Tribuna Ribeirão
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Dia oito: A revolta dos Tupiniquins

*Tarcísio Corrêa de Melo

Foi no oitavo dia do primeiro mês dum ano não tão distante que esta nação Tupiniquim se viu em seu mais violento embate. Silvícolas com seus penachos verde/amarelos e de caras pintadas se acercaram da grande oca do cacique. Bradavam por justiça e democracia, mas seus brados nunca eram ouvidos.

Vinham de todos os cantos da nação, montados em cavalos, carroças ou mesmo a pé, mas, estavam todos lá diante da grande taba. Queriam apenas que suas vozes fossem ouvidas pelos guerreiros de sua tribo, os quais haviam jurado lealdade ao povo tupiniquim. Os guerreiros permaneciam impávidos em suas ocas de guerra e até pareciam  que marchariam junto com os demais silvícolas rumo à grande oca do cacique; cantos ritualísticos foram entoados defronte a oca dos guerreiros, porém, eles permaneciam lá, só observando a movimentação da tribo, alguns até ensaiavam cartar junto com o povo, mas, o medo minguava seus cantos.

O dia amanheceu lindo, parecia que o poder que emanava do povo teria seu dia de glória e, vagarosamente a tribo tupiniquim marchou para a grande oca. Estavam eufóricos, mas sem intenção de peleja. Só queriam justiça.

Correu a notícia que o novo Cacique havia corrido para o ninho das araras, no interior da terra das bandeiras, e que havia deixado a ordem para que o gordo Pajé conclamasse ajuda dos índios de pele vermelha para resolver a contenda.

Os Pele Vermelha, como saúvas famintas, saíram destroçando a grande oca, arrebentando tudo o que viam pela frente, porém tinham medo da chegada dos tupiniquins. Foi aí que o Gordo Pajé deu a ideia: Vamos tirar nossos penachos vermelhos e substituir as penas de papagaio e nos misturar à grande tribo. Eles até facilitaram a entrada dos marchantes à grande oca e se misturaram aos índios bons, incitando-os à desordem e a baderna.

O deus nos acuda estava instalado, ninguém comandava a horda mestiça de tupiniquins e peles vermelhas infiltrados, o caos foi geral e não havia guerreiros suficientes para apaziguar os ânimos. Alguns até questionaram a não presença dos guerreiros para defender a grande oca, mas: ordens são ordens e o gordo Pajé assim havia determinado.

Foi o pior dia para a nação Tupiniquim que além de não resolver a questão com do Cacique fujão tiveram que voltar a pé, marchando para defronte das ocas dos guerreiros, onde já havia sido preparado um grande festim com diversas frutas, principalmente daquelas grande e redondas conhecidas como jacém. Com a barriguinha cheia os nativos foram instruídos a subirem nas carroças para que fossem levados a uma clareira para sestear.

Porém o jacém estava podre, e quem comeu foi acometido de um grande desarranjo que dificilmente será esquecido pela tribo sendo que naquele dia mais de mil Tupiniquins padeceram deste mau e até hoje uma pequena parcela daqueles bravos índios ainda se encontra sofrendo das moléstias oriundas do dia da invasão da grande oca.

O Cacique e sua Cunã continuam em suas andanças pelas terras distantes e o Gordo Pajé continua cada vez mais gordo comandando a nação com o feiticeiro Sem Cabelo.

*Tarcísio Corrêa de Melo é Empresário, Jornalista e Administrador de empresas.
Superintendente da Distrital Sudoeste da ACIRP

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