Ribeirão Preto não enfrenta epidemia de dengue há dois anos, desde 2016, quando 35.043 pessoas foram vítimas do Aedes aegypti – mosquito transmissor da doença, do zika vírus, da febre chikungunya e da amarela na área urbana –, mas os números constatados em 46 dias de 2019 preocupam as autoridades, principalmente porque um novo sorotipo, o vírus tipo 2, ainda mais forte, já circula no município.
Segundo o último Boletim Epidemiológico, divulgado nesta sexta-feira, 15 de fevereiro, pela Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ribeirão Preto registrou 197 casos de dengue entre 1º de janeiro e 15 de fevereiro deste ano, 115 a mais do que os 82 do primeiro bimestre inteiro de 2018, alta de 140,2%. Grande parte é do sorotipo 2, que é mais forte e contra o qual a população não está imune. Há ainda 1.354 ocorrências sob investigação.
O número de vítimas do Aedes aegypti na cidade nestes 46 dias de 2019 representa 80% do total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 246 ocorrências, número exatamente igual ao do período anterior, os volumes mais baixos registrados nos últimos doze anos. Em 2017, das 246 pessoas picadas pelo vetor, 81 moram na Zona Leste, mais 64 na Oeste, 49 na Norte, 35 na Sul e 17 na Central.
Neste ano, são 80 na Zona Leste, mais 51 na Oeste, 24 na Norte e outros 24 na Central, 14 na Zona Sul e quatro sem identificação do distrito. O segundo menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179).
O secretário Municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, afirma que embora o número de casos tenha aumentado com relação ao mesmo período do ano passado, o índice é menor que de outras cidades da região, mas é preciso ações efetivas e a conscientização da população para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti e o avanço da doença.
“Isso se deve graças ao serviço desenvolvido pelas nossas equipes, contudo, com o fluxo migratório diário que temos na cidade, nós temos chance de aumentar o número de casos nos próximos dias. Portanto, mais uma vez estamos aqui para reforçar que, além das nossas atividades, precisamos muito da participação da população limpando sua própria casa”, esclarece o secretário.
A Secretaria Municipal da Saúde constatou aumento de 175,5% no número de vítimas do Aedes aegypti em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018. Saltou de 45 para 124, acréscimo de 79 pacientes. Em 15 dias de fevereiro, a alta chega a 97,3% – passou de 37 para 73 neste mês, aporte de 36 registros. Em 2017, foram 16 no primeiro mês do ano e 14 no segundo. Em 2016, na última epidemia, as autoridades sanitárias constaram 9.346 vítimas em janeiro e 13.319 em fevereiro.
Segundo o mais recente Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), o índice de infestação predial (IIP), que mede a quantidade de criadouros do Aedes aegypti em Ribeirão Preto é de 2,7%, e a cidade está em alerta contra o vetor. Significa que a cada 100 imóveis, quase três têm focos do inseto. No levantamento de junho a situação era bem pior e o município estava no grupo de risco, com IIP de 5,3%. Fechou 2017 em alerta. Na época, o índice estava em 1,3% – inferior ao de 2016, de 1,6%.
A Secretaria Municipal da Saúde pede à população para não relaxar, evitar água parada e eliminar os criadouros do vetor, principalmente agora, na época das chuvas. No ano passado foram 45 casos em janeiro, 37 em fevereiro, 28 em março, 42 em abril, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, quatro em novembro e 15 em dezembro.
Já para a chikungunya, um caso foi confirmado em janeiro deste ano. Em 2018, Ribeirão Preto atendeu oito pessoas com a febre transmitida pelo Aedes aeghypti – uma em março, uma em abril, uma em maio, outra em junho, uma em agosto, uma em setembro e duas em outubro. No entanto, fechou 2017 com aumento de 344,4%. Os dados mostram que o total saltou de nove para 40, com 31 pacientes a mais em relação a 2016. Neste ano não há casos de zika vírus, microcefalia, febre amarela e gripe suína (nenhuma vítimas dos vírus da influenza, como o H1N1 e o H3N2).
Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 246 casos
2019 – 197 casos
* O ano está só começando
Saúde promove mutirão do Dia ‘D’
A Secretaria Municipal da Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento, promoverá neste sábado, 16 de fevereiro, considerado o Dia “D” de Combate à Dengue, arrastão de limpeza nos Jardim Maria Casa Grande Lopes, Parque dos Pinus, Heitor Rigon e Orestes Lopes de Camargo, na Zona Norte, com o objetiovo de eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
A ação terá início às 7h30, com previsão de término às 13 horas, e envolverá aproximadamente 100 funcionários da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde, com o suporte de 12 caminhões e 15 viaturas. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da pasta, Luzia Marcia Romanholi Passos, ressalta que essas ações de mobilização promovidas pela prefeitura, aliadas à conscientização da população, são os únicos caminhos para evitar as doenças que o mosquito transmite.
“Pedimos às pessoas que ajudem nessa mobilização e já se preparem, que deixem separados somente o que são considerados os possíveis criadouros do mosquito para que possamos recolher com agilidade. A conscientização das pessoas é muito importante, além da coleta do material, orientamos a população sobre os riscos em deixar água parada nessa época de chuva, o que contribui para o aumento de proliferação do mosquito”, orienta. Somente serão retirados recipientes que podem servir como potenciais criadouros do mosquito.