Uma jovem de 26 anos morreu vítima de dengue hemorrágica, em Ribeirão Preto, no último sábado, 2 de maio. Ela estava internada no Hospital Santa Lydia desde quarta-feira, 29 de abril, quando foi constatada a gravidade da doença. A paciente J.M.L.J. também apresentava quadro de síndrome respiratória aguda grave (Srag) e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aguarda o resultado do exame para confirmar se a mulher foi infectada pelo novo coronavírus.
Segundo nota da secretaria, “a paciente J. M. L.J. foi atendida em 28 de abril – a hipótese diagnosticada na data não foi de dengue. Paciente passou por atendimento, foi medicada, liberada e orientada a retornar em caso de não melhora ou piora. Novamente atendida em 29 de abril, já com quadro de dengue grave, foi imediatamente regulada para o Hospital Santa Lydia”, informa.
Ainda segundo a Secretaria da Saúde, de acordo com o atendimento médico prestado à paciente, “não havia nada relacionado a covid-19, tampouco apresentava sintomas respiratórios associados à doença. Em casos de pacientes que apresentarem sintomas da doença, é colhido material para exames que não são feitos na unidade de saúde”, diz.
No entanto, o comunicado diz que a jovem apresentou exame positivo para dengue, e como evoluiu para insuficiência respiratória aguda grave – principal sintoma de covid-19 –, “não se descarta, neste caso, a presença de coronavirus também ou concomitante. De toda forma, o material para exame de covid-19 foi coletado , mas ainda sem resultado. Isso justifica a abordagem dada a paciente e todos os procedimentos protocolares”, explica.
A secretaria informa ainda que “pacientes com sintomatologia respiratória ou dessaturação são identificados ainda na fila para recepção nas unidades de saúde da cidade, se presentes os sintomas, seguem fluxo diferenciado para local de atendimento a pacientes suspeitos de covid-19, recebem máscara, higienização adequada e orientação, passam por atendimento médico em local separado, colhem exames e são medicados em separado dos demais pacientes. Todas unidades de saúde da cidade possuem fluxo específico pro atendimento de casos suspeitos.”
Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Em 2020, com a morte da jovem M.J.L.J., no sábado, já são quatro vítimas fatais, mas um caso é importado.
A menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, faleceu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas a infecção ocorreu em São Simão. Em fevereiro, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito. Foi o primeiro caso de autóctone de morte na metrópole.
Ainda em fevereiro, Ribeirão Preto registrou o segundo caso autóctone de morte por dengue hemorrágica. Laurindo de Felippo, um senhor de 72 anos que estava internado havia três dias na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), não resistiu. Segundo o Boletim Epidemiológico do Departamento de Vigilância em Saúde, oito óbitos ainda estão sob investigação e aguardam o resultado de exames.
Ribeirão Preto acumula 135.464 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em pouco mais de onze anos, desde 2009. O número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior. Um estudo divulgado pela Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados. Neste caso, o número de infectados pode chegar a 541.856 pessoas em onze anos.