Tribuna Ribeirão
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Diretora da Precisa nega ilegalidade em contrato

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, a dire­tora técnica da empresa Precisa Medicamentos, Emanuela Me­drades, disse nesta quarta-feira, 14 de julho, que a empresa não ofereceu US$ 10 pela dose da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Bio­tech e negociada com o Ministé­rio da Saúde.

O valor consta de documen­to encaminhado pelo ministério ao colegiado, com memorial de uma reunião realizada no dia 20 de novembro do ano passado, . O documento, com o memorial da reunião, foi lido pelo vice-pre­sidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e diz que o medicamento foi oferecido por US$ 10 a dose e que, em razão do montante elevado de doses, esse valor poderia ser reduzido.

O imunizante foi a vacina mais cara negociada pelo go­verno até agora, pelo preço de US$ 15 por dose. Em junho, o Ministério da Saúde suspendeu o contrato de compra da Co­vaxin, após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU). “Existia a expectativa de que o valor da vacina che­gasse a US$ 10. Não sei porque colocaram que custava US$ 10, porque não foi ofertado este valor. Nem a Precisa nem a Bharat”, disse Emanuela.

De acordo com a diretora, o primeiro valor oferecido por dose da vacina ao governo brasi­leiro, no valor de US$ 15, foi apre­sentado em 12 de janeiro 2021. A diretora da Precisa disse ainda que o preço da Covaxin atendeu à precificação da Bharat Biotech. Ela acrescentou que a Precisa não tem governabilidade sobre os preços, mas que mesmo assim traba­lhou para reduzir o valor.

“A política de precificação é da Barath Biotech, a Precisa não atua na precificação. O que nós tentamos foi o tempo todo tentar reduzir esse custo. Tenho registros por e-mail, nós temos reunião”, disse. Questionada pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre por que as ne­gociações para a compra da va­cina tiveram o andamento mais rápido que as de outros imuni­zantes, ela disse que a Precisa aceitou todas as condições im­postas pelo Ministério da Saúde.

Em resposta ao senador Flavio Bolsonaro (Patriota-RJ), Emanuela Medrades, afirmou que o ex-secretário-executivo da Saúde Elcio Franco por “diversas vezes” solicitou a redução no va­lor da dose da vacina Covaxin, a antecipação da entrega e uma quantidade maior de vacinas da Bharat Biotech. “Por diversas vezes ele pediu que o preço fos­se reduzido, que as quantidades aumentadas, e a entrega anteci­pada”, respondeu a diretora.

A CPI da Pandemia vai re­querer o contrato de represen­tação entre as empresas Precisa Medicamentos e a Bharat Bio­tech. O pedido foi feito após questionamentos a Emanuela Medrades sobre como seria efe­tuado o pagamento da empresa que atuou como intermediária na aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana Co­vaxin, produzida pela Bharat.

Emanuela também disse que a primeira versão da invoi­ce (nota fiscal internacional) da Covaxin foi enviada ao Mi­nistério da Saúde no dia 22 de março e não no dia 18 de março, conforme afirmou o consultor técnico do Ministério da Saúde William Santana, em depoi­mento ao colegiado. Diante da contradição, os senadores discu­tiram a possibilidade de acarea­ção entre a diretora e Willian.

“Provei e provo mais uma vez que essa invoice só foi en­viada no dia 22 [de março]. Desafio William Amorim e Luis Ricardo Miranda a pro­varem que receberam dia 18, porque eles não vão conseguir. Estou disposta inclusive a fazer uma acareação”, afirmou.

Na sexta-feira (9), o consul­tor da Organização Pan-Ameri­cana da Saúde (Opas) William Santana, que atua junto ao Mi­nistério da Saúde como técnico da Divisão de Importação do Departamento de Logística, dis­se à CPI que as informações en­viadas pela Precisa Medicamen­tos, ao ministério, para compra da vacina Covaxin continham diversos erros e inconsistências.

O depoimento de Emanuela ocorreu ontem após a direto­ra técnica da Precisa ter ficado em silêncio na terça-feira (13). Com isso, a reunião chegou a ser suspensa pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Os trabalhos foram retomados no final da tarde de anteontem, mas Aziz atendeu ao pedido para adiar o depoimento feito pela diretora da Precisa, que alegou estar “exausta”.

Ao iniciar o depoimento nesta quarta-feira, Emanuela afirmou não haver ilegalidades na sua atuação no caso da Co­vaxin. “Não existem ilegalidades, não existem irregularidades”, enfatizou a diretora. “Faço ques­tão de falar tudo”, acrescentou. De acordo com Emanuela, os primeiros contatos da Precisa com a Bharat começaram em julho de 2020 e foram aumen­tando conforme a evolução do estudo clínico da vacina.

Em outubro foi firmado um termo garantindo a represen­tação da vacina para a Precisa. Além da diretora Emanuela Me­drades, estava programado para esta quarta-feira o depoimento de Francisco Maximiano, só­cio-administrador da Precisa Medicamentos. Mas, de acordo com o presidente da comissão, a oitiva foi adiada para agosto. CPIs devem emparedar governo até 2022. O presidente do Se­nado, Rodrigo Pacheco (DEM­-MG), decidiu prorrogar o fun­cionamento da CPI por 90 dias.

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