Está chegando o momento mais importante de qualquer sociedade democrática. Estamos, neste dia 4 de outubro, a três dias de uma eleição nacional, onde vamos escolher representantes para cinco cargos, sendo o de senador para dois novos integrantes. E eleição é sempre importante. Porque é quando o eleitor pode ser ouvido. Quando pode opinar livremente, de forma secreta e sem nenhuma amarra ou fiscalização que possa influenciar em sua decisão.
E esta eleição tem ainda contornos que a tornam mais significativa que outras de grandeza similar. É, por exemplo, a consolidação do maior período democrático do país, mesmo após o impeachment de dois presidentes. No entanto, ao mesmo tempo ela chega dois anos após o segundo impedimento, com suas consequentes implicações políticas, e dentro de uma crise econômica de proporções consideráveis.
É também neste cenário dos últimos anos, com investigações e prisões de lideranças políticas, que o eleitor encontrou motivos para exercer seu quase total descrédito nos políticos e nos partidos, quando chega a duvidar até de instituições que antes eram tidas por ele (eleitor) como livres de qualquer suspeita. A consequência é uma desesperança que incomoda o cidadão ao ponto de levar a um desânimo desagregador.
E é dentro deste clima cinzento que o eleitor é chamado a decidir qual futuro quer para o seu país. Um estado de coisas que não favorece muito a reflexão, a decisão calma que a situação exige. Há sempre o risco de decisões iradas, lastreadas no ódio e na possibilidade de uma imaginária vingança. Quando parte do eleitorado enxerga no voto a possibilidade de devolver a quem quer que seja as dores que julga ter recebido injustamente.
A decisão do voto, no entanto, não deve ser tomada levando em consideração apenas o momento vivido, com ingredientes momentâneos sem qualquer chance de durar por um período mais longo. A escolha deve ser resultado de conhecimento e reflexão. E a campanha que está terminando apresentou os candidatos, suas propostas e seus currículos de forma substancial e por vários meios de informação. Os indecisos têm ainda tempo para novas pesquisas até domingo, quando decidirá e oficializará o voto nos escolhidos.
E a busca da melhor solução política é exigida justamente quando há a necessidade de mudanças consistentes nos rumos do país. A disputa de domingo próximo é muito mais que uma sucessão pura e simples, como a de escolhas anteriores. Porque não se trata de uma definição simplória de “X” perder para “Y”. Ou fulano derrotar beltrano. É o futuro de milhões de pessoas que depende do que sairá das urnas, da vontade dos eleitores. Daí a importância do voto refletido, construído com tranquilidade, sem arroubos ou pobres vinganças.
Não menos importante é a forma de analisar o pleito de domingo. O voto nos candidatos ao Executivo – presidente e governadores – é relevante. Estes, entretanto não governam sozinhos. Representantes do Legislativo não são apenas para ocuparem as cadeiras de suas Casas. Eles podem, com ações e votações, ajudar a desenhar os rumos de um país melhor, além de apontar melhores alternativas. Assim como têm – na outra vertente – condições de levar à consolidação de uma administração ruim.
Logo, o voto bem refletido, pensado, leva em conta quem está capacitado a bem representar seus eleitores nas missões a eles delegadas. Seja para qual mandato for.
Como cidadão e político, o que posso desejar neste momento é que o nosso voto seja o melhor possível, independente da preferência de cada um. E que o resultado traga não apenas a esperança, mas todas as possibilidades de um Brasil melhor em todos os seus aspectos.