“Minha pátria é a língua portuguesa”, palavrou Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa(s). Corpo tocável. Serpenteia. Volteia. Falamos Português, pensamos em Português, sonhamos em Português e nos comunicamos em Português. Nosso mundo é um mundo em português: nosso idiomaterno.
Língua de mil cores, mil odores, mil sabores. “Última flor do Lácio, inculta e bela” recitou Bilac. “Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões” – cantou Caetano. Transpôs os muros de Roma, deslizou por bocas de menestréis e trovadores que a cantaram em canto da Europa até que, com padres e aventureiros, navegou para além-mar.
Antropofágica, deglutiu as línguas dos índios, as da negritude africana. Comeu pizza, sushi, quibe, salsicha, hambúrguer, macarrão. Bebeu uísque, vinho, arak, cachaça…
Camaleônica, tornou-se a oitava língua mais falada no mundo e a terceira maior expressão cultural da Europa. É a quinta língua mais usada para a comunicação nas redes sociais.
Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste são os países da Comunidade Lusófona. Têm uma população estimada em 360 milhões de falantes.
Por que se comemora o aniversário da Língua Portuguesa no dia da morte de Camões? Porque a obra de Camões é tão atemporal, quanto a língua que ajudou a conceber. Camões é “fogo que arde sem se ver”.
Foi a beleza e a pluralidade desta língua que produziu gênios como Mia Couto, Jose Roberto Agualusa, Ondjaki, Dina Salústio, Manoel Lopes, Pepetela, Paulina Chiziani, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Cora Coralina, Clarice Lispector, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Valter Hugo Mãe.
Nunca falamos como aqueles que nos colonizaram, mas a base da nossa gramática está no Português, portanto jamais poderemos abrir mão das nossas raízes, do nosso DNA, da matriz de tudo o que produzimos, do nosso idiomaterno.