A adolescente P.C.S.C. de 14 anos, que saiu de sua casa no Parque Ribeirão Preto, Zona Sudoeste da cidade, em 28 de novembro do ano passado, entrou em contato com a mãe na madrugada de 7 de junho pedindo ajuda para retornar. Ela estava em São Paulo. Segundo informações da família, um casal teria ligado informando que a garota – que eles não conheciam – queria falar com familiares em Ribeirão Preto.
Na última sexta-feira (8), a mãe Verônica Silva do Nascimento foi ao encontro da filha e a trouxe para casa. A garota precisava do dinheiro da passagem porque estaria “cansada de aventuras”. A jovem disse aos policiais civis que, em novembro, teria estado em uma praça no Parque Ribeirão Preto, quando decidiu que queria viajar, conhecer novos ares.
Quando a adolescente desapareceu, a mulher registrou boletim de ocorrência porque suspeitava que o sumiço teria origem na ação criminosa de uma quadrilha de escravidão sexual de menores que atuaria no Estado de São Paulo. A persistente luta dos familiares da menina em localizá-la, com postagens de “recompensa” sobre seu paradeiro em redes sociais, resultou na denúncia de “cativeiro” de jovens menores de idade, em casas de prostituição na capital paulista.
Verônica Silva do Nascimento relatou que depois de procurar em todas as situações possíveis, uma irmã da menor postou, em rede social, que uma informação verdadeira sobre a adolescente seria recompensada com pagamento de R$ 10 mil. Nos primeiros dias nada aconteceu. Depois, uma pessoa entrou em contato dizendo que não queria nada, apenas ajudar, porque a menina estava em cárcere privado.
A delegacia de Polícia Civil de Guaianases, na Zona Leste da capital, foi informada e procurou a menor no endereço que a denunciante havia indicado, mas a garota não foi encontrada. Na ocasião, a informante teria enviado mensagens no WhatsApp de Verônica Nascimento informando que “o acordo” entre as partes não poderia envolver a polícia.
“Já que você chamou a polícia, agora o problema é seu”, teria escrito na mensagem. Segundo Verônica Nascimento, menores estavam no endereço averiguado e algumas pessoas foram detidas. Ela soube, pela vizinhança, que sua filha esteve por lá, mas por pouco tempo. Teria sido levada para uma casa em Itaquera, na mesma região, sem mais detalhes.
“Você nunca mais vai ver sua filha”, foi que ela ouviu da pessoa com quem mantinha contato pelo WhatsApp. Semanas após o último contato, um homem enviou mensagem informando que a filha seria “transferida” para o Estado da Bahia. A mãe implorou para resolver a situação e resgatar a menina, quando ficou sabendo que teria que pagar R$ 8 mil para tê-la de volta.
A resposta foi afirmativa, em parcelas. A negociação, com a mãe já na capital paulista, foi interrompida. O interlocutor teria comunicado que a conversa estava encerrada porque a família havia registrado boletim de ocorrência. A adolescente fará exames médicos nesta quarta-feira (13), sob recomendação da Polícia Civil de Ribeirão Preto.