A Câmara de Vereadores aprovou nesta quinta-feira, 30 de abril, o projeto de lei que transfere o Dia das Mães, tradicionalmente comemorado no segundo domingo de maio – este ano será no dia 10 –, para 14 de junho, eventualmente após o fim do isolamento social que impôs a quarentena em Ribeirão Preto por causa da pandemia do novo coronavírus.
A proposta foi aprovada por unanimidade – apenas Adauto Honorato, o “Marmita” (Pros), não participou da sessão por licença médica. A ideia partiu do presidente do Legislativo, Lincoln Fernandes (PDT), e tem como objetivo ajudar os comerciantes da cidade, impedidos de abrir as lojas até 10 de maio, Dia das Mães, provavelmente perdendo a oportunidade de faturamento – a data é a segunda melhor para o setor, atrás apenas do Natal.
Na prática, a mudança possibilitaria investimento em campanhas e a recuperação de parte do prejuízo. Segundo o autor da proposta, com a mudança as atividades comerciais terão seus impactos negativos minimizados. Isso porque, devido ao isolamento social que obrigou o fechamento das lojas, o comércio de Ribeirão Preto foi amplamente atingido. Para virar lei, porém, depende da sanção do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que não deve impor restrições.
Os estabelecimentos comerciais com menos de 800 metros quadrados voltarão a funcionar apenas em 11 de maio. Ou seja, após a comemoração do Dia das Mães. Já os shopping centers e centros comerciais com mais de 800 m² só poderão abrir as portas novamente depois de 25 de maio. A alteração também já foi cogitada pelo governador João Doria (PSDB). Na semana passada, ele afirmou que o ideal seria a mudança para o mês de agosto, quando é celebrado o Dia dos Pais.
Entidades apoiam
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), Paulo César Garcia Lopes, ressalta que o Dia das Mães é a segunda data mais importante do calendário do varejo e a possibilidade de salvar o faturamento com a transferência da data, em caráter excepcional, é muito bem-vinda. Ele lembra que o Sincovarp e a Câmara de Diretores Lojistas (CDL-RP) já estavam discutindo a mudança há algum tempo.
Segundo André Luís Rezende, superintendente da CDL-RP, situações excepcionais exigem soluções criativas. “Foi com essa premissa que idealizamos essa alternativa de mudar excepcionalmente o Dia das Mães para 14 de junho. Não podíamos deixar essa data sazonal, importante para tantos lojistas, simplesmente passar apenas por ter caído no último dia da quarentena. Vamos pelo menos tentar, e para que dê certo iremos precisar do engajamento de lojistas e consumidores. Essa ação pode salvar empregos, minimizar prejuízos e fazer a roda da econômica sair dessa paralisia que já dura quase quarenta dias”, afirma.
A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) sugeriu duas possibilidades, sendo que a primeira seria a transferência para: 31 de maio, último domingo do mês. Mas apoia a mudança para o segundo final de semana de junho, que representaria o adiamento em aproximadamente um mês, coincidindo com a data de 14 de junho prevista no projeto de Lincoln Fernandes.
A Acirp fez uma pesquisa com 323 comerciantes e empresários em geral. Duas perguntas foram feitas aos entrevistados. Primeiro, se eles consideram favorável o adiamento da comemoração. São a favor da mudança 205 empreendedores (63,5% do total) e 118 são contra (36,5%).
Na segunda questão, foram oferecidas duas sugestões de data – 31 de maio e o segundo final de semana de junho. Na preferência dos participantes prevaleceu o adiamento para junho, opção escolhida por 90 empresários (43,9%). Outros 69 optaram pelo último domingo de maio (33,7%) e 46 alegam que estão indiferentes às datas (22,4%).
A presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Ribeirão Preto (Sincomerciários), Regina Pessoti Zagretti, é favorável à alteração. “Precisa-mos considerar que muitas pessoas foram demitidas desde que a crise de saúde se instalou. Portanto, muitos não têm condições de comprar no mês de maio. Temos que levar em conta que o próprio trabalhador é consumidor e precisa desse tempo para se readequar. Dessa forma (adiando para junho), teremos mais acertos na campanha desta, que é tão importante para o comércio”, defende.
“O Dia das Mães é a principal data para o comércio no primeiro semestre em termos de faturamento. E, considerando a atual conjuntura, sua realização sob portas fechadas implicaria, para a maior parte dos setores, em um aprofundamento adicional da recessão que já se anuncia, além de aceleração do processo já verificado de aumento do desemprego”, avalia o presidente da Acirp, Dorival Balbino.
Na tentativa de buscar uma solução unificada, a Acirp enviou ofícios à Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), além de outras entidades setoriais, sugerindo que se articulem com urgência para propor uma solução única para essa questão.