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Denúncia contra Villela deve ser arquivada

A Câmara de Ribeirão Preto deve arquivar a segunda denún­cia contra Waldyr Villela (PSD), vereador afastado do Legisla­tivo desde 11 de agosto do ano passado e que agora virou réu na ação penal que tramita na 5ª Vara Criminal de Ribeirão Pre­to. O novo pedido de cassação do mandato do parlamentar foi apresentado em maio pela ad­vogada Taís Roxo da Fonseca, do departamento jurídico do Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), mas não deve sequer ser anali­sado pelo Conselho de Ética da Casa de Leis.

O presidente do Conselho de Ética, Otoniel Lima (PRB), diz que, após uma primeira análise do caso, considerou a denúncia do PSOL exatamente igual à primeira, que deu entra­da na Câmara no ano passado por iniciativa de um advogado e motivou uma comissão de in­vestigação. Depois de diversas audiências, com depoimentos de quase 20 testemunhas, o pro­cedimento foi arquivado.

“Não temos como julgar algo que já foi julgado e arqui­vado”, explica Otoniel Lima. Ele conta que a denúncia foi repas­sada para os assessores jurídicos dos gabinetes dos cinco verea­dores que integram o Conselho de Ética – além dele, estão na co­missão André Trindade (DEM), Marinho Sampaio (MDB), Maurício Vila Abranches (PTB) e Jorge Parada (PT). “Pedimos uma análise jurídica. Se for uma denúncia igual à anterior, não restará o que fazer a não ser ar­quivar. Se houver na denúncia algum fato novo, pode ser obje­tivo de apuração”, destaca.

O presidente do Conselho de Ética marcou reunião para a próxima quinta-feira, 14 de junho. “Estipulamos esse prazo para que nossa assessoria jurí­dica nos dê uma posição a res­peito do teor da denúncia, se é a mesma de antes ou se tem algo novo”, finaliza. Na de­núncia, o PSOL também pede a suspensão do subsídio que o vereador recebe todo mês – ele foi à Justiça para garantir a remu­neração, apesar de não exercer a atividade legislativa.

Waldyr Villela (PSD) conti­nua a receber o subsídio mensal de R$ 13.809,95 pago pela Câ­mara por ordem judicial. Desde que foi proibido de entrar na sede do Legislativo, o parlamen­tar embolsou mais de R$ 130 mil. A Câmara gastou o dobro, pois paga o mesmo salário ao suplen­te Ariovaldo de Souza, o “Dadi­nho” (PTB). A Mesa Diretora da Casa de Leis chegou a anunciar a suspensão do pagamento, mas Villela recorreu e obteve liminar judicial que lhe garante o recebi­mento até o final do processo. O advogado do vereador, Regis Ga­lino, garante que o pagamento é legal e garantido por liminar.

Investigado pela Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Espe­cial de Repressão ao Crime Or­ganizado (Gaeco), Villela virou réu na ação penal que tramita na 5ª Vara Criminal de Ribeirão Preto e responderá por três dos cinco crimes de que é acusado – exercício ilegal da medicina (artigo 282 do Código Penal), de atividade proibida (205) e pecu­lato (312) – aproveitar-se de car­go público em benefício próprio ou de terceiros.

A Justiça de Ribeirão Preto também bloqueou os bens de Waldyr Villela, que está em seu quarto mandato de vereador. Ele também é acusado corrupção passiva e ativa (artigos 317 e 333) e associação criminosa (288), mas não foi pronunciado por esses crimes. A acusação de pe­culato envolve desvio de função de assessores lotados em seu ga­binete e pelo uso do carro oficial da Câmara no serviço que Ville­la prestava no ambulatório que mantinha na rua Romano Coró, no Parque Industrial Tanquinho, na Zona Norte da cidade, onde funcionava a Sociedade Espírita André Luiz.

Ele também foi denunciado por prática ilegal da medicina porque, apesar de ser formado em odontologia, atuava como médico no centro espírita, se­gundo a denúncia do Gaeco e as investigações da Polícia Civil – ele admitiu que aviava receitas e realizava pequenas cirurgias em 2011, quando assumiu o pri­meiro mandato, em entrevista ao Tribuna. No entanto, no passado, depois que a força-tarefa recolheu medicamentos e documentos no ambulatório, negou tudo e dis­se que apenas fornecia remédios com prescrição médica.

Também foi denunciado por atividade proibida com infração administrativa porque o ambu­latório em que fazia os atendi­mentos não tinha o aval da Di­visão de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde. Dois ex-assessores de seu gabi­nete, Solange Moreira de Mat­tos e José Luiz Lomastro, tam­bém se tornaram réus porque a investigação do setor de inteli­gência da Polícia Civil apontou que os dois assinavam a ficha de ponto da Câmara mesmo prestando serviços no ambulató­rio do parlamentar – falsificação de documento (artigo 299 do Código Penal).

Já o bloqueio dos bens foi requisitado pelos promotores do Gaeco para garantir que, em caso de condenação, o parla­mentar possa ressarcir os cofres públicos. O advogado de Waldyr Villela, Regis Galino, garante que vai provar a inocência de seu cliente, mas diz que o processo tramita em segredo de Justiça e só vai se manifestar perante o ju­ízo da 5ª Vara Criminal.

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