A Secretaria Municipal da Saúde anunciou nesta quinta-feira, 7 de abril, em coletiva de imprensa na sede da pasta, que o Índice Predial (IP) da dengue em Ribeirão Preto está em 4,4 neste primeiro trimestre do ano – a cada 100 imóveis vistoriados pelos agentes de controle de vetores, mais de quatro têm focos do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana –, ou 4,4%.
O levantamento do índice larvário foi elaborado pela Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde. A situação preocupa as autoridades sanitárias. O Índice de Breteau (IB), por exemplo, indica que há seis focos do mosquito da dengue em cada um dos locais com criadouros. Oitenta por cento dos focos de dengue estão em imóveis residenciais, por isso, a conscientização da população é fundamental.
“A vigilância vem trabalhando ininterruptamente, de segunda a sábado. Tudo o que é possível fazer, estamos fazendo, mas é fundamental que as famílias vistoriem e eliminem água parada em suas residências pelo menos uma vez por semana”, diz Maria Lúcia Biagini, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde.
“Estamos em uma situação perigosíssima, podemos entrar numa forte transmissão de dengue. Precisamos da participação da população porque o governo não dá conta de resolver tudo”, emenda. Em 2022, já foram visitados 81 mil imóveis em Ribeirão Preto e encontrados focos do Aedes aegypti em doze mil, quase 15%.
“Precisamos conter essa contaminação e o trabalho da secretaria está sendo feito, mas não é o suficiente. A conscientização da população eliminando focos de água parada é fundamental para contermos o número de casos, pessoas doentes e até mortes”, alerta o secretário municipal da Saúde, José Carlos Moura.
Segundo a Vigilância Ambiental em Saúde, há 520 pontos estratégicos cadastrados e que são constantemente vistoriados por causa do risco do desenvolvimento de criadouros. As equipes também monitoram empresas de grande porte, e o número de focos encontrados nos dois grupos é motivo de alerta.
Maria Lúcia Biagini diz que já foram feitas 1.101 visitas a esses pontos estratégicos. Na lista estão grandes borracharias e desmanches. Foram encontrados 4.754 focos apenas nesses locais. “Nós temos 548 imóveis especiais, que são de grande porte, comerciais, onde circulam muitas pessoas e que pode circular o vírus. Já fizemos 336 visitas, com 739 focos encontrados”, afirma.
A chefe da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, Denise Giomo, diz que o vírus em circulação na cidade é o sorotipo 1. Os sintomas mais comuns são febre alta, dores de cabeça e atrás dos olhos, perda de apetite, manchas vermelhas na pele, cansaço, dores no corpo. Não há tratamento específico para a doença, mas os médicos receitam analgésicos e antitérmicos para aliviar os sintomas dos pacientes.
Por isso, o controle do mosquito é a prevenção mais eficaz contra a dengue. O diagnóstico pode ser feito apenas com o exame clínico ou com a sorologia. Este último, porém, só é realizado após o sexto dia do início da doença. Na rede municipal, segundo José Carlos Moura, estão disponíveis testes NS1, que pesquisam antígenos no organismo do paciente. “A saúde está preparada, todos os protocolos foram revistos tanto no acolhimento das unidades como na emergência”, diz.
“A cidade está preparada com os exames NS1 para identificar os pacientes que procuram o serviço para a positividade da dengue. Duas coisas facilitam: o tratamento dos pacientes, seguindo as condutas necessárias, e o monitoramento da área de vigilância em saúde que promove visitas aos locais, eliminação de criadouros.”
Casos de dengue já superam os de 2021
O número de casos de dengue no primeiro trimestre de 2022, em Ribeirão Preto, representa mais que o dobro do total de 2021. Entre 1º de janeiro e 31 de março, a cidade contabiliza 722 vítimas do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela na área urbana –, contra 359 de todo o ano passado. São 363 a mais e alta de 101,1%.
A média de infecções no trimestre chega a oito pacientes por dia na cidade. Em março, esta taxa sobe para 16. Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal da Saúde na quarta-feira (6), Ribeirão Preto começou 2022 com 51 casos em janeiro, em fevereiro este número saltou para 181 e em março disparou para 490, média de quase 16 por dia no mês passado e alta de 170,7% na comparação com o anterior, 309 a mais.
Trimestre
Também é 842,3% superior do que as 52 ocorrências de março de 2021. São 438 a mais. Na comparação entre os trimestres, a alta em Ribeirão Preto chega a 533,3%. São 608 vítimas do Aedes aegypti a mais que as 114 do mesmo período do ano passado.
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade. O trabalho das equipes da Divisão de Vigilância Ambiental é desenvolvido durante o ano todo, mas é fundamental a conscientização e ajuda da população no combate à proliferação do mosquito que transmite a dengue.
Mortes
Não há mortes por dengue este ano na cidade, e em 2021 também não foi registrado óbito. Em 2020, ocorreram onze fatalidades, mas um caso era importado de São Simão. No total oficial, Ribeirão Preto fechou 2020 com dez ocorrências fatais, sete a mais do que os três falecimentos de 2019, alta de 233,3%. O número de dez mortos pelo Aedes aegypti é o maior em pelo menos seis anos (desde 2016).
Antes de 2019, a cidade não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus. A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue foi há quase dois anos, desde a primeira metade de 2020, a sexta em onze anos.
Faixa etária
Em 2022, as pessoas com idade entre 20 e 39 anos lideraram com 262 ocorrências, seguidas por quem tem entre 40 e 59 anos (193), crianças e adolescentes de 10 a 19 anos (100), idosos de 60 anos ou mais (95), crianças de 5 a 9 anos (51), de 1 a 4 anos (17) e menos de um ano (quatro). Em 2022 são 250 na Zona Sul, 233 na Leste, 107 na Norte, 82 na Central e 40 na Oeste, além de dez registros sem identificação de distrito.