José Eugenio Kaça *
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A mentira e a intriga são as principais ferramentas que o ser humano usa para conseguir manter e perpetuar o poder. As guerras, que muitas vezes destruíram populações inteiras, sempre foram construídas a partir de maledicências que transformaram em monstros horrendos aqueles que se opõem ao poder do dinheiro, e a maioria da população movida pela crença religiosa aceita com facilidade, e toma como verdade as pechas que colocam o opositor contra Deus, o aliado do demônio – e assim a evolução da espécie humana vive patinando.
Quando a religião criou os sete pecados capitais, deixou de fora a mentira, talvez por saber que a mentira ajuda a derrubar quem está no poder, e alicerça o caminho para mantê-los eternamente no poder. Os séculos se sucederam, e a ciência que era considerada inimiga mortal dos dogmas religiosos conseguiu seu espaço, e chegou ao século 21 produzindo a “inteligência artificial”, que está mudando a convivência humana. E este fato que deveria ser um marco para a humanidade está servindo como ferramenta para que a mentira chegue no seu mais alto nível.
A desigualdade social sempre foi a marca da convivência humana, e o poder coloca os seres humanos numa escala social de acordo com a cor da pele e sua origem, e com isso estabelecem a superioridade e supremacia raça branca. E quando em algum período está convivência fica mais harmônica, aparece a desarmonia, que coloca tudo no patamar anterior. As mentes diabólicas estão sempre de plantão, e sabem como convencer a maioria inculta que tudo deve ser mantido como sempre foi, pois afinal “Deus” quer assim.
A tragédia ambiental que assola o Rio Grande do Sul, está servindo para que os extremistas de direita desenterre seus demônios, e proliferem a principal arma que possuem – a mentira. Essa gente negacionista, que negaram a pandemia da Covid, e que vem a anos negando o aquecimento global, dizendo que é coisa de comunista, agora tripudiam em cima da tragédia do povo gaúcho. São delinquentes intelectuais e criminosos contumazes, e não tem nenhum pudor em espalhar notícias falsas, e depois “lacrar” nas redes sociais. Os otimistas achavam que a pandemia da Covid iria criar um novo ser humano, em que a solidariedade e a empatia fizesse parte integral do nosso cotidiano, mas o saudosismo dos tempos cruéis da Inquisição voltaram com força.
Os caminhos estão obstruídos pela crueldade e a maledicência destes extremistas, e para desobstruir e criar novos caminhos, onde a paz e a harmonia seja a principal bandeira é preciso investir na educação básica. O Movimento da Escola Nova de 1932, mostrou que temos condições de ter uma educação básica pública de excelente qualidade, pois temos os melhores teóricos do mundo nesta área. No entanto, o tempo passa e a coisa piora. O Estado de São Paulo, o mais rico ente federativo está tripudiando em cima dos nosso educandos, pois ao invés de usar os sabres pedagógicos dos mestres brasileiros – estão usando vídeos desta excrecência chamada “mbl” para orientar a formação dos alunos do ensino médio. A que ponto chegamos!
A omissão é a pior decisão de um ser humano. A união de todos que querem um País melhor, é fundamental, famílias, professores, alunos e comunidades têm que lutar por seus direitos. Não podemos esperar nada de auspicioso da extrema direita. Se continuarmos assistindo a tudo isso pacificamente, logo, logo estaremos no tronco!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação