Ribeirão Preto ultrapassou o total de casos de dengue registrado em 2022. As 8.140 ocorrências de 2023 estão 8,77% acima das 7.483 do ano passado. São 657 vítimas do mosquito Aedes aegypti – vetor da doença, do zika vírus e da febre chikungunya – a mais. A situação preocupa porque os dados compreendem um período de apenas cinco meses, entre 1º de janeiro e 31 de maio.
A cidade já enfrenta nova epidemia. A Secretaria Municipal da Saúde também confirmou mais uma morte em decorrência da doença, a quarta em 2023. Os dados do painel da pasta mostram que o município soma 2.169 casos a mais que os 5.971 dos cinco primeiros meses do ano passado, alta de 36,32%. A média em 2023 é de incríveis 54 por dia, um a cada 27 minutos. Em uma semana foram confirmadas mais 704 vítimas do vetor.
Ribeirão Preto fechou 2022 com 20 ocorrências diárias, em média. Ainda há 16.917 em investigação. O volume de chuva bateu recordes no município no verão e início de outono. Somado à falta de atenção e cuidado da população, propiciou o surgimento de criadouros e a proliferação do mosquito Aedes aegypti. São 1.117 casos de dengue em maio, contra 2.215 do mesmo período do ano passado, 1.098 a menos, recuo de 49,6%.
Em relação a abril deste ano, que soma 3.210 casos, a queda chega a 66,20%. São 2.093 a menos. O município teve 398 em janeiro, 897 em fevereiro e 2.518 em março. O número de casos de dengue no ano passado, em Ribeirão Preto, é 20 vezes superior ao total de 2021 inteiro.
Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, a cidade contabilizava 7.483 vítimas do mosquito Aedes aegypti, contra 360 de 2021. São 7.123 a mais em 2022 e alta de 1.979%. A média de infecções no ano passado foi de 20 pacientes por dia na cidade, quase um por hora. Os números mudam toda semana.
Alerta
O aumento de casos da doença acende o sinal de alerta na cidade, ainda com volume de chuva bem acima da média para o período. Em 2021, o número de casos despencou em Ribeirão Preto, na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, em 2020 foram registrados 17.606. Ou seja, a queda é de 98%, ou 17.246 a menos.
Faixa etária
A última vez que Ribeirão Preto declarou epidemia de dengue havia sido há três anos, na primeira metade de 2020, a sexta em pouco mais de uma década. Na época, a média diária de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti em 365 dias foi de 48, duas por hora.
Neste ano, das 8.140 vítimas, 2.760 pessoas têm entre 20 e 39 anos, outras 1.994 estão na faixa dos 40 a 59 anos, 1.369 estão entre 10 e 19 anos, 1.031 têm mais de 60 anos, 700 são crianças de 5 a 9 anos, 246 têm entre 1 e 4 anos e 40 são bebês com menos de 1 ano de idade. São 3.130 casos na Zona Leste, 1.606 na Oeste, 1.235 na Norte, 1.099 na Sul e 936 na Central, além de 134 sem identificação de distrito.
Chikungunya
Em 14 anos, Ribeirão Preto já registrou 156.973 casos de dengue, mas este número pode ser quatro vezes superior – de 627.892. Em 2021, Ribeirão Preto também teve dois casos de febre chikungunya importados da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, e Goiânia, capital do Estado de Goiás. Em 2022 foram cinco ocorrências, quatro importadas. Neste ano são 33 casos, dez importados.
Não há casos de zika vírus e febre amarela em 2021, 2022 e neste ano. Em 2019, a cidade registrou 79 casos de sarampo. Em 2020, mais quatro, totalizando 83 desde então. Não há ocorrências nos três últimos anos. Oitenta por cento dos focos de dengue estão dentro das casas da cidade. A prefeitura tem realizado vários mutirões para recolher criadouros do vetor, mas a população tem de colaborar.
A Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde tem visitado móveis e realizado mutirões em todas as regiões da cidade, orientando moradores sobre o risco de deixar a céu aberto recipientes que possam acumular água e servir de criadouro do Aedes Aegypti, além de recolher material inservível. Porém, para acabar com a dengue a população tem que colaborar.