Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Em 1999, a UNESCO, agência da ONU para a difusão da cultura e ciência no mundo, propôs instituir o dia 21 de fevereiro como comemorativo à Língua Materna., o que foi adotado pela Assembleia Geral da organização, passando então a data a ser observada por todos os países.
A motivação que levou ao ato da UNESCO partiu do reconhecimento da luta do povo do Paquistão Oriental pela declaração de que sua língua nativa e oficial era o bengali, depois de várias e dolorosas lutas com o Paquistão( são dois países: o Paquistão e o Paquistão Oriental, hoje Bangladesh ).
O reconhecimento da data como comemorativa da língua materna foi a solução encontrada pela ONU para deixar claro a importância de cada povo poder ter reconhecida sua língua.
A língua é integrante fundamental da cultura de um povo. Sem ela, não existe a nação, que ainda se compõe das tradições, usos e costumes que unem uma comunidade de pessoas, num determinado território.
As línguas oficiais faladas nos países podem ser autóctones, ou recebidas de colonizadores, como é o português que falamos. Ela é dinâmica, sofre influência de outras culturas, incorporando estrangeirismos e formas particulares de expressão.
Em São Paulo, existe um museu que merece ser visitado por todos, o da Língua Portuguesa, localizado em parte da Estação da Luz. Na primeira vez em que lá estive, pensei que iria encontrar um museu meio enfadonho, com temática um pouco cansativa e sem atrativos, pois o tema é árido. Ledo engano.
Ele apresenta a importância do português no mundo, espalhado por várias continentes pelos intrépidos navegantes lusos, de forma clara e que desperta o interesse dos visitantes. Acompanha-se o seu uso nos vários rincões da Terra, de forma atrativa, bem como as mutações que a língua sofreu, desde que o português se separou do galego, para se tornar língua autônoma.
Também mostra como os brasileiros contribuíram e contribuem para a modernização da língua, de tal sorte que hoje podemos dizer que há um português falado em Portugal e um português falado no Brasil, porém com as mesmas raízes.
Uma de suas atrações mais interessantes é a enorme árvore das línguas, que retrata a forma como elas surgiram e foram se dividindo, para constituir a diversidade de hoje. É impressionante notar que todas as línguas indo-europeias tiveram uma origem comum.
No nosso dia a dia, a comunicação é rápida e instantânea e nem percebemos a importância de nossa língua como amálgama da nação, elemento indispensável para nossa união como povo.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras