Após a chuva atípica que atingiu Ribeirão Preto, no início da madrugada de quarta-feira, 17 de outubro, várias pessoas estão se mobilizando para atender as famílias da favela Cidade Locomotiva, localizada na rua Peru, no Jardim Jóquei Clube, na Zona Norte da cidade. Segundo levantamento da administração municipal, 179 pessoas de 43 famílias do local foram atingidas e estavam desalojadas até esta sexta-feira (19).
Kael Araújo Gonçalves lançou uma campanha para arrecadação de doações através do WhatsApp. Segundo ele, o objetivo é angariar móveis, alimentos e roupas que serão distribuídos posteriormente para as famílias atingidas pelo temporal. “Sempre fiz ações solidárias e acho importante ajudar”, afirma. Ele diz já ter arrecadado itens como geladeira, fogão e roupas, entre outros produtos. Gonçalves garante que para doar basta ligar para o celular dele que o próprio irá buscar as mercadorias doadas. O telefone é (16) 98843-0822.
Ajuda oficial
Desde quarta-feira, a Secretaria Municipal de Assistência Social está atuando na Cidade Locomotiva. Já doou colchões e cobertores e encaminhou algumas famílias para a Casa de Passagem, mas elas só utilizaram o abrigo para a higiene pessoal. A pasta também distribuiu 43 cestas básicas e roupas. Também foram oferecidas 180 refeições e frutas para as crianças. Uma assistente social está na comunidade atendendo a população. A Secretaria de Assistência Social está aceitando doações para as famílias atingidas pela chuva, através dos telefones 3611-6000 ou 161. A Coordenadoria de Limpeza Urbana recebe as solicitações de limpeza pelo telefone 3968-8650.
Em dois dias, temporais e rajadas de vento causaram vários transtornos em Ribeirão Preto. Ruas e avenidas alagaram, vários trechos da cidade foram interditados, veículos boiaram como se fossem botes no locais inundados e semáforos entraram em pane, provocando acidentes de trânsito. Choveu granizo e várias árvores caíram – uma seringueira tombou na avenida Portugal, no bairro Santa Cruz do José Jacques, e 2.300 pessoas ficaram sem energia.
Na Favela da Cidade Locomotiva, onde vivem cerca de 1.600 pessoas de 370 famílias, um dos locais mais afetados pelo temporal que atingiu a cidade na quarta-feira (17), novos pontos de alagamento foram registrados. Os moradores passaram a sexta-feira limpando as casas e tentando recuperar roupas, móveis, colchões e outros produtos. Na quarta-feira, em seis horas, das cinco da madrugada às onze da manhã, choveu o equivalente ao mês inteiro.
O volume de 140 milímetros foi o maior para outubro em doze anos. Houve alagamento em vários bairros de Ribeirão Preto, nas avenidas Doutor Francisco Junqueira, Cavalheiro Paschoal Innecchi com a rotatória Doutor Oscar de Moura Lacerda – o trecho só foi liberado ontem para o tráfego de veículos –, avenida Eduardo Andrea Matarazzo (Via Norte) e até na Rodovia Anhanguera (SP-330).
Na região central da cidade, o Retiro Saudoso transbordou em alguns pontos. Também houve alagamentos e enxurradas em ruas do Centro, do Jardim Paulista e do Parque São Sebastião, na Zona Leste, e na Vila Elisa, na Norte. A maioria das famílias da Cidade Locomotiva voltou para a favela na noite de quarta-feira, apreensivas. Outra parte foi para o Parque Permanente de Exposições, o antigo recinto da Feapam.
Com o apoio de 18 viaturas (carro/moto), 19 agentes civis de trânsito intensificaram o apoio em 14 pontos de alagamentos da cidade. Ao todo, a operação usou 66 cavaletes para bloqueios e desvios. Além disso, a empresa prestou suporte em onze registros de intercorrência na malha asfáltica, uma retirada de galho na via, dois apoios em veículos com falha mecânica em via pública. Outro destaque foi o apoio no desvio do trânsito da avenida Dom Pedro I, devido a um acidente de uma carreta na avenida Capitão Salomão.
Também registrou 26 ocorrências de cruzamentos com semáforos inoperantes na região Norte, principalmente nos bairros Ipiranga e Campos Elíseos. Na região Central/Oeste houve dez registros de cruzamentos com semáforos desligados por causa da chuva. Na região Leste, nos bairros Jardim Paulista e Ribeirão Verde, a equipe do setor de sinalização semafórica registrou oito casos de instabilidade nos cruzamentos. A Transerp informa que todos os semáforos que apresentaram instabilidade já retornaram ao funcionamento.