André Luiz da Silva *
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Sim, segunda-feira é feriado! Pelos menos, nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo; Nas capitais Goiânia (GO) e Florianópolis (SC) e em diversos municípios da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins que respeitam o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e data importante para a reflexão sobre a história e a cultura afro-brasileira, a resistência e a luta dos negros contra a escravidão, a discriminação e a violência. Alguns projetos tramitam no Congresso para transformar a data em feriado nacional.
A história da humanidade é marcada por lutas por direitos e igualdade, mas, no caso dos negros, essa luta é ainda mais longa e árdua, pois por séculos, fomos submetidos à escravização, à discriminação e à violência. É importante ressaltar que a escravidão foi um sistema cruel e desumano que privou os negros de seus direitos fundamentais. Considerados propriedades de seus senhores, sem liberdade de ir e vir, de escolher seus nomes, religião, enfim, suas próprias vidas. A rotina era de trabalhos forçados, castigos físicos e humilhações.
Com o advento da abolição a desigualdade prosseguiu e os negros continuaram enfrentando grandes obstáculos para conquistar seus direitos. Submetidos à segregação racial, à violência policial, à discriminação no mercado de trabalho e destinados à margem da sociedade e às periferias das cidades.
Um marco importante na luta pelos direitos dos negros foi a Constituição Federal de 1988 que reconheceu a igualdade de todos os brasileiros, sem distinção de raça, cor, etnia ou religião. Nos últimos 35 anos, experimentamos avanços, mas os afrodescendentes, ainda, enfrentam desafios na luta por seus direitos fundamentais, basta observar a sub-representação na política, na economia e na cultura e, principalmente os intermináveis casos de <
span class="NormalTextRun SCXW40570268 BCX0">discriminação racial e violência.
Se no início a luta era por liberdade e a Constituição garantiu a igualdade, agora as demandas maiores são pela vida, segurança, educação, saúde e trabalho. A população negra (pretos e pardos) é a maior vítima de massacres, torturas e assassinatos. Também as vítimas de violência institucional e de grupos de extermínio. A limitação do acesso à educação e à saúde dificultam sua ascensão social e a qualidade de vida.
O Dia da Consciência Negra incomoda muita gente, especialmente os racistas, preconceituosos e aqueles que insistem em não enxergar que no país, ainda, existe discriminação racial. Mais do que um feriado ou um dia descanso, o 20 de novembro é dia de memória a Zumbí dos Palmares e todos os heróis e mártires negros, cuja maioria teve seu nome ocultado das páginas oficiais da história brasileira. As reflexões sobre aluta por direitos, justiça e igualdade não são resumidas a apenas um dia, nosso desafio é diário, especialmente, porque nos últimos anos observamos um recrudescimento da negação dos direitos de cidadania ocorrido como consequência do avanço do racismo e do fundamentalismo religioso.
O Dia da Consciência negra é também uma convocação para que as pessoas brancas reeduquem olhares e escutas ampliando o diálogo, desconstruindo privilégios, respeitando e reconhecendo a dignidade, conhecimentos, histórias e culturas dos afrodescendentes, tornando-se assim, agentes e parceiros no combate a todas as formas de racismo, preconceito e discriminação, seja na escola, no trabalho, no espaço público ou nas redes sociais. A união de forças é um grande passo para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista