Tribuna Ribeirão
Política

Deputado do PSL chama Bolsonaro de ‘vagabundo’

ANTONIO CRUZ/AG.BR.

Na manhã desta quinta­-feira, 17 de outubro, o gru­po do Partido Social Liberal (PSL) ligado a Jair Bolsonaro sofreu uma dura derrota com a consolidação do deputa­do Delegado Waldir (PSL­-GO) como líder da bancada na Câmara. A estratégia de protocolar duas listas com um pedido de destituição de Waldir e a nomeação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo falhou.

Bolsonaro havia atuado pessoalmente para tentar der­rubar Waldir e emplacar o filho como líder da bancada. Em áudio vazado, ele pediu a parlamentares da sigla que as­sinassem a lista para destituir o deputado e apoiassem o nome do seu filho para o posto. O pe­dido foi gravado por um depu­tado não identificado.

Do outro lado, Delegado Waldir (PSL-GO) afirmou, em reunião interna da ala ligada ao presidente do partido, Luciano Bivar (PE), que vai “implodir” o presidente Jair Bolsonaro. “Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Não tem conversa. Eu implodo ele. Eu sou o cara mais fiel. Aca­bou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu andei no sol em 246 cidades para de­fender o nome desse vagabun­do”, afirma Waldir.

Logo em seguida, alguém não identificado o alerta: “Cuidado com isso, Waldir.” À noite, ele recuou e disse não ter “nada” para usar con­tra o presidente Jair Bolsona­ro. Afirmou também querer “pacificar” a bancada do par­tido. Na reunião, ocorrida no fim da tarde no gabinete da liderança do PSL na Câma­ra, deputados relataram que estavam sendo pressionados por Bolsonaro a assinar uma lista para destituir Waldir e apoiar o nome de Eduardo como líder da bancada.

Dois parlamentares rela­taram ter recebido os pedidos em reunião com o próprio presidente no Palácio do Pla­nalto. “Os meninos chegaram lá e o presidente disse: ‘Assina se não é meu inimigo’”, diz uma das presentes. “Eu não consegui não assinar”, res­ponde o deputado Luiz Lima (PSL-RJ). O deputado Loester Trutis (PSL-MS) também diz ter sido pressionado.

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) admitiu ter gravado a reunião da bancada do PSL em que o líder do partido chama Jair Bolsonaro de “vagabundo” e fala que vai “implodir o pre­sidente”. De acordo com o par­lamentar, o objetivo foi “blin­dar” o presidente 0na guerra declarada contra Bivar. “Era uma estratégia pensada. Eu, Carlos Jordy (PSL-RJ), Eduar­do Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF). Todo o grupo do Jair para gente poder blindar o presidente”, afirmou Silveira.

De acordo com o parla­mentar, a estratégia foi pen­sada em reunião de Bolsona­ro com 20 deputados da qual participou na quarta-feira (16), por volta das 16 horas, no Palácio do Planalto. Lá, eles iniciaram o plano de se infiltrar no grupo de parla­mentares ligados a Bivar. O áudio mostra ainda o presi­dente da Comissão de Cons­tituição e Justiça (CCJ), Felipe Franceschini (PSL-PR), admi­tindo o movimento do pre­sidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para fundir o PSL e o DEM. O presiden­te da CCJ diz que não quer que aconteça, mas, para isso, a bancada deveria mostrar maior unidade em defesa do PSL e do presidente do parti­do, Luciano Bivar.

O PSL tem, hoje, 53 de­putados e o DEM, 27. Juntos, teriam 80 deputados e se tor­nariam a bancada mais forte da Câmara. De acordo com Franceschini, o movimento de fusão está sendo alimentado por Maia. “Eles querem juntar os dois fundos (partidários). Fazer um partido com 100 de­putados para a reeleição dele”, afirmou Franceschini.

Os filhos do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputa­do Eduardo Bolsonaro, foram destituídos dos comandos dos diretórios do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. Segundo o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), ambos foram desligados nesta semana. Des­de segunda-feira (14), Eduardo não tinha mais acesso ao sis­tema do partido e que haviam lhe tirado uma senha que pos­sibilitava a ele operar o sistema da legenda. O presidente do partido, Luciano Bivar, no en­tanto, disse que ainda não assi­nou as destituições. “Está tudo em processo lá no partido, mas não assinei nada”, afirmou.

As destituições são mais um capítulo da crise interna do partido que opõe parla­mentares que apoiam Bivar aos aliados do presidente da República. O presidente Bol­sonaro retirou nesta quin­ta-feira a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) da liderança do governo no Congresso. O substituto no cargo será o senador Eduar­do Gomes (MDB-TO). Ele é vice-líder do governo no Se­nado atualmente.

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