infração gravíssima. Nesses casos, a multa é multiplicada por três e chega a R$ 880,41, podendo causar a suspensão da CNH. As três tipificações constam do artigo 218 do CBT.

Muitos não usam sequer o capacete, item obrigatório para quem vai andar de moto, seja como piloto, seja como passageiro. Não raramente, é possível ver uma moto com até três pessoas equilibrando­-se apenas na roda traseira.

Muitas das novas empresas a ocupar o local ainda estão com obras de edificação
Depois da algazarra, lixo fica espalhado pelas ruas do empreendimento

A sessão de exibicionismo só acontece porque tem plateia. Muitos vão lá só para assistir. E levam comidas e bebidas – inclusive alcóolicas. Mais um desrespeito às leis de trânsito é verificado. Muitos motoquei­ros consomem cerveja e outras bebidas alcóolicas enquanto se arriscam nas manobras.

Se algum carro passa no meio dos arruaceiros, eles o seguem, empinando as motos ao lado do veículo, explicita­mente para intimidar o mo­torista. Muitos preferem não passar pela região onde ocor­rem as constantes infrações, durante os finais de semana.

E a ousadia ainda vai além. Até um perfil em rede social é usado para desafiar e divul­gar as infrações: https://www.instagram.com/explore/loca­tions/1876878489206064/dis­trito-industrial-rp?igshid=­MDJmNzVkMjY=. Em média, por final de semana, cerca de 500 pessoas se reúnem para as exibições. Mas já houve even­tos com mais de 1.000 pessoas reunidas.

História
O Distrito Empresarial foi inaugurado em 27 de setem­bro de 2006, em sua primeira etapa. Desde então, não cessa o interesse de grandes indús­trias se instalarem na região. O planejamento do Distrito Empresarial levou em consi­deração sua localização estra­tégica. Está próximo ao aero­porto Leite Lopes, à Rodovia Anhanguera e ao Anel Viário Norte. Atraiu dezenas de em­presas que, juntas, geram mi­lhares de empregos.

A terceira expansão foi entregue pelo atual prefeito, Antônio Duarte Nogueira. O local foi preparado pela pre­feitura de Ribeirão Preto que entregou a expansão em 18 de julho de 2018. Esta nova etapa conta com uma área de 605 mil metros quadrados que receberam obras de in­fraestrutura, com quase seis quilômetros de pavimentação asfáltica, canalização do cór­rego do Simioni, entre outros benefícios.

Na ocasião, Nogueira des­tacou a importância da nova etapa. “Eu acredito que com es­ses lotes ainda à disposição nós teremos oportunidade de gerar aqui no Distrito Empresarial mais 5 mil empregos, o que não é pouco pelo momento que es­tamos vivendo em nosso país”, previu o prefeito.

Um perfil no Instagram é usado para divulgar abusos praticados

Ocupar a Polícia Militar
Para defender os interesses das empresas e empreendedo­res, foi criada a Associação de Desenvolvimento do Distrito Empresarial de Ribeirão Pre­to (Adderi). E os diretores da associação estão preocupados com os festivais clandestinos de motociclismo.

Além de transformarem a área em “motódromo”, os gru­pos que frequentam o local aos finais de semana também trouxeram vários problemas. Um deles é a situação em que o Distrito Empresarial fica após cada seção de desrespei­to ao CBT.

Todo o lixo de salgados, bebidas e outras embalagens é deixado nas ruas e calçadas, sem a menor preocupação. Além disso, há vários vânda­los no local e começa a haver furtos de fiação, relógios de energia e até de materiais de obras de edificação.

Por conta da situação, a associação contratou uma empresa de ronda, que está inicialmente operando aos fi­nais de semana, com o objeti­vo de minimizar o problema. No final de semana de 11 e 12 de fevereiro, por exemplo, a empresa de ronda conseguiu impedir um furto. Os vigias surpreenderam dois homens tentando arrombar uma obra. Mas é um custo que, se hou­vesse uma solução definitiva para o problema, não seria necessário arcar.

Os infratores demons­tram que não têm medo. Já há vários registros de furtos e vandalismo, com relógios e caixas de energia quebrados. Há também relatos de que muitos motoqueiros sequer utilizam os capacetes ao fazer manobras arriscadas e perigo­sas. Inclusive há denúncias de menores de idade pilotando motos e sem capacete.

O problema acaba acar­retando mais trabalho para a Polícia Militar. A Corporação acaba constantemente sendo acionada por empresários e tem que atender mandando viaturas para o local, com o objetivo de coibir as práticas que contrariam as normas de trânsito. Ou seja, por conta da desobediência de uns, a PM, que já tem muito trabalho no combate à criminalidade, aca­ba acumulando mais um.

O pior é que relatos mos­tram que, se poucos policiais vão até o local, os moto­queiros demonstram não ter muito medo e até desafiam os PMs. A questão é que o simples deslocamento de uma guarnição é custo para o contribuinte. E pode deixar uma situação que ocorre nes­te exato momento, sujeita a espera por atendimento.

Ocorrências atendidas conforme gravidade
Em nota, a Polícia Militar informou que tem executado diuturnamente, o policiamento ostensivo e preventivo em toda a cidade de Ribeirão Preto visando proporcionar segurança da comunidade em geral, inclusive no Distrito Empresarial.

Sobre o policiamento, informou que “é totalmente planejado com base em dados extraídos das ferramentas de inteligência que vão eleger as Áreas de Interesse de Segurança Pública (AISP) que nortearão a execução das ações preventivas de policiamento.”

Ainda acrescentou que realiza programas de policiamento com a Força Tática e Rádio Patru­lhamento com motos, além da Operação Impacto e Operação Impacto Adaga, que têm como objetivo combater diversos tipos de crimes, buscando ampliar a percepção social da segurança por meio das ações planejadas de visibilidade.

“No que tange ao caso comen­tado, deve-se esclarecer que as ocorrências são atendidas conforme a gravidade. Uma vez gerada, a ocorrência deverá ser atendida por uma Unidade de Serviço. Sendo assim, é impor­tante observar sobre a neces­sidade de comunicar a Polícia Militar, via 190, sobre a quebra da ordem, a fim de restabelecê­-la”, reportou em nota.

Órgãos municipais também se manifestam
Procurada, a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) in­formou que a prática de rachas em vias públicas é uma questão de segurança pública, à qual a Polícia Militar deve ser acionada a fim de coibir. Para situações como essa, a Transerp orienta que a população denuncie pelo telefone 190.

Através do programa Siga Cons­ciente, de educação de trânsito, a Transerp orienta os conduto­res a respeitarem as sinaliza­ções e limites de velocidades das vias municipais para evitar acidente e garantir um trânsito mais seguro.

Sobre o lixo deixado pelos motoqueiros, o Departamento de Limpeza Urbana garante que realiza constantemente a limpeza e manutenção do local. “De acordo com o cronograma da pasta, a vistoria foi no­vamente realizada na última segunda-feira, dia 13 de março, e até o fim dessa semana (18 e 19 de março) o serviço de limpeza será realizado”, informa em nota, que acrescenta ser possível denunciar pelo telefone 156, do Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM) ou pelo 153, da Guarda Civil Metropolitana.

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