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Disciplina e corresponsabilidade!

O novo coronavírus, nada bem-vindo, tem sido compa­rado por um razoável grupo de sociólogos a uma real guerra mundial. Impõe ao povo de todas as nações disciplina e corresponsabilidade!

Um amigo muito querido contou-me que seu filho vive numa cidade com mais de 5 milhões de habitantes na China. O jovem que conversa com seus familiares frequen­temente por videoconferência demonstrou-se muito preo­cupado com o povo brasileiro, desde o início da pandemia, quando o mundo foi conclamado ao isolamento e distancia­mento social.

Naquela cidade chinesa ficaram três meses isolados, sem saírem de suas residências e, antes de voltarem às ruas, leva­ram outras três semanas para adaptarem-se aos protocolos sugeridos pelas autoridades sanitárias como o uso contínuo de máscaras, a higienização e a não aglomeração das pessoas. Dos mais de 5 milhões apenas 50 foram contaminados, sem nenhum óbito registrado.

É bem verdade que a cultura oriental é muito diferente da nossa, que vivemos num país tropical. Os brasileiros chamam à atenção dos turistas pela hospitalidade, alegria, cordialidade, manifestação de bem-querer como abraços, beijos e o chamado “toque” entre as pessoas. Somos um povo amoroso e no bom sentido da palavra “quente”, que na verdade significa caloroso.

Nos três anos e meio em que vivi na Alemanha senti certa dificuldade, no início, por não poder demonstrar gratidão e simpatia com um abraço ou pelo menos um sincero aperto de mão. Já os italianos se parecem um pouco conosco. No transporte público em Roma, os jovens não fazem cerimônia: estando o coletivo lotado, um senta no colo do outro, cumpri­mentam-se aos beijos na face e, sem malícia alguma.

Mas, isso, doravante terá de mudar, prevenindo-nos para evitar que sejamos contaminados e ter o zelo pela vida do outro, que poderia conosco se contaminar. Enquanto não chegar uma vacina eficaz, não teremos como abrir mão do bom senso com disciplina e corresponsabilidade!

A flexibilização, a reabertura do comércio, dos serviços não considerados essenciais e nem por último, no tempo oportuno nossas celebrações fisicamente presenciais, só evita­rão que a covid-19 tenha a última palavra, se nos esforçarmos pela valorização da própria e da vida dos outros. Não emito juízo de valores e nem me desgasto em discutir a minimiza­ção ou polarização da pandemia.

É sim, lamentável, politizar ou tirar proveito de milhares de vidas ceifadas por um vírus invisível, letal e que atingiu milhões de pessoas mundo afora. Lamento igualmente ouvir pessoas dizendo que já não conseguem mais ouvir falar no coronavírus e nos números de contaminados ou falecidos.

O cansaço e a demora em descobrir uma vacina eficiente nos deixa vulneráveis, e muitas vezes insensíveis até que números deixam de ser estatísticas, e assumem nomes pró­prios, como pessoas de nossas relações familiares, amigos ou conhecidos.

Não nos deixemos vencer pelo desânimo ou pela indife­rença. Não nos deixemos iludir por quem quer que seja. Não briguemos uns com os outros. Renovemos isso sim, nossa esperança de que chegará o dia em que tudo isso passará e se­guramente, dependendo de nossa disciplina e corresponsabi­lidade, novamente poderemos com sinceridade nos abraçar!

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