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Descoberto planeta em órbita próxima do Sol

ESO-L. CALÇADA/COVER IMAGES VIA REUTERS CONNECT

Uma equipe de astrônomos encontrou evidências da exis­tência de outro planeta em ór­bita de Proxima Centauri, que é a estrela mais próxima do nosso Sistema Solar. Proxima Centauri está situada a apenas pouco mais de quatro anos-luz de distância. Este candidato a planeta é o terceiro detecta­do neste sistema planetário e o mais leve descoberto até agora em órbita desta estre­la. Com apenas um quarto da massa da Terra, o planeta também é um dos exoplane­tas mais leves já encontrados.

“Esta descoberta nos mos­tra que a nossa estrela vizinha mais próxima parece ter em sua órbita uma quantidade de planetas interessantes, ao al­cance de mais estudos e futu­ras explorações”, explica João Faria, pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, em Portugal, e líder do estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics de sábado, 12 de fevereiro.

A descoberta só foi possível com o auxílio do Very Large Te­lescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), localiza­do no Chile e dedicado justa­mente à pesquisa de exoplane­tas, como são denominados os planetas fora do Sistema Solar.

O planeta recém descober­to foi batizado com o nome Proxima d. Ele orbita a estrela Proxima Centauri a uma dis­tância de cerca de quatro mi­lhões de quilômetros, o que é menos de um décimo da dis­tância entre Mercúrio e o Sol. O planeta orbita entre a estrela e a sua zona habitável – a re­gião em torno da estrela onde pode existir água líquida à su­perfície de um planeta – e de­mora apenas cinco dias a com­pletar uma órbita em torno de Proxima Centauri.

Além de Proxima d, já se sabia da existência de outros dois planetas na órbita de Pro­xima Centauri: um é Proxima b, planeta com uma massa comparável à da Terra que orbita a estrela a cada 11 dias e que se encontra na sua zona habitável, e o planeta candida­to Proxima c, que executa uma órbita mais longa de cinco anos em torno da estrela. Todos eles têm características rochosas.

Proxima b havia sido des­coberto há alguns anos com o auxílio do instrumento HARPS montado no telescó­pio de 3,6 metros do ESO. Esta descoberta foi confirmada em 2020 quando os cientistas observaram o Sistema Proxi­ma com um novo instrumen­to de maior precisão montado no VLT do ESO, o ESPRESSO (Echelle Spectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectros­copic Observations, que em português significa Espectró­grafo Echelle para exoplanetas rochosos e observações espec­troscópicas estáveis).

Foi durante essas observa­ções mais recentes do VLT que os astrônomos detectaram os primeiros indícios de um sinal correspondente a um novo ob­jeto com uma órbita de cinco dias. Como o sinal era tão fra­co, a equipe teve que realizar observações de acompanha­mento com o ESPRESSO para confirmar que era devido a um planeta, e não simplesmente resultado de mudanças na pró­pria estrela.

“Após a obtenção de novas observações, pudemos então confirmar que este sinal cor­respondia a um novo candida­to a planeta”, diz Faria. “Fiquei muito entusiasmado com o de­safio de detectar um sinal tão fraco e descobrir um exoplane­ta tão perto da Terra”.

Com apenas um quarto da massa da Terra, Proxima d é o exoplaneta mais leve já medi­do usando a técnica de velo­cidade radial, ultrapassando um planeta recentemente des­coberto no sistema planetário L 98-59. A técnica funciona captando pequenas oscilações no movimento de uma estrela criada pela atração gravitacio­nal de um planeta em órbita. O efeito da gravidade de Proxima d é tão pequeno que só faz com que Proxima Centauri se mova para frente e para trás a cerca de 40 centímetros por segundo (1,44 km/h).

“Este resultado é extrema­mente importante. Isso mostra que a técnica da velocidade ra­dial tem o potencial de revelar uma população de planetas le­ves, como o nosso, que devem ser os mais abundantes em nos­sa galáxia e que podem poten­cialmente hospedar a vida como a conhecemos”, diz Pedro Fi­gueira, cientista do instrumento ESPRESSO do ESO, Chile, e também pesquisador no Ins­tituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, em Portugal.

A procura de outros pla­netas por parte do ESPRESSO será complementada pelo Ex­tremely Large Telescope (ELT) do ESO, atualmente em cons­trução no deserto do Atacama, que será crucial para descobrir e estudar muito mais planetas em torno de estrelas próximas. A descoberta foi documentada no artigo A candidate short-period sub-Earth orbiting Proxima Centauri, publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

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